segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Alunos do 5.º ano não podem dar erros de ortografia

Sara R. Oliveira


MEC divulga as metas curriculares que serão recomendadas no próximo ano letivo e que deverão passar a obrigatórias nos anos seguintes. Em Português, há um novo domínio: a educação literária.

A versão final das metas curriculares para o Ensino Básico está fechada. O Ministério da Educação e Ciência (MEC) fixou os conhecimentos e as capacidades que os alunos devem dominar em cada ano nas disciplinas de Português, Matemática, Educação Visual, Educação Tecnológica e Tecnologias da Informação e Comunicação. No próximo ano letivo, as metas serão "fortemente recomendadas" nas escolas e deverão tornar-se obrigatórias nos anos seguintes.

Durante o período de discussão pública, a tutela recebeu 178 contributos, 90 dos quais de "sociedades científicas, associações de professores e outras entidades". O MEC adianta, em comunicado, que as propostas foram analisadas e desses contributos "foram integrados os elementos suscetíveis de enriquecer e melhorar os documentos iniciais".

Os professores de Matemática do Ensino Básico terão um caderno de apoio às metas curriculares com os suportes teóricos que sustentam os objetivos pretendidos. No 1.º ciclo, os temas são introduzidos de forma progressiva. Começa-se por "um tratamento experimental e concreto caminhando-se faseadamente para uma conceção mais abstrata e sistematizada dos diferentes conteúdos e procedimentos". Por exemplo, no 1.º ano, os alunos têm de saber contar até 100, descodificar o sistema de numeração decimal, subtrair números, contar dinheiro. No 2.º ano, conta-se até mil, multiplicam-se números naturais, resolvem-se problemas, situam-se objetos no espaço, medem-se distâncias e comprimentos. No 3.º ano, aumenta-se a contagem para um milhão e os alunos devem conhecer a numeração romana, efetuar divisões inteiras, medir com frações. No último ano do 1.º ciclo, é tempo de saber simplificar frações, multiplicar e dividir números racionais não negativos, reconhecer prioridades geométricas.

As metas de Matemática para o 2.º ciclo também estão definidas. "Os alunos deverão, à entrada do 3.º ciclo, mostrar fluência e desembaraço na utilização de números racionais em contextos variados, relacionar de forma eficaz as suas diversas representações (frações, dízimas, números mistos, percentagens) e tratar situações que envolvam proporcionalidade direta entre grandezas", lê-se no documento elaborado pelo MEC. No 5.º ano, é preciso saber efetuar operações com números racionais não negativos, aplicar propriedades dos divisores, reconhecer ângulos, entre outras matérias. No 6.º ano, as metas passam por conhecer e aplicar propriedades dos números primos, relacionar circunferências com ângulos, retas e polígonos, medir volumes de sólidos, entre outros exercícios. No 3.º ciclo, há mais metas definidas para os três anos. No 9.º ano, antes da passagem para o secundário, os alunos têm, por exemplo, de saber identificar factos essenciais da axiomatização da Geometria, bem como utilizar corretamente a linguagem da probabilidade.

Nas metas relativas à disciplina de Português, os domínios existentes - oralidade, leitura, escrita e conhecimento explícito da língua, agora denominado gramática - foram respeitados, acrescentando-se outro relativo à educação literária, para a qual foi criada uma lista de obras e textos literários para leitura anual, válida a nível nacional. No primeiro ano da escola, as crianças devem aprender a respeitar as regras e esperar a sua vez para falar. Articular palavras, partilhar ideias e sentimentos e conhecer o alfabeto são alguns dos objetivos que devem alcançar. No 2.º ano, já devem ser capazes de produzir corretamente um discurso oral, responder adequadamente a perguntas, apropriar-se de novos vocábulos. No ano seguinte, é tempo de operar com fonemas e monitorizar a compreensão. No 4.º ano, exige-se que os alunos saibam procurar informações em variados suportes de escrita, utilizar uma caligrafia legível, interpretar sentidos da linguagem figurada.

No 2.º ciclo, dão-se mais passos na disciplina de Português. Os alunos do 5.º ano devem ser capazes de escrever sem erros, escrever pequenas narrativas e colocar no papel o guião de uma entrevista. No final do 6.º ano, os estudantes devem saber fazer deduções e inferências e usar vocabulário diversificado e adequado. No 3.º ciclo, o nível de complexidade aumenta e é necessário saber produzir textos orais corretos, usando vocabulário e estruturas gramaticais diversificados e recorrendo a mecanismos de organização e de coesão discursiva.

Promover a autonomia dos alunos
Em Educação Visual, sublinha-se a importância de desenvolver a curiosidade, a imaginação, a criatividade dos alunos através de ações e experiências sistemáticas. "Neste sentido, as metas de Educação Visual pretendem estimular um universo de conhecimentos abrangentes, incentivar a assimilação de conhecimentos em rede, em que as informações são sincronizadas, permitindo alcançar uma educação em que o conhecimento circula, progride e se difunde", refere-se nos propósitos definidos pelo MEC. Técnica, representação, discurso e projeto são os domínios que sustentam as metas da disciplina.

No 2.º ciclo, as metas concentram-se nos materiais básicos de desenho, nos elementos que constituem a forma, a narrativa visual, a cor, o espaço. No 3.º ciclo, a representação de formas geométricas, o desenho expressivo, o design, a perceção visual e a construção da imagem são áreas a explorar com objetivos assumidos e para cumprir.

Articular conteúdos e expandir conhecimentos são os principais objetivos a respeitar na disciplina de Educação Tecnológica. "Esta dinâmica, que pressupõe a experiência e o erro como instrumentos, incentiva a reflexão e impulsiona o pensamento divergente." Nesse sentido, as metas incidem nas experiências práticas e num ensino focado na ampliação do conhecimento como um dos fatores diferenciadores desta área. E há quatro domínios que se destacam: técnica, representação, discurso e projeto.

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nos 7.º e 8.º anos de escolaridade aparecem no horário como uma disciplina semestral ou anual, com uma forte componente prática e organizada nos domínios de informação, produção e comunicação e colaboração. A segurança surge como tema transversal. "Os alunos devem ser, desde o seu primeiro momento, nas aulas desta disciplina, utilizadores ativos dos computadores, das redes e da Internet." Os professores, por seu turno, devem criar situações que promovam a autonomia dos alunos. As metas das TIC devem ser vistas como objetivos finais de aprendizagem e não como uma lista de conteúdos a transmitir de uma forma sequencial.

"A definição da planificação para cada ano de escolaridade deverá ser desenvolvida de forma autónoma pelo professor, em função de uma cuidada avaliação diagnóstica". As aulas de TIC devem assim estimular a participação dos alunos em pequenos projetos, a resolução de problemas e incidir em exercícios práticos contextualizados. "A avaliação dos alunos nesta disciplina tem de ser articulada de forma coerente com o seu carácter prático e experimental", sublinha-se no documento.

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