Gilmar de Oliveira
Mais um início de ano letivo. Mais uma oportunidade de retirarmos os rótulos que, muitas vezes, colocamos nos alunos já no primeiro dia de aula. “Este aqui não passa de ano”, “desse jeito, sem um milagre, vai reprovar!” São frases comuns ouvidas na sala dos professores.
A maioria dos déficits na aprendizagem ocorre em alunos que não apresentam problemas clínicos que os impedem de aprender. Mas pense: mais do que um problema orgânico ou emocional, mais até do que a desestrutura familiar, é a desestrutura da escola e seus vícios a maior dificuldade de aprender. Já comentei neste espaço outras vezes o fato da escola ser chata e não ter meios de competir com a TV e os “games”. Mas irei focar noutro aspecto importante para uma inclusão adequada e real: a amplitude daqueles que apresentam dificuldades de acompanhamento e rendimento escolar. Quantos foram diagnosticados por especialistas, com laudo assinado e tudo? A minoria, imensa minoria. E quando se tem o diagnóstico, o que se faz para lançar mão de um processo de ensinagem coerente ao caso?
Mais um início de ano letivo. Mais uma oportunidade de retirarmos os rótulos que, muitas vezes, colocamos nos alunos já no primeiro dia de aula. “Este aqui não passa de ano”, “desse jeito, sem um milagre, vai reprovar!” São frases comuns ouvidas na sala dos professores.
A maioria dos déficits na aprendizagem ocorre em alunos que não apresentam problemas clínicos que os impedem de aprender. Mas pense: mais do que um problema orgânico ou emocional, mais até do que a desestrutura familiar, é a desestrutura da escola e seus vícios a maior dificuldade de aprender. Já comentei neste espaço outras vezes o fato da escola ser chata e não ter meios de competir com a TV e os “games”. Mas irei focar noutro aspecto importante para uma inclusão adequada e real: a amplitude daqueles que apresentam dificuldades de acompanhamento e rendimento escolar. Quantos foram diagnosticados por especialistas, com laudo assinado e tudo? A minoria, imensa minoria. E quando se tem o diagnóstico, o que se faz para lançar mão de um processo de ensinagem coerente ao caso?
É fundamental de se lembrar, neste início de ano, que até a famosa preguiça é um sintoma, não a causa da dificuldade de aprendizagem. Um sintoma que traz algo maior, que deve ser identificado e minimizado. Pois, como todo ser humano, o aluno está programado geneticamente para aprender. A aversão por assuntos da escola, a negativa de aprender ou vivenciar novos conteúdos e a indisciplina do aluno disfarçam dificuldades de aprendizagem. Problemas como a dislexia, o Déficit de Atenção ou a dispraxia são, muitas vezes, até fáceis de identificar. Difícil é entender que todo aluno que não acompanha a classe tem direito a um diagnóstico preciso e do acompanhamento pedagógico correto.
Uma equipe multidisciplinar, a partir dos relatórios da orientação educacional, diagnostica e orienta o tratamento e o acompanhamento escolar. É um direito do aluno e do professor.
Não deve existir prazer em ver um aluno reprovar de ano, mesmo que ele seja indisciplinado ou preguiçoso. Nem é “justiça” reprovar o aluno apático ou bagunceiro.
Aluno que debocha do professor ou da aula está sofrendo e não sabe. Triste é o professor levar para o lado pessoal. Pior é usar nota (este grande mal da educação) para punir. Horrível é um aluno reprovar sem se saber a causa do desinteresse, do fraco rendimento. Não há reprovação quando um programa de reestruturação do aprendizado é promovido.
A depressão infantil ou juvenil, o atraso no desenvolvimento cognitivo, alterações emocionais (bloqueios, fobias, ansiedade) podem ser a causa do baixo rendimento na escola.
Ou seja, por causa física ou emocional (ou ambas), ou por “descompromisso” com a realidade do aluno é que ocorre o fracasso na escola. Mas algo precisa ser feito, tanto no âmbito político quanto no individual: que cada especialista ou professor encaminhe a família para um especialista, peça a montagem de um programa de acompanhamento pedagógico, oriente a família ou denuncie a negligência ao Conselho Tutelar ou ao Ministério Público, se for o caso. Existem causas diferentes em cada caso de déficit na aprendizagem, mesmo com diagnóstico semelhante, cada caso tem suas particularidades.
O que deve ser obrigatório: que cada caso seja estudado, diagnosticado e acompanhado desde o primeiro dia de aula, se possível.
São comuns os relatos de jovens e adultos que abandonaram os estudos após vários fracassos na escola, eles mesmos afirmando que não são bons para o estudo, apenas para o “trabalho duro”. Muitos desses “excluídos da escola” ingressam no crime. Se na escola não o aceitam, na rua ele é aceito. Muito se fala em inclusão. Mas, como disse Penna Firme, em sua palestra: a inclusão inicia no resgate do aluno com déficit de aprendizagem e da escola de qualidade.
* Gilmar de Oliveira, psicólogo clínico e professor universitário (INESA); especialista em Neuropsicologia e Aprendizagem e Mestre em Educação e Cultura. Endereço eletrônico: gilmardeoliveira@uol.com.br
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
O professor e as dificuldades de aprendizagem
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