terça-feira, 28 de agosto de 2012

Influência positiva da auto-afirmação na aprendizagem


2009-05-05

Por Isabel Azevedo *

Jovens negros vítimas de ameaça psicológica por estereotipia negativa

Na Science de 17 de Abril (2009) foi publicado um estudo cujas conclusões são da maior importância (Cohen GL, Garcia J, Purdie-Vaughns V, Apfel N, Brzustoski P: Recursive processes in self-affirmation: intervening to close the minority achievement gap. Science 324: 400, 2009) . Diz respeito à influência que uma intervenção simples – uma série de trabalhos escritos curtos mas estruturados sobre um valor importante para a auto-afirmação (por exemplo relação com familiares ou amigos ou interesses musicais), realizados ao longo do sétimo ano – tem sobre a performance escolar de alunos vítimas de ameaça psicológica por estereotipia negativa (isto é, por serem considerados menos capazes pelos professores e colegas; no caso em estudo por serem negros).

*Departamento de Bioquímica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Uma publicação anterior do mesmo grupo (Cohen GL, Garcia J, Apfel N, Master A: Reducing the racial achievement gap: a social-psychological intervention. Science 313: 1307, 2006) referia uma influência positiva significativa daquela intervenção sobre as notas desse mesmo ano por parte dos alunos discriminados negativamente, mais marcada no caso dos piores alunos.

A publicação deste ano refere-se à reavaliação dos mesmos alunos, dois anos após a intervenção referida no primeiro trabalho: a conclusão é que o ganho na performance escolar observado no ano da intervenção se mantém ao fim de dois anos!

Como referido no artigo, no ambiente de avaliação crónica da escola a performance está sujeita a uma retro-alimentação positiva. Um ciclo recursivo, em que a ameaça psicológica prejudica a performance, o que reforça a ameaça, o que diminui ainda mais a performance, etc., precisa duma intervenção atempada que interrompa o ciclo vicioso. Nesta investigação os autores mostram como uma intervenção relativamente simples o pode fazer.

Estes resultados não me surpreendem. Mas penso ser muito importante divulgá-los em Portugal, “país no grupo dos seis (países da Europa e América do Norte) onde mais jovens se sentem pressionados pela escola e onde maior número acredita que os professores não os acham capazes”, segundo estudo da Organização Mundial de Saúde (Health Behaviour in Schoolaged Children, inquérito feito de quatro em quatro anos).

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