Itamar Melo | itamar.melo@zerohora.com.br
Especialista em educação, o professor Christopher Day, da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha, avalia a meritocracia nas escolas. Leia trechos da entrevista concedida por e-mail a Zero Hora:
Zero Hora – Quais são os melhores caminhos para ter bom professores nas escolas? Como fazer para aperfeiçoá-los?
Christopher Day – Não há uma solução-atalho. Há um número de condições que precisam ser ordenadas. Primeiro, a atividade de ensino por si precisa ser atraente em termos de condições (incluindo salário, mas mais importante, condições do local de trabalho para o ensino e o aprendizado). Segundo, ela precisa ser respeitada por público e mídia. Terceiro, os treinamentos para antes e durante o ato de lecionar precisam ser de alta qualidade. E quarto, as qualificações para lecionar precisam ser reforçadas.
ZH – O senhor acredita que professores devem ser avaliados e pagos de acordo com o desempenho de seus alunos?
Day – Professores não devem ser avaliados e pagos apenas de acordo com o desempenho de seus alunos, pois é difícil indicar um relacionamento direto de “causa e efeito” entre o ensino e a realização. É claro, estudantes devem progredir guiados por um professor, então o progresso e o desempenho devem ser monitorados. Entretanto, o significado de “desempenho” é interpretado de forma diferente por pessoas diferentes. Por exemplo, enquanto é relativamente fácil examinar o progresso em matemática, é mais difícil examiná-lo no desenvolvimento de habilidades de raciocínio ou em criatividade. Finalmente, em razão de dificuldades externas em famílias e na sociedade, pode ser mais difícil de engajar e motivar alguns estudantes do que outros. Os professores, é claro, devem fazer diferença no aprendizado dos alunos.
ZH – A avaliação e a remuneração de professores de acordo com esse modelo são comuns na Grã-Bretanha?
Day – São avaliados a cada ano. Chamamos isto de “administração de desempenho”. É baseado em documentação e em observações em sala de aula. A avaliação é baseada na descrição do trabalho do professor, com foco em três tópicos: progresso e realização do estudante, padrões nacionais de ensino e planejamento do desenvolvimento do professor no contexto do plano de melhorias da escola. Isso está associado com progressão na carreira e com aumentos salariais.
ZERO HORA
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Entrevista: "Professores não devem ser pagos só pelo desempenho"Christopher Day, professor da Universidade de Nottingham
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