Lucélia Andrade | Rádio Pioneira
Escolas Municipais de Tangará da Serra, uma das principais cidades do médio Norte de Mato Grosso, enfrentam problemas com a falta de merenda escolar. Mesmo com o cardápio para ser seguido à risca, a ausência de mantimentos impede que os alimentos sejam preparados e servidos aos estudantes. Na Escola Sílvio Paternez, o lanche servido na tarde de sexta-feira, 22, era composto de leite com achocolatado e bolachas. Uma das cozinheiras do local relatou que na dispensa só tem arroz. E desta forma seguir o cardápio é impossível.
A situação começou desde o início do ano e até agora não foi resolvida. Os alunos estão se alimentando apenas com bolachas e suco, adquiridos pela própria escola. O cardápio improvisado foi alternado inclusive com pipoca e leite e até fatias de abacaxi. Contudo o problema na merenda escolar não para por aí. Todas as escolas municipais receberam carne estragada.
O cardápio elaborado por nutricionistas da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec) é bem nutritivo e a cada dia traz uma variedade. Para o mês de março, por exemplo, o cardápio é diferenciado, e oferecem pratos como arroz à grega com ovos, salada de tomate e fruta; macarronada à bolonhesa e fruta; pão doce e suco de abacaxi; torta de frango com legumes e suco de limão; arroz, feijão, carne com mandioca e salada de tomate; arroz temperado com banana e carne e fruta; galinhada e suco; sopa de legumes com carne e fruta, entre outros.
A discrepância entre o cardápio disponível nas escolas, e os alimentos de fato oferecidos foi observada pelo vereador Odair José da Silva. “Visitei in loco a escola Sílvio Paternez, entrevistei alguns alunos que relataram que estão comendo bolacha e até pipoca no lanche. Na escola, o cardápio estava fixado na parede do refeitório. Considerando que o Município tem duas nutricionistas minha indagação é qual o motivo de estar ocorrendo isso nas escolas municipais”, questiona o vereador.
Odair relata que depois de constatada a situação na Sílvio Partenez, foi procurado por professores de outras escolas que relataram a mesma situação. “Diante disto, fizemos um requerimento que será protocolado na próxima sessão da Câmara para buscar informações sobre a questão de volume de recurso para a merenda e sua aplicabilidade”, fala o edil.
A questão da carne estragada foi o foco do vereador que diante distou identificou os demais problemas. “Semana passada chegou às escolas um carregamento de carne em estado de putrefação. O produto foi entregue pela empresa contratada de Cuiabá e que ganhou a licitação”, frisa. Por ser biólogo o vereador afirma conhecer um pouco da área de Controle de Produto de Origem Animal. “Se não tiver acompanhamento efetivo no local de origem, a carne acaba congelando e descongelando e mesmo assim mandada para o município. Na hora das cozinheiras abrirem os pacotes e se não estiverem bem atentas, pode acontecer de colocar a carne na panela, misturar os demais ingredientes, como batatinhas, repolho e tomate e neutralizar o odor, e acabar oferecendo carne estragada para os alunos”, comenta.
Odair lamenta que o fato de acordo com ele, poderia não ter caído no seu conhecimento. “Tentaram ocultar essa informação. O que me deixou bastante chateado. As servidoras da escola disseram que iam resolver internamente sem que os vereadores tivessem que ficar sabendo. Isso não pode acontecer. Os servidores têm que ajudar a cobrar”, lamenta. De acordo com o vereador, a Vigilância Sanitária acompanhou a troca da carne, no entanto, não sabia do fato da putrefação.
O diretor da escola Sílvio Paternez, José Fernandes, confirmou que de fato os alunos têm sofrido bastante neste início de ano, principalmente porque não estão se alimentando conforme oferecido no cardápio escolar. “Existem muitos itens que não tem chegado a tempo na escola e há cobrança da comunidade e dos alunos que vêem o cardápio exposto e questionam às servidoras, por que os alimentos não estão sendo oferecidos”, diz.
José Fernandes afirma que a escola está ‘em uma saia justa’. De acordo com ele, o que a Semec colocou é a dificuldade na questão da licitação. “Grande parte dos alimentos vem de uma empresa de Cuiabá, por isso há lentidão na chegada deles”, ressalta.
O diretor destacou que se a situação persistir vai chegar o dia que não haverá nenhum alimento para ser oferecido aos alunos. “Acreditamos no esforço da Semec. O secretário e sua equipe vão observar com bons olhos essa questão e fazer com que a merenda chegue às escolas com mais qualidade e nutrição”, finaliza.
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