Opinião / ROMILDO GONÇALVES
O Brasil produz diariamente cerca de cento e oitenta mil toneladas de lixo doméstico, por outro lado, apenas dezoito por cento dos municípios brasileiros dispõem de serviço de coleta seletiva. Todo o excedente não coletado é lançado aleatoriamente em lixões improvisados, daí para os rios, córregos, nascentes, vales, mares...
Com isso, além de poluir o meio ambiente, o país perde por ano cerca de oito bilhões de reais deixando de recicla-lo ou utiliza-lo para outro fim.
Após duas décadas em discussão no congresso nacional e há três anos sancionada, a politica nacional de resíduos sólidos, lei n. 12.305, nada ou quase mudou no nesse período, para beneficiar o meio ambiente.
No caso de Mato Grosso, a questão do lixo doméstico, hospitalar e industrial já não é mais uma questão de saúde pública, na pratica ele figura como uma verdadeira calamidade pública.
Como se vê por aí, o desleixo ambiental é senso comum no estado, hoje se encontra lixo queimando a céu aberto em todas as cidades mato-grossenses, com destaque para capital, onde a prática de queimar lixo poluir o ar, rios, córregos... Agredindo de forma vil a vida na sua plenitude, é quase natural.
Para entendermos a gravidade da questão do desleixo com o meio ambiente, penas a cidade Toríxoréu com cinco habitantes encravadas no vale do Araguaia tem licença ambiental para tratamento de resíduos sólidos, no entanto por falta orientação técnica do órgão ambiental estadual não conseguiu executar com precisão o serviço de coleta e tratamento adequado do minúsculo lixo produzido naquele ambiente.
As cidades de Campo Verde e Colíder também chegaram a terem as licenças de operação liberadas pela sema, porém na primeira cidade a licença foi suspensa e na segunda a licença venceu antes mesmo de ser usada, uma geleia geral, não?
Ao mirar os lixões a céu abertos espalhados por mato grosso confirma-se o total desrespeito a legislação em vigor e a cabal incompetência dos gestores, incluso aí os estaduais e federais que não executam, não fiscaliza esse estado de coisa.
Não orientam e não cria infraestrutura de apoio e logística para eliminar focos de contaminação e doenças, com agentes químicos cancerígenos, pesticidas, mercúrio... Vistos a olhos nus espalhados irresponsavelmente na
natureza precisando urgentemente ser estancados.
Até mesmo a coordenadora de resíduos sólidos da Sema, aponta como exemplo de descaso e vergonha os lixões de Cuiabá e várzea grande, como um escândalos uma verdadeira falta de consideração com a população humana.
Complementando o que disse a coordenadora da Sema, vejo como um total desrespeito para com a vida, o não tratamento adequado desses resíduos sólidos nas cidades mato-grossenses. Constatar esgotos in natura sendo lançados nos rios, córregos, nascentes... Diuturnamente é, sem duvida, matar a vida na sua plenitude, não é mesmo? Cadê os gestores?
No meio desse estado de coisa nota-se claramente que os gestores não conseguiram enxergar a grandiosidade da vida e sua significância, que por uma dadiva de Deus, mesmo contaminada, insiste em perpetuar. Até quando a sociedade humana vai conviver com isso?
ROMILDO GONÇALVES é biólogo, mestre em Educação e Meio Ambiente, perito ambiental em fogo florestal e professor pesquisador da UFMT/Seduc.
romildogoncalves@hotmail.com
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