quinta-feira, 3 de março de 2011

Artigo

 Não passei no vestibular. E agora?

Professores e psicólogos ensinam: não se sinta frustrado, porque a concorrência é mesmo grande.


Priscilla Borges, iG Brasília

 Compartilhar: Se você faz parte daquele grupo de vestibulandos que se sente dividido entre comemorar a aprovação dos amigos e lamentar não ser um deles, não se culpe por viver um momento de frustração. A tão sonhada aprovação no vestibular, em tempos de concorrência acirrada em grande parte deles, é mesmo difícil. Não deixe a tristeza da divulgação dos resultados – sem seu nome na lista – diminuir sua auto-estima.

Fernando quer uma vaga em medicina. Antes do resultado de todas as instituições, montou novo planejamento de estudos

Essa é a dica de professores e psicólogos habituados a lidar com estudantes nessa fase da vida. Pressão de si e dos pais, estudos exaustivos e rotina sem badalações tornam o momento complicado e chato para os jovens, especialmente para os que já terminaram o ensino médio e estão fazendo cursinho pré-vestibular. Por isso, nesse espaço tenso por natureza, o estudante não deve colocar tristeza e desânimo. A ajuda de um psicólogo pode ser útil nesse sentido.

Antes disso, no entanto, a psicóloga do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento da Universidade de Brasília, Regina Pedroza, acredita que o vestibulando que não garantiu sua vaga no ensino superior deve conversar com a família. “O jovem não tem como superar tudo isso sozinho”, acredita. Para Regina, os alunos têm de lembrar que muitos não conseguem a vaga por apenas uma questão incorreta.

Beatriz Laura Carnielli, professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Católica de Brasília, ressalta que o vestibular é classificatório e não eliminatório. “Não passar no vestibular significa que havia candidatos mais preparados do que você e não que você falhou”, analisa. A dica agora é rever os próprios métodos, procurar entender quais conteúdos ainda não estão claros e recomeçar os estudos.

Foi essa a decisão tomada pelo jovem Fernando Viana Ferraz, de 19 anos. Candidato ao curso de medicina, o estudante tenta uma vaga na UnB ou na Universidade de São Paulo (USP) desde o ano passado. Na segunda-feira, depois da divulgação dos resultados da UnB, ele já estava no cursinho. Ainda tinha uma chance de ser aprovado na Fuvest. Mas decidiu não esperar. Montou uma nova rotina de estudos com o coordenador da instituição.

“A primeira coisa que peço a eles é analisar o boletim de desempenho no vestibular. A gente precisa saber em que áreas ele terá de reforçar a preparação”, explica o coordenador do pré-vestibular Galois, Marcelo Lasneaux. O segundo passo é entender se as estratégias de estudo adotadas pelo aluno foram eficazes para o aprendizado do conteúdo. Mudanças na metodologia podem ser sugeridas nessa conversa.

Fernando conta que desde que quando mudou sua opção de curso de engenharia para medicina, sabia que não seria fácil. “Tenho que tirar o dobro da nota e hoje estudo dez vezes mais. Não faço mais nada, inclusive nos fins de semana. Mas não reclamo, porque vejo minha melhora a cada dia. Não passei por muito pouco”, afirma. Os pais dele estão dando apoio e até pedem para ele descansar mais. “Mas não dá”, garante.

No seu ritmo

Regina Pedroza concorda que, no período de preparação, o estudante terá de abrir mão de algumas coisas tão importantes para ele quanto o estudo, como sair com os amigos, ir a festinhas e dar aquela cochilada à tarde. Porém, ressalta que é preciso respeitar o próprio ritmo de aprendizado. “Não adianta passar horas estudando sem aprender. O importante é encontrar o equilíbrio”, aconselha.


Mayara de Oliveira Ribeiro, 21 anos, concorda com a especialista. Para ela, estudar todos os dias prejudica a própria saúde. “Tenho estudado muito, de cedo à noite. Aos sábados, também reviso conteúdos. Mas guardei os domingos para mim. Cheguei ao limite”, conta. A candidata a uma vaga em medicina precisou largar o emprego – e a carreira de enfermeira que estava em construção para se preparar.

Depois de dois anos cursando enfermagem, ela viu que o curso não a agradava. Com o apoio do marido, decidiu mudar tudo. “Sei que sou capaz e não me deixo abater com o resultado do vestibular”, define. Lasneaux afirma que é essencial sentir o ânimo do estudante. Em alguns casos, o professor recomenda que eles conversem com o psicólogo da escola. “Às vezes, a ajuda que eles precisam não é pedagógica. Os pais também precisam estar atentos”, diz.

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