Mais de cem alunos estudam em salas improvisadas, dentro de um barracão, que funcionava como indústria de palmito, no distrito de Nova Fernandópolis, em Barra do Bugres, a 169 quilômetros de Cuiabá. As salas são separadas com divisórias feitas de compensados de madeira e parte da estrutura já cedeu.
Há três anos, os alunos do 1º ao 5º ano e do ensino médio da escola municipal Raimundo Almeida Leão e a estadual Paulo Freire estão instalados no prédio. Segundo os alunos e professores é difícil conseguir manter a concentração, pois o tipo de material utilizado não isola o som que vem do outro lado da sala, o que dificulta o aprendizado. “A dificuldade é muita, o barulho é intenso. É difícil dar aquela explicação boa, principalmente para o ensino médio’’, relata a professora Ginoefa Santilio.
Em uma sala do ensino médio, os alunos têm que tomar cuidado para que as divisórias não caiam em cima deles. ‘’A parede cai, não dá pra estudar aqui. Precisa melhorar um pouco’’, declarou o estudante David da Silva, de 15 anos. Para conseguir dar aulas, muitas vezes os professores precisam negociar que tipo de atividade cada um vai passar naquele dia, para não atrapalhar mais ainda as outras turmas. ‘’A gente tenta controlar. Conversa com uma professora, conversa com a outra. Uma ensina um ditado, outra dá desenho, leitura de texto e outra passa na lousa’’, explica a professora, Ednei de Andrade.
Já em outra parte do prédio, as passagens são estreitas. Além disso, uma sala está cheia de livros e computadores que não estão sendo usados. “Os computadores estão inutilizados. Poderiam ser usados pelos alunos, do ensino médio principalmente. Mas por falta de estrutura física e instalação estão parados e empoeirados’’, conta a diretora Laurita de Almeida.
No local, há apenas dois banheiros e um bebedouro para utilização. Na hora do intervalo do lanche, os alunos precisam ir de ônibus até outro prédio da escola, que fica a duas quadras do barracão. No local, não existe refeitório e os alunos têm que comer em pé ou no chão, segundo professores.
Nesse mesmo local existe um barracão de uma igreja, que abriga alunos da educação infantil e do 6º ao 9º ano. O promotor de justiça de Barra do Bugres, Rinaldo Segundo, entrou com uma ação civil pública contra o município e o estado diante da situação. A secretária municipal de Educação, Joana Miriam Pereira, afirmou que há um projeto para reforma na Escola Municipal Raimundo Almeida Leão, mas está barrada em um processo de licitação. Ainda de acordo com a secretária, estão previstas obras para o início de julho.
Já sobre o caos na escola estadual Paulo Freire, a assessora pedagógica Terezinha Mendes disse que o local improvisado é uma extensão da sede, que fica a 30 quilômetros. Também informou que foi uma alternativa que o estado encontrou para que as crianças de Nova Fernandópolis pudessem fazer o ensino médio.
Fonte G1
sábado, 11 de junho de 2011
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