segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Enem: sugestões que apresentamos ao Inep

Jacir José Venturi

No dia 07 de agosto, na companhia da Presidente da Fenep, fomos recebidos em Brasília pelo Dr. Luiz Cláudio Costa, que desde 2009 é o 4.º presidente do Inep – órgão do MEC responsável por toda a logística do Enem. Foi uma reunião de interlocução altamente técnica e concluímos enlevados de júbilo e esperança. Toda a sociedade anseia por um Enem SEM PROBLEMAS, após as trapalhadas de 2009, 2010 e 2011, por motivos torpes, desonestidade de fraudadores e até onde a vista alcança, por incúria de uma parte dos gestores.

Coordenamos uma equipe multidisciplinar de 11 professores, tendo como premissa básica serem educadores – sem qualquer interesse subjacente que não fosse o de contribuir por uma boa causa. Educadores caldeados na frágua da intensa convivência com alunos de escolas públicas e privadas, ademais vários são mestres, doutores e autores de material didático.O documento apresentado ao Inep possui 38 pág., cujo conteúdo completo e a relação dos nomes da equipe multidisciplinar estão no site: www.sinepepr.org.br.

Quanto às sugestões apresentadas ao Inep, ei-las concisamente:

1) Há excesso de contextualização, o que alonga o enunciado e fica a sensação de um exame demasiadamente extenso. Na área de Ciências Exatas, em especial, há contextualizações forçadas e há demasia de aritmética (continhas), tangenciando apenas conteúdos mais profundos e de raciocínio lógico.

2) As 180 questões objetivas das quatro áreas do conhecimento valem apenas 50%. Na outra metade, reina absoluta a redação (30 linhas). Até hoje, nenhuma explicação para essa obesidade, ou seja, para esse peso excessivo. A sugestão da equipe multidisciplinar é que as quatro provas valham 20% cada uma e também à redação se atribua este valor.

3) O conteúdo programático está genérico demais, merece ser mais bem especificado e não tão abrangente. A grade curricular deve ser reduzida em 20% a 30%. São penduricalhos desnecessários. Nenhum educador sério pretende fazer com que o aluno do Ensino Médio estude menos, e sim, que empregue honestamente o seu tempo, preparando-se bem para as elevadas exigências futuras.

4) Tem-se como premissa que o tempo é insuficiente: 3 minutos, em média, para a resolução de cada questão. Julgamos que o número de 180 questões está adequado, pois diminuí-las compromete a abrangência e aumentar o tempo da prova levará o candidato à exaustão. A solução é reduzir parte dos enunciados desnecessariamente longuíssimos, e que o MEC assuma e divulgue amplamente que a administração do tempo é uma das habilidades exigidas.

5) Somos favoráveis à consolidação do Enem e à adoção de um currículo unificado para o ingresso nas universidades. Para este mister, que se contemplem doutores e mestres de nossas universidades, mas também professores do Ensino Médio, que diariamente honram o tablado de nossas salas de aula – os metros quadrados mais nobres da escola.

Ao término da reunião, o presidente do Inep anuiu que é necessário levar mais informações e melhor capacitar os professores das escolas, quando dei o meu depoimento – ao palestrar para 8 escolas públicas de periferia de Curitiba nas quais os alunos estão minimamente instruídos sobre o Enem, ProUni, Fies, COTAS, SISu, etc. A verba para a implementação de toda a logística do Enem/2011 foi robusta, porém se justifica quando se almeja um Enem SEM PROBLEMAS. Essa verba foi de R$ 372,5 mi para atender 5,3 mi de candidatos inscritos, o que perfaz R$ 70,28 de custo por aluno (similar ao custo dos vestibulares convencionais).

Os erros do passado significaram um doloroso aprendizado. Uma boa expectativa perpassa em todos nós participantes deste encontro, que por ser o primeiro em toda a existência do Inep, já diz muito. A sensação é que o Inep está caminhando na direção certa. Há 5,8 mi de candidatos inscritos para o Enem/2012, que empunham a chama esplendorosa da esperança num futuro melhor, mas também carregam o fardo da incerteza e da insegurança. Assim, vamos compartilhar das palavras de Manoel Bandeira recorrente nos vestibulares: “Ah, como dói viver quando falta esperança”.


Jacir José Venturi
jacirventuri@hotmail.com
Professor aposentado da UFPR e PUCPR, palestrante, autor de livros, fazendeiro e enófilo.


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