quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

EDUCAÇÃO COM LIBERDADE?

Por: » JOSÉ MAURÍCIO BRÊDA – bacharel em Economia

Quando vejo e ouço o som fora dos limites suportáveis ao ouvido humano, instalado em carros, lembro 30 anos passados e penso: esses cidadãos, que hoje usam desse expediente, devem ser exatamente aqueles garotos que acompanhavam seus pais à praia e outros locais de diversão quando eu e minha família afastávamo-nos do local, fazendo valer a máxima de que os incomodados se mudam. E essa sequência de má educação continuará como um legado, pernicioso, a desassossegar-nos. Só não “vê” quem não tem “ouvidos”. Infelizmente, é dessa forma que assistimos a como nosso povo está mal educado. O dia a dia só comprova. Estava eu em supermercado da Gruta de Lourdes e, à minha frente, duas jovens senhoras e uma garota com seus dez anos. Enquanto uma, tratada por ela como tia, passava as poucas compras pelo caixa, a outra, mãe, postada atrás, fazia cortina para que a menina furtasse um reles saco de batata frita. Como o caixa era em frente aos sanitários, a aprendiz foi até lá e já voltou saboreando seu furto, para gáudio de sua mãe. Parecia que não existia mais alguém em volta, assistindo à tão degradante cena. Lembrei-me do texto publicado no gaúcho Jornal de Novo Hamburgo, de um promotor aposentado. Relata um incidente, igualmente em supermercado, onde um garoto impulsionava o carrinho de compras nas pernas do cidadão que estava à sua frente. Pacientemente, olhou para o garoto e demonstrou não estar gostando. Mas o pestinha continuava a jogar o carrinho em suas pernas. Esperou uma atitude da mãe, mas não vislumbrou repreensão da parte dela. Não suportando mais os esbarrões, resolveu dirigir-se à genitora, educadamente, pedindo sua interferência. Qual não foi sua surpresa quando a mãezinha disse-lhe que “meu filho ainda é pequeno e eu estou criando ele com liberdade”. Para os que ouviram tal excentricidade foi um choque. Como disse o articulista, esperavam que o agredido puxasse as orelhas do garoto, mesmo sabendo que a mãe o merecia mais. Porém, o mais inusitado estava por vir. Sendo fim de ano, diz o promotor, um senhor que estava no fim da fila assistindo a tudo resolveu ser o Papai Noel. Tirando da embalagem um ovo, dirigiu-se à “educada” mãe e, encostando-o em sua cabeça, esmagou-o. Com o cabelo encharcado de clara e gema, esta perguntou “o que estava pensando o senhor”. A resposta foi um primor: “Eu também fui educado com liberdade!”. Lembro Pitágoras: “Eduquemos as crianças, e não será necessário castigar os homens”.


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