segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Quando a cabeça tem uma paixão lá dentro!

Paixão, amor romântico e amor incondicional são processos distintos

Por Ana Margarida Nunes

O coração dispara, aquela pessoa não sai da nossa cabeça, maior motivação, brilho especial no olhos e sorriso constante no rosto são algumas das sensações que todos associamos a “estar apaixonado”.

* Licenciada em Biologia Microbiana e Genética pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e doutorada em Neurociências pelo King's College London em 2009.
Parece um processo simples mas na verdade é um processo muito complexo que acontece apenas 12 segundos. De repente, aquela pessoa tornou-se a mais importante! “Houve uma química!” E é verdade, estar apaixonado implica uma série de processos químicos mas também elétricos.

Hoje sabe-se que a paixão, activa várias regiões do cérebro que libertam uma série de infinitas moléculas, os neurotransmissores, que perpetuam o enamoramento. São o Cortex, os Nucleus Caudados e a Área Tegmental Ventral (VTA) as regiões do cérebro mais culpadas! O Cortex localiza-se mais ou menos na testa e no alto da cabeça. Os Nucleus Caudados e a VTA localizam-se bem lá no interior do cérebro.

O cupido acertou em cheio! Momento mágico! Explosão de sensações!O Cortex recebe informação do exterior que envia por impulsos eléctricos aos Nucleus Caudados e à VTA. Aqui, os impulsos eléctricos transformam-se em impulsos químicos. A VTA produz a Dopamina, neurotransmissor responsável pelo desejo, motivação sexual e “disparo do coração”. Isto porque a Dopamina e capaz de se converter em Adrenalina e Testosterona, também nas mulheres! Já o “brilho nos olhos” parece estar relacionado com a dilatação das pupilas do olho, aumentando a sensualidade.

Simplisticamente, quando avistamos o “objecto de paixão” recebemos informação visual que é captada no Cortex. Este emite informação para o Caudado e VTA que libertam dopamina - “et voilá” - o cupido acertou em cheio! Momento mágico! Explosão de sensações!

Ana Margarida NunesMas é claro, que este tipo de investigação tem um objectivo mais prático. Conhecer melhor o processo de enamoramento pode ajudar a tratar doenças como autismo, esquizofrenia e depressão, marcadas por disfunções sociais como a incapacidade de estabelecer contacto relacional e de estados de apatia sentimental. Estudos feitos em animais sugerem até que a “poção do amor” pode ser uma realidade.

Parece-me assim que afinal a “paixão pode ser uma droga” e que há um motivo biológico para eu acreditar em amor à primeira vista. No entanto, importa salientar que a paixão, o amor romântico e o amor incondicional são processos distintos que activam regiões distintas. Mas isso fica para uma próxima crónica!

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