segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Uma Escola da Ponte em São Paulo

Helio Nota 10

O embrião de um projeto educacional de sucesso está nascendo na Grande São Paulo. Em parceria entre o Projeto Âncora e o educador português José Pacheco, um dos criadores e antigo coordenador da Escola da Ponte, em Portugal, a Escola Walter Steurer começou a funcionar em janeiro deste ano e busca consolidar no Brasil um novo modo de educar.

O Projeto Âncora foi criado pelo empresário Walter Steurer em 1995 a partir da concepção de que a responsabilidade social é de todos, inclusive da classe empresarial. Organização sem fins lucrativos localizada na Granja Viana, em Cotia (região metropolitana de São Paulo), seu objetivo desde então é ajudar na educação de crianças, adolescentes e até adultos da região com renda familiar de até três salários mínimos.

Creche, oficinas de arte, música, dança e circo, quadras poliesportivas e aulas de computação são alguns dos oferecimentos do projeto, gratuito, que até o ano passado visavam apenas complementar o estudo. Essas atividades são sustentadas por meio de doações de empresas e pessoas físicas, além de contar hoje com a arrecadação de impostos da Nota Fiscal Paulista e um recente apoio do Instituto Natura, que pretende implantar sistemas de tecnologia voltados para a escola e a comunidade da região.

Até que em 2011, a entidade decidiu organizar uma escola baseada em conceitos praticados pela Escola da Ponte, tendo José Pacheco como diretor. O educador português se mudou para o Brasil há cerca de cinco anos e vinha dando consultorias em educação, percorrendo o país para falar sobre o assunto. No final do último ano, resolveu assumir o desafio de ampliar o Projeto Âncora, integrando a ele uma escola também gratuita e destinada para alunos de baixa renda. Operando desde janeiro, já são 320 alunos e mais 400 crianças e jovens na fila de espera.

No modelo educacional estão vários conceitos trabalhados na Escola da Ponte. Não há salas de aula e sim espaços, professores e ferramentas nos quais o aluno busca o conhecimento. Ao invés de aulas convencionais, existem projetos de pesquisa. O sistema não se baseia em séries e ciclos, e os professores não são responsáveis por alguma turma ou disciplina específica.

"O objetivo nos oito ou nove anos de estudo é que os alunos adquiram o conhecimento que consta nas diretrizes básicas do Ministério da Educação e vão além disso", diz Fernando Furuiti, diretor do Projeto Âncora. "O que ele aprende aqui se transforma em conhecimento de fato, não é algo que o aluno vai `colocar na gaveta´ e acabar esquecendo, ou que ele vai estudar só para uma prova. É um conhecimento que, além de realmente relevante, acompanha também a formação da criança com valores de ética e solidariedade", completa.

Para o futuro, Fernando diz que a meta é a própria consolidação da proposta, colhendo os frutos e avaliando o que foi produzido nos primeiros anos, inclusive as dificuldades encontradas.

A iniciativa do Projeto Âncora se junta a outras escolas que adotaram em seu funcionamento práticas semelhantes aos da Escola da Ponte, como o Colégio Viver, localizado também na Granja Viana. Além de não usarem uniformes, seus alunos contam com atenção individualizada e espaço para participação nas decisões. A capacidade de transferir conhecimento, o desenvolvimento da autonomia e da individualidade, além do prazer em aprender são alguns dos conceitos extraídos do instituto de ensino português que já são praticados nessa e em outras escolas pelo Brasil.

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