sexta-feira, 11 de março de 2011

Artigo - Educação Infantil

Contos maravilhosos, imaginação maravilhosa

Francisca Aparecida Ramos

Entendo que a ação do professor é fundamental para a ampliação da capacidade sócio – comunicativa dos alunos e que essa capacidade só se obtém, colocando-os em contato com uma grande variedade de textos que vão desde os clássicos da literatura infantil à literatura contemporânea. De acordo com esta afirmativa o “Projeto Imaginação Criadora”, propôs trabalhar leitura e produção de texto tendo os contos da literatura infantil como objeto de ensino, visto que os mesmos têm encantado crianças de todos os tempos no mundo inteiro.

Essas histórias contadas oralmente de geração em geração sofreram modificações ao longo do tempo. E é por isso que conhecemos hoje várias versões de uma mesma história, pois o ser humano não se prende apenas ao mundo concreto e presente, ele tem a maravilhosa capacidade de levantar hipóteses, de supor o que deveria acontecer, de se ver em determinados contextos e criar mundos imaginários. Isto fica evidente nos contos de fada, sempre que lemos a expressão “Era uma vez...”, mergulhamos num mundo de fantasia, onde tudo pode acontecer: príncipes viram sapos, bruxas malvadas se vingam de pobres moças indefesas, ou seja, eles são portas de entrada para o mundo imaginário.

Dessa forma o referido projeto procurou adentrar a porta deste mundo imaginário e explorar a criatividade dos alunos através da leitura e da escrita. Para isto reunimos uma grande variedade de contos maravilhosos, os quais nos renderam uma descontraída roda de leitura, que culminou em divertidas produções de textos.

Os alunos envolvidos pela leitura e incentivados pela professora, posicionaram-se no lugar de autores e adentraram no mundo da imaginação, mudaram de propósito as histórias dos contos maravilhosos.

Assim sendo, as historias tiveram uma nova versão:

- Chapeuzinho Vermelho passou a se chamar, Chapeuzinho da Poluição; Chapeuzinho Amarelo;

- Cinderela – Cinderela malvada e sua fada atrapalhada;

- A Bela e a Fera – A Bela que era uma fera;

- Branca de Neve – Branca de Neve e o espelho do mal, etc.

Os trabalhos se encaminharam de tal forma que resolvemos publicá-los em um livrinho, o qual intitulamos de “Imaginação Criadora”. Com a ajuda da comunidade escolar o livro ficou pronto em pouco tempo, com direito a cerimônia de lançamento, convites e cartazes divulgando o evento, o qual foi um sucesso.

Optamos por essa metodologia por acreditar que ela mexe com a imaginação dos alunos fazendo-os pensar e refletir sobre os clássicos de uma forma divertida. Além disso, essa maneira de trabalhar o clássico e o contemporâneo ao mesmo tempo é muito interessante, visto que este contato faz com que o aluno perceba que a variedade textual com que ele entra em contato foi construída sócio – historicamente, variando sua estrutura e sua composição, de acordo com as necessidades comunicativas dos grupos e sua cultura ao longo da história.

O ensino sobre essa orientação se embasa no sócio – interacionismo, na teoria enunciativa e na linguística textual “cujo enfoque teóricos dirigem o ensino de língua(gem) para seu uso e funcionamento discursivo, enquanto sistema semiótico, simbólico, contextualizado e determinado sócio-historicamente”, como afirma (COSTA, 2000, p. 67). Tal perspectiva também vem de encontro com o que prescrevem os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs): uma prática de ensino voltada para a formação de leitores e escritores autônomos e críticos. E este foi o objetivo do Projeto “Imaginação Criadora”.

Mas será que esta busca surtiu o resultado desejado? Podemos afirmar que sim – crianças entusiasmadas criando, ou melhor, recriando histórias, buscando nas raízes inspiração para o presente, preparando e encenando peça teatral a partir de suas próprias produções, elaborando convites e cartazes, divulgando o evento, lendo em voz alta suas produções a toda a comunidade escolar, foram momentos inesquecíveis que eles guardarão para sempre na memória.

E é isso aí! Se quisermos formar leitores ou escritores de fato temos que acreditar na pedagogia da diversidade “que permite ao educando utilizar como situação a linguagem que envolva tanto a capacidade linguística ou linguística discursiva como situação de ação em contexto” (ROJO, 2001, p. 139); visto que, numa mesma sociedade há uma grande variedade de textos exigidos pela múltipla e complexa relação social.

Portanto, recomenda-se que o ensino de Língua Portuguesa gire em torno do texto, de modo a desenvolver as competências comunicativas dos educandos.


Escola Estadual Maria Eduarda Pereira Soldera.
Docente: Francisca Aparecida Ramos.
Graduada em Licenciatura Plena em Letras.




BIBLIOGRAFIA

Brasil, Secretaria de Ensino Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais – Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais, Brasília, 1997.

COSTA, S. R. 2000, A construção de “Títulos” em Gêneros Diversos: Um Processo Discursivo Polifônico e Plurissêmico. In: ROJO, R. (Org). A Prática de Linguagem em Sala de Aula: Praticando os PCNs. São Paulo; Campinas: Mercado das Letras, p. 67 – 90.


ROJO, Roxane. A Prática de Linguagem em Sala de Aula: Praticando os PCNs. São Paulo, Educ, 2001

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