segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Da espiritualidade ao materialismo religioso. Contradições políticas em forma de fé.

Igreja e Religião

Sou teólogo de formação. Sou Cristão. Sou católico. Vou a Igreja. Cumpro minhas obrigações doutrinárias, mas também sou humano e ser social. Respeitos outras formas de expressões religiosas, sejam cristãs ou não.

JOÃO EDISOM DE SOUSA


Sou teólogo de formação. Sou Cristão. Sou católico. Vou a Igreja. Cumpro minhas obrigações doutrinárias, mas também sou humano e ser social. Respeitos outras formas de expressões religiosas, sejam cristãs ou não.

Bispo da Igreja Renascer, Edir Macedo e agora o Pastor Valdomiro. Estes último tem sido a bola da vez e ambos viraram sinônimo de exploração da dor e da fé de seus seguidores para fomentar seu próprio capital. Isso há alguns anos ocorreu com Edir Macedo, mestre do próprio Valdomiro e discípulo de tantas outras Igrejas, seja ela católica, protestante, evangélica ou de outras doutrinas cristãs ou não. Pensamos em tantos outros espalhados por aí que sequer viram história ou notícia.

A verdade é que sempre houveram homens que, em nome de Deus, comeram o pão e beberam o vinho com o suor do rosto do outro. Por isso, sabiamente, dentre os dez mandamentos da religião cristã, um diz: “não tomarás seu santo nome em vão”. O problema não é a religião, mas as pessoas, o poder gerado pela igreja, o egoísmo e o poder macro de ser íntimo de Deus, o poder econômico e o poder metafísico daquele que diz ser mais especial que os demais. Os “escolhidos” não sei por quem. Acredito que por eles mesmos.

A história das políticas das Igrejas e das pessoas que as comandam são tão contraditórias e perversas quanto a política de estados ditatoriais. E tudo isso se torna pior quando grupos religiosos tentam fazer do estado uma extensão de suas doutrinas, tipo “bancada evangélica”, ou coisa semelhante. Isto significa busca do poder e não busca de Deus. É a petulância da chamada “evangelização” onde são sub-julgados a cultura e o saber dos povos em busca de uma única verdade: “daí a Cezar o que é de Cézar, e a Deus o que é de Deus”.

A contradição é que para alcançar a vida espiritual, o cidadão tem que pagar para um homem ou para uma organização. Ou seja, comprar com o dinheiro de seu suor, muitas vezes retirado do próprio alimento, do remédio, do conforto de sua família, dinheiro que vai para construir templos lindíssimos, adquirir propriedades valiosas, pagar luxo que por poucos são usufruídos... Tudo em nome da espiritualidade, em nome de Deus.

O que os homens oferecem materialmente a igreja, esta devolve em forma de benefício espiritual. Até ai tudo bem afinal, conforto espiritual não tem preço. Mas a pergunta que não quer calar é: por que então apenas uns homens são mais capazes que os demais usufruir do dinheiro arrecadado? Deus precisa de dinheiro para atender nossos pedidos? Deus fez uns homens para trabalhar e outros para viverem da exploração do trabalho deste?

Da teologia dos sacrifícios cultuados pelos primitivos, pelos Gregos antigos, pelo judaísmo, pelo Islã, ou pelo Candomblé ao dízimo das religiões abraâmicas, das indulgências da Igreja Católica na Idade Média as doações “espontâneas” dos diversos templos esparramados mundo afora, um ponto é comum a todos: arrecadam dinheiro vivo para receber benefícios espirituais, para serem mais privilegiados que os outros. É a psique humana explorada em nome dá fé para aliviar nossos pecados do dia a dia. Então vem a pergunta: por que Crucificar o pastor Valdomiro quando o método é antigo e funciona?

Os homens que comandam as diversas Igrejas mundo afora, na verdade estão pregando a desigualdade entre a humanidade. Afinal, somos diferentes e para alguns prosperarem outros terão que pagar, ou serem prejudicados. Minha vitória significa a derrota de alguém. E pergunto: não são os pregadores que vivem falando da desgraça e dos defeitos dos outros, afirmando que sua igreja é melhor que as demais, que Deus tem uma atenção especial aos seus? Por que não aos outros? Será que todos os demais estão errados? Os primitivos então coitados? Os índios? Coitados! São culpados por terem nascido em uma cultura sem tal templo, sem a dádiva de ter tido tais pastores em suas vidas. E só por isso já são desgraçados por natureza?

Para analisar Valdomiro não posso usar dois pesos e duas medidas. O que me resta é a fé em Deus e não nos homens que falam em Seu nome e pedem dinheiro. Para agradar Deus devo fazer o bem ao meu irmão, principalmente aos mais necessitados e não aos que pedem em nome de Deus. Jesus afirmou “que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (João 5-12-14). Entendo que possamos ser melhores se substituirmos as pregações moralistas pela compreensão a dor do próximo. Substituir o julgamento da solidão alheia pelo amor ao próximo. O dízimo pela ajuda aos necessitados. A indulgencia pelo respeito a todos os credos e formas de fé que não envolvam troca e nem compra de curas e milagres.

(*) JOÃO EDISOM DE SOUSA




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