terça-feira, 29 de março de 2011

Notícia - Educação

Só 6% dos alunos no país estudam em escola integral
R7
Pablo Henrique de Sousa, 7, ganhou um acessório novo neste ano. Sobre o uniforme da escola municipal de Sorocaba, ele ostenta um colete verde limão. É o que mostra que ele é um aluno de tempo integral: fica das 8h30 às 17h30 no colégio.

Por enquanto, ele é exceção. Atualmente, só 6% dos alunos têm ao menos sete horas diárias de jornada escolar. Mas, uma das metas do Plano Nacional de Educação, em trâmite no Congresso, é que até 2020 metade das escolas públicas ofereça educação básica em tempo integral.

Para isso, o governo aumentou o repasse de verbas para as escolas públicas com jornada ampliada. O acréscimo do Fundeb (Fundo da Educação Básica) é de 25% para o fundamental e 30% para o médio. Porém, a implementação ainda esbarra em problemas de infraestrutura e de formatação de conteúdo.

Silvia Colello, professora da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), afgirma que o Brasil está atrás de vários países, incluindo na América Latina.

- Precisamos agir porque o país está a reboque. As nações desenvolvidas oferecem isso há séculos e nações vizinhas, como o Chile, universalizaram a educação básica integral. Mas [o investimento brasileiro] precisa ser bem feito, com projeto pedagógico adequado.

Currículo único

Como o Ministério da Educação não prevê um currículo único, as experiências são variadas. Isabel Santana, gerente da Fundação Itaú Social, afirma que cada cidade "se planeja de acordo com suas peculiaridades".

Em seminário sobre o tema, que será realizado nesta terça (29) e quarta-feira (30), o órgão vai lançar o documento Perspectivas de Educação Integral, em que mapeia tendências espalhadas pelo país. Foram consideradas 16 iniciativas que mostram que a educação integral deve considerar tempo, espaço e conteúdo.

Não há número de horas estipulado, mas é preciso que o tempo seja suficiente para execução das atividades. Em Apucarana (PR), por exemplo, os alunos chegam às 7h30 e ficam até as 16h. O diretor da área de educação do município ressalta que a educação integral "dá certo".

- Como nossa cidade é pequena e eles moram perto, ainda sobra tempo para brincarem na rua.

A cidade foi uma das pioneiras na prática. Implantou o formato em 2001 e hoje todos os alunos do ensino fundamental passam o dia na escola. Em 2009, a nota de Apucarana no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), foi de 6, meta do governo federal para 2020.

Crescer na avaliação não depende só do número de horas, mas também do que é feito nesse tempo extra. Combinar as matérias de manhã com as da tarde é o mais difícil, afirma Maria Estela Bergamin, do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisa de Educação).

- Fazer a articulação dos dois currículos é uma coisa bastante difícil. O aluno não pode ficar a manhã toda achando muito chato assistir às aulas de matemática e compensar a canseira se divertindo à tarde. A ideia integral não pode ser formar artistas ou esportistas. Se vai ter oficina de dança moderna, ele estuda hip hop na aula de português.

Outro desafio na questão do conteúdo curricular é evitar que a jornada ampliada se transforme em reforço escolar. Estudo do MEC que ouviu 500 escolas em 2009 mostrou que 61,7% delas usavam o tempo para isso.

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