sábado, 23 de março de 2013

Um Ensaio Sobre As Políticas Educacionais de Mato – Grosso Com Vistas às Teorias Clássicas da Sociologia



Maria Leodonia Araujo Barros
Orientador: Marlon
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso – Cuiabá MT
Resumo: Este ensaio é uma reflexão da vida profissional da autora no decorrer dos seus trinta anos de serviço na carreira do magistério, objetivando discutir as políticas educacionais de MT e suas mudanças, com vista à sociologia sob a visão dos sociólogos Marx, Durkheim e Weber e às Tendências Pedagógicas pelas quais se passou.

 Palavras – chave: políticas educacionais; sociologia e as tendências pedagógicas; ensino e aprendizagem.

1-  Introdução
As questões centrais discutidas na sociedade, até hoje, são: educação e política. Que na verdade podem já ser simplificadas na tradição clássica. Há três nomes incontornáveis neste domínio: Karl Max, Émile Durkheim e Max Weber. Mesmo não tendo pesquisado especificamente as políticas educacionais e tenham apenas estudado a questão do momento, contribuíram com uma série de documentos que puderam se tornar tendências pedagógicas. E são essas tendências pedagógicas que marcam as políticas educacionais.
Este texto restringe-se, portanto, em refletir as mudanças na política educacional em detrimento das tendências pedagógicas vividas pela autora ao longo dos seus trinta anos de magistério com vistas à sociologia da educação.
2-  A educação na perspectiva de Karl Max, Durkheim e Weber
Ao iniciar a carreira profissional no magistério em 1.983, a autora vivenciou a educação numa forma de socialização, de integração dos indivíduos no contexto do materialismo histórico, modelo marxista, onde a escola era um elemento de manutenção hierárquica social, onde as ideologias que estabeleciam as regras eram as classes dominantes.
Nesse momento, a educação ainda era baseada na Tendência Pedagógica Liberal Tradicional, voltada para a preparação intelectual e moral dos alunos para assumirem seus papeis na sociedade. Os conteúdos eram conhecimentos e valores sociais acumulados pelo professor e repassados aos alunos como verdades absolutas. Os métodos de ensino se davam pela exposição e demonstração verbal da matéria ou por meio de modelos para treino. O professor era a autoridade que exigia atitudes passivas do aluno, o ensino aprendizagem era uma receptiva mecânica do aluno, criança em sua faixa etária. Enfim, as manifestações adotadas eram filosóficas humanistas clássicas ou científicas.
Considera-se essa seqüência, uma definição, de educação na perspectiva marxista por entender o papel dos professores como reprodutores sócio-culturais, já que prega a educação intelectual, corporal (mecânica) e tecnológica (cientifica).
O trabalhador é tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais cresce sai produção em potência e em volume. O trabalhador converte-se numa mercadoria tanto mais barata quanto mais mercadorias produz. A desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização do mundo das coisas. O trabalho não apenas produz mercadorias, produz também a si mesmo e ao operário como mercadoria, e justamente na proporção em que produz mercadoria em geral. (KARL MAX, 1.987: 94).
            A visão Durkheimiana, consolida-se com a marximina ao ter como objetivo da educação, suscitar e desenvolver no aluno, estados físicos, intelectuais e morais que lhe exigem a sociedade.
  “... só a história do ensino e da pedagogia permite determinar os fins que a educação deve seguir em cada momento (...) o ideal pedagógico de uma época exprime antes de mais o estado da sociedade na época considerada”. (DURSHEIM, 2.009).
            Para Durkheim, os fins da educação são sociais e morais, devendo assim, promover a integração social e moral do indivíduo, já que ele considera que a escola tem que acrescentar algo na vida de uma pessoa, fazendo com que ela se torne uma pessoa mais sociável através da educação.
A Tendência Pedagógica Liberal Tradicional também se relaciona à explicação de Max Weber, porém sua visão se contrapõe à de Max.
“... é a dominação que se exerce na escola que se reflete nas formas de linguagem oral e escrita consideradas ortodoxas”... (WEBER, 1.971 p. 482).
Para Max Weber a educação não é uma temática dominante, mas sim uma relação associativa. É um modo de preparação dos homens para a vida.
“Toda a burocracia busca aumentar a superioridade dos que são profissionalmente informados, mantendo secretos os seus conhecimentos e intenções”.  (WEBER, 1.971 p. 482).
No centro da proposta educacional para Weber está a identificação de educação vista por três ângulos diferentes: a carismática, a humanista e o racional, sendo que o ensino é um desafio para o professor, responsável pela formação da sociedade através da educação.
Evidentemente, a concepção de educação vista aos olhos dos três sociólogos enquanto pilar reflexivo há relações lógicas como nossa realidade e só a partir da leitura de Um Toque de Clássicos pode chegar a um entendimento mínimo de que foi “pensar a educação”.
Idéias, valores, ideologias, conflitos e paixões presentes nas sociedades, permeiam a produção sociológica, antigos temas como: liberdade, igualdade e alienação não desaparecem, mas assumem outros significados. A sociologia foi e continua sendo um debate entre concepções que procuram dar respostas às questões educacionais de cada época.

3-     As diferentes Tendências Pedagógicas e suas manifestações
A educação passou por enumeras Tendências Pedagógica após a Liberal Tradicional, porém até nos dias atuais ainda se implica as manifestações dos sociólogos Marx, Weber, Durkheim.
A Tendência Liberal renovada Progressiva é baseada nas manifestações de Montessori, Decorly, Dewey, Piaget, Lauro de Oliveira e Lima. A aprendizagem deve ocorrer através da motivação e estimulação de problemas. O professor era auxiliador no desenvolvimento livre da criança. Os métodos tinham que ser aplicados através de experiências, pesquisas e solução de problemas. Os conteúdos eram estabelecidos a partir dos conhecimentos prévios dos alunos frente às situações – problemas. A escola deveria adequar-se às necessidades individuais ao meio social.
Na seqüência desenvolveu-se a Tendência Liberal Renovada não diretiva também conhecida como Escola Nova. Sustentada pelas manifestações de Carl Rogens e outros. O papel da escola era formar atitudes. Os conteúdos baseavam-se na busca dos conhecimentos pelos próprios alunos. O método era tido como facilitador da aprendizagem. A educação era centralizada no aluno e o professor era quem deveria garantir um relacionamento de respeito. Aprender seria modificar as percepções da realidade.
A Tendência Liberal Tecnicista se baseava nas Leis 5.540/68 e 5.692/71. A aprendizagem era centrada no desempenho do aluno. O professor transmitia informações e os alunos fixavam através de exercícios repetitivos. Os conteúdos eram transmissão e fixação de conteúdo. Os conteúdos eram trabalhador numa sequência lógica e psicológica. A escola era modeladora do comportamento humano através de técnicas especificas.
Logo após vieram novas tendências, desta vez, baseadas nas manifestações de Freire, a Tendência Progressista Libertadora. A escola visava levar professores e alunos a atingir um nível de consciência da realidade em que viviam na busca da transformação sócia. Os conteúdos eram trabalhados através de temas geradores. Os métodos de ensino se baseavam em grupos de discussões. A relação professor/aluno deveria ser de igual para igual. A aprendizagem deveria se dar na resolução de problemas.
Mudou-se novamente a Tendência Pedagógica para Tendência Progressista Libertária. O papel da escola era transformar a personalidade num sentido libertário e auto gestionário. As matérias são colocadas, mas não exigidas. Os métodos de ensino se davam na vivência grupal na forma de autogestão. O papel do professor era orientador e os alunos livres.
Aprendizagem informal via grupo. Essa Tendência foi extraída das manifestações de Miguel Arroyo e outros.
Por fim, estamos vivenciando a Tendência Progressista “crítico sociais” dos conteúdos ou podemos também chamá-la de Tendência histórica-crítica. Cujo papel da escola é difundir ser culturais e universais que são vividos pela humanidade frente à realidade. O método parte de uma relação direta da experiência do aluno confrontada com o saber sistematizado.
O aluno é tratado como um ser participador e o professor um mediador entre o saber e o aluno. A aprendizagem é baseada nas estruturas humanas do aluno. E no que tange às manifestações desta Tendência podemos dizer que é uma integração de todas as manifestações já citadas complementadas por Vygostsky, Emília Ferreiro, Wallon, Marenko, B. Charlot, Manacorda, Saviani e outros.
Percebe-se até aqui, que a política educacional de Mato Grosso às vistas das Tendências Pedagógicas vivenciadas e descritas pela autora foram várias, porém, pergunta-se: A prática mudou? Ou ainda somos e formamos profissionais alienados?

4- Considerações Finais:
É pretensão deste ensaio, expor algumas experiências profissionais vivenciadas ao longo dos trinta anos de serviço prestados pela autora na carreira do magistério e que evidentemente diante das mudanças na política educacional de Mato – Grosso, as manifestações da sociologia se fizeram presentes.
Podemos interpretar através dessas abordagens que há correlações lógicas das teorias clássicas da sociologia com o “pensar a educação” de Mato - Grosso.

5-  Referência
WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro. Zabar, 1.971.
MARX, Karl, Crítica da Educação e do Ensino. Lisboa, Moraes, 1.978.
DURKHEIM, Emile. Educação e Sociologia, Lisboa, Moraes. Edições 2.009.


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