quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A importância da relação entre família e escola

Silvana Sandri

Seduc\MT
sexta-feira, 20 de julho de 2012


A necessidade de uma maior clareza sobre a responsabilidade e alcance da escola na formação da criança tem favorecido muitas discussões por parte dos educadores. Isso porque existe, uma grande transferência de papéis e funções que são próprios da família para a escola. Na modernidade, a família apresenta uma enorme falta de tempo para conviver, interagir, dialogar, enfim, fazer-se presente junto aos seus filhos. E, isso precisa mudar, a fim de que família e escola possam cumprir integralmente a sua função social. Por ser uma questão complexa e na tentativa de minimizar esses problemas e cumprir o seu papel social, a escola procura manter uma parceria com as famílias. Isso decorre da compreensão de que o processo formativo integral pressupõe a participação efetiva tanto da escola quanto da família.

Quando se fala em educação, cabe uma reflexão à respeito dos deveres da família, escola, comunidade, enfim, sociedade em geral.A intervenção conjunta é a que melhor atende aos interesses de todos, posto que cada um, dentro da sua especificidade, procure desempenhar sua função de educador.

A escola deve desempenhar não o papel de educar o aluno, dar a educação que seus pais deveriam dar. Seu papel é criar um bom relacionamento com os pais dos alunos e conscientizá-los da importância da união entre a escola, o pai e a mãe para a educação de seus filhos. A importância deste tipo de união é percebida no momento em que estes três elementos cobram do aluno/filho o mesmo padrão de conduta, ou seja, eles devem ser bem tratados na escola, mas também receber punições e gratificações conforme seu comportamento, isto tudo com o respaldo dos pais, e as crianças sabe que seus pais aprovam esta posição e, ainda, tem a mesma posição dentro do ambiente familiar.

Os pais precisam ter conhecimento da importância que se tem que dar a educação de seus filhos. Existem certas coisas que podem ser substituídas, outras
não podem ser por hipótese nenhuma: a educação familiar, que deve ser dada pelos pais, e, somente eles podem dar, bem como a educação escolar, que pode ser oferecida e proporcionada somente pela escola. Quando se fala em educação, pensa-se logo na escola, mas, no processo educacional ocorre que, as razões que levam o aluno a progredir tanto na escola quanto na sociedade podem estar centradas na própria família.

As famílias estabelecem fundos de conhecimento diversos, de acordo com sua própria história. São conhecimentos construídos na esfera das relações sociais, ensinados/aprendidos na atividade produtiva mediante os intercâmbios que produzem contextos onde a necessidade de aplicação e aquisição dos conhecimentos facilita estruturas de aprendizagem com ajuda. (BOURDIEU, 1998: 26).

Isso implica dizer que a família tem a responsabilidade de transmitir conhecimentos a partir da história devida o qual a criança faz parte aproveitando os laços de afetividade que dão facilidade pra que se construa uma aprendizagem significativa.
A participação da família na vida escolar da criança é de grande importância para o desenvolvimento da aprendizagem.

As escolas hoje fornecem refeições e serviço de creche, além de terem uma participação direta no ensino de habilidades até então reservadas tradicionalmente à família e a igreja – de aulas de direção a educação sexual, de natação e higiene pessoal. (SCHARGEL, 2002: 8)

Dessa forma, os profissionais da educação realizam as tarefas que deveria ser conferida à família, os educadores agem como pais substitutos, além de exercer o papel de médico, psicólogo, dentre outros.

A maioria das famílias é vista como uma instituição carregada de problemas, tanto financeiros quanto afetivo, mas, se esta procurasse mais a escola e se interessasse mais pelo saber da criança, talvez seria possível ter uma aprendizagem de maior qualidade.
Para muitos pais ou responsáveis, a escola nada mais é do que uma instituição social, que traz possibilidades de um futuro melhor aos seus filhos, por haver esta compreensão, e, uma certa confiança nos educadores, os pais acabam esquecendo de suas obrigações, e, mesmo tendo a consciência da importância que os estudos tem na vida, conforme a situação que a família enfrenta, os próprios pais tiram os filhos das escolas.

Afamília é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do engajo familiar ou da forma como vem se estruturando. (KALOUSTIAN, 1988: 68)

Segundo o autor, é a família que propicia os suportes afetivos e sobretudo materiais, necessários ao desenvolvimento e bem estar dos seus componentes. Ela representa um papel decisivo na educação informal e formal, é em seu espaço que são absolvidos os valores morais e humanitários. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais e os laços de solidariedade.

Em suma, pode-se dizer que as crianças que têm o envolvimento da família em sua vida escolar têm grandes desenvolvimentos em seu potencial de aprender. Já aquelas que a família não acompanha estão constantemente sem motivação e na maioria das vezes possuem um baixo rendimento escolar ou um comportamento fora dos padrões da turma, indicando que provavelmente exista uma associação direta entre o envolvimento da família e seu arranjo enquanto organização social e o desempenho da criança ou adolescente na escola.

Para que as crianças tenham sucesso na sala de aula e na vida, não basta garantir-lhes uma vaga na escola, é necessário muito mais que isso.

É necessário que a família seja convocada a trabalhar e lutar pela criação de condições que venham contribuir para que cada uma criança, que, passa pela escola, tenha sucesso tanto na sala de aula quanto na vida.

A ação da família é, no entanto, uma ação complementar à da escola e a ela subordinada, porque se desconfia da competência da família para o bem educar, na verdade, no mais das vezes, afirma-se que a família não consegue mais educar os seus filhos. A esse respeito, o grande problema visto pelos educadores, é que os pais não se mostram interessados em participar da escola, pois dela também se sentem afastados.

A escola deve, não só reconhecer que o aluno realiza conexões dos conhecimentos adquiridos na família, e faz deles sua referencia no intuito de compreender e estabelecer suas relações com os conteúdos curriculares, mas também implementar ações subsidiadas em tais conexões. Não é somente a criança que é afetada pela visão estanque dos conhecimentos e experiências adquiridas fora da escola, mas também pais e professores, que sentem esta ruptura e isolamento, tendo como conseqüência o prejuízo das relações interpessoais e da própria aprendizagem do aluno. (LOPEL, 2002: 39)

Para este autor, a escola deve procurar integrar os conhecimentos que a criança traz de casa, nos conteúdos escolares, podendo assim, facilitar o desenvolvimento da aprendizagem já que, o aluno estará estudando a partir de situações concretas por ele vivenciadas.

Isso posto, cabe tanto a escola quanto a família analisar acerca de suas aproximações, diante da necessidade de um trabalho em parceria em prol da educação dos filhos e alunos.

A família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. Sendo assim, uma educação bem sucedida da criança na família é que servirá de apoio a sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando se tornar adulto. No desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas, a família sempre será a influencia de maior poder.

Formar, educar o cidadão para a vida não é um trabalho simples. Quanto maior for a parceria e a solidariedade entre escola e comunidade na identificação de valores éticos, na definição de objetivos e na consolidação de um projeto pedagógico, maior será a possibilidade de oferecer aos alunos um ambiente onde desenvolvam suas potencialidades.

Ainda pode-se dizer, que a escola encontra muita dificuldade no envolvimento com a comunidade, porque a família transferiu para ela toda a responsabilidade de educar.
Hoje há uma confusão de papéis, cobranças para ambos os lados. Parece haver, por um lado, uma incapacidade de compreensão por parte dos pais a respeito daquilo que é transmitido pela escola. Por outro lado, há uma falta de habilidade dos professores em promover essa comunicação.

Mas, a escola deve e têm tentado utilizar todas as oportunidades de contato com os pais para transmitir informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim os pais se sentirão comprometidas com a melhoria da qualidade escolar.

Quando a comunidade entender que a escola não é do diretor, nem do professor e, sim de todos, ela então irá se interessar pela escola e pela educação a qual está sendo oferecida aos seus filhos.

Assim, educadores, pais e alunos passarão a um lutar por um único ideal, que é uma educação de qualidade, que vise a formação do cidadão crítico, consciente de sua realidade, e, acima de tudo, feliz.

Silvana Sandri: Professora da Educação Básica de Barra do Bugres; Estado de Mato Grosso. Graduada em Normal Superior “ Anos Iniciais” e Pós Graduada Em Psicopedagogia e Gestão Escolar.

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