segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Portugueses descobrem novo ‘culpado’ pela origem de Parkinson

Disfunção da mitocôndria é a grande responsável pelo aparecimento da doença

Sandra Morais CardosoSandra Morais Cardoso lidera a equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra que acaba de identificar um novo mecanismo responsável pela origem da Doença de Parkinson.

A descoberta contraria algumas das últimas teses científicas sobre as causas de uma das patologias neurodegenerativas mais comuns que afecta mais de quatro milhões de pessoas em todo o mundo.

Segundo o estudo, publicado na revista Human Molecular Genetics, cuja primeira autora é a aluna de doutoramento Daniela Moniz Arduíno, a disfunção da mitocôndria (que produz energia nas células) é a grande responsável pelo aparecimento da doença.

Através de estudos ex-vivo (com células de doentes de Parkinson), os cientistas portugueses demonstraram, pela primeira vez, que a deficiência no tráfego intracelular (autoestradas celulares) é provocada pela disfunção das mitocôndrias dos doentes.

“Analisámos toda a via e verificámos que a disfunção mitocondrial é o evento que está na base de uma deficiente autofagia, um mecanismo através do qual ocorre a degradação de organelos disfuncionais e de proteínas danificadas (lixo biológico que se vai acumulando ao longo do envelhecimento e que se não for eliminado leva à morte das células)”, explica Sandra Morais Cardoso.

A descoberta, fornece novas pistas para o desenvolvimento de futuros fármacos que previnam a interrupção do tráfego e, deste modo, assegurem o normal transporte intracelular, que se processa ao longo de todo o neurónio, desde o núcleo até às aos terminais sinápticos.

“Verificámos que por si só a autofagia não poderá ser utilizada como alvo terapêutico após diagnóstico, sendo por isso necessário desenvolver abordagens terapêuticas que simultaneamente promovam a autofagia e restaurem o tráfego celular”, continua a também professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

Considerando que o processo autofágico tem duas componentes distintas, assumindo, por um lado, o papel de controlo de qualidade das células e, por outro, transformando os elementos da célula em nutrientes para prolongar a preservação do organismo, os investigadores estudaram todo o processo autofágico e verificaram que, na doença de Parkinson, a sua activação pode ser prejudicial.

Identificado o novo mecanismo ‘culpado’ pela origem da Doença de Parkinson, agora “o nosso desafio é estudar e perceber como é que a disfunção da mitocôndria leva à destabilização das autoestradas celulares”, conclui a investigadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário