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Eles pensam que estão se divertindo, mas também estão aprendendo. Os blogueiros-mirins, que escrevem sobre desenhos animados, arte, animais e até moda, ganham muito mais do que conhecimento na sua área de interesse. Para especialistas, a prática ensina os pequenos a utilizar bem cedo ferramentas fundamentais da internet, além de ajudar na prática da escrita e no desenvolvimento de ideias, fundamentais no aprendizado das crianças.
A paulista Joana, 11 anos, pediu para o pai, o publicitário Gustavo Ziller, criar um blog para ela no final do ano passado. A ideia surgiu pela vontade de divulgar seus desenhos e pinturas. “Joana gosta muito de arte, de poesia e de música. Então, ela pediu pra eu criar um blog onde pudesse postar seus trabalhos”, conta Ziller.
O blog Arte da Jojo se tornou um meio de incentivo à criatividade, e, principalmente, uma preparação para o seu futuro, avalia o pai. “Todas as crianças dessa geração vão estudar na faculdade em um ambiente quase 100% digital. Na medida certa, essas ‘brincadeiras’ ajudam qualquer criança que já está naturalmente inserida nesse meio”, diz.
Além de estimular a criatividade, a pedagoga Patrícia Fonte, especialista em projetos dinâmicos, explica que a criação e atualização de um blog envolve pesquisa e interesse literário. “Quando uma criança produz um texto para publicar no blog interage com outros autores, pesquisa sobre o tema e passa a conhecer diversos escritores e ilustradores. Assim, o interesse por obras literárias cresce, retomando e reinterpretando conceitos e práticas, o que amplia sua visão de mundo e isto é fundamental no processo de aprendizagem”, afirma.
A escritora do livro Projetos Pedagógicos Dinâmicos: a paixão de educar e o desafio de inovar, afirma que mesmo cedo o blog pode ajudar na escolha profissional. “Ali serão revelados os temas que mais agradam e estimulam a criança para a leitura, pesquisa e produção textual”.
É o caso de Isabela Leindecker, 12 anos, que escreve há dois anos no blog Coisa de Bela, o qual atualiza semanalmente com novidades e opiniões sobre o mundo da moda. Para a porto-alegrense, a prática melhorou seu desempenho escolar: “Eu aprendi a escrever muito melhor, e desenvolvo isso a cada dia que posto”, conta, destacando que depois que virou blogueira também passou a ler mais. “Tenho que me manter atualizada para opinar”, diz.
Para ela, a maior contribuição do site, que recebe milhares de visitantes diariamente, foi a percepção do que pretende fazer no vestibular. “Eu amo escrever e fazer matérias, quero me tornar jornalista”, afirma a aluna da 6º série. “Atualizo de duas a três vezes por semana. Mais do que isso vira obrigação e fica chato. Ainda sou muito nova e tenho que me concentrar na escola”, fala. A pedagoga Patrícia concorda com Isabela e afirma que é esse o principal cuidado que os pais devem ter: não deixar que a prática se torne um vício e sobrecarregue os pequenos. “Tudo em excesso atrapalha. A criança precisa de limite e orientação do adulto para que essa atividade não se torne uma obsessão, um vício, a única que lhe dá prazer”, diz.
A psicóloga Deborah Dubner, de Itu (SP) conta que foi por se sentir sobrecarregado que o filho Danny, 11 anos, parou de escrever o blog Turma da Mônica Jovem, no qual fazia atualizações sobre os personagens de Mauricio de Souza e recebia mais de 10 mil acessos diários. Danny decidiu criar o espaço quando tinha somente 9 anos por pura curiosidade. Mas aos poucos, a atividade virou coisa séria.
“Chegou a um ponto que estava fazendo tanto sucesso que ele abriu vagas no blog para colaboradores e 100 pessoas se candidataram. Eu, que trabalho na área de RH, perguntei como ele escolheu, e ele me disse que mandou uma entrevista por e-mail e com os pré-selecionados teve um bate-papo no MSN. Ele selecionou 10 pessoas, entre desenhistas e moderadores”, conta.
Porém, no final do ano passado Danny começou a perder o interesse e procurou a mãe para o ajudar na decisão de acabar ou não com o blog. ¿Ele me procurou e disse que estava se sentindo sobrecarregado e tinha perdido o interesse. Perguntou se eu ia ficar braba e eu expliquei que não. Dei a maior força, pois ele tem que fazer aquilo que é divertido para ele¿, fala.
No entanto, segundo Deborah, a experiência valeu a pena enquanto durou. “Eu não tenho a menor dúvida de que essa experiência do meu filho com o blog foi extremamente rica em termos de aprendizagem. Ele treinou a escrita, relacionamentos virtuais, feed-back (críticas e elogios de leitores), aprendeu a ler gráficos com as estatísticas de acesso, treinou o gerenciamento de uma equipe, atribuição de tarefas, supervisão e muito mais”, conclui a mãe.
A pedagoga Patrícia aposta tanto na atividade como elemento educacional que encoraja a filha de 10 anos a inventar e atualizar blogs que a interessam. ¿É importante os pais ficarem de olho, pois o interesse da criança muda muito rápido por ser uma fase de descoberta. A minha filha já criou diversos blogs de acordo com o que ela sente curiosidade, depois que perde ela para de escrever. Agora ela está interessada em animais, então inventou o blog Mundo dos Gatinhos”, conta.
Para Patrícia o uso da ferramenta online deveria, inclusive, ser mais utilizada em sala de aula. “Os blogs devem ser usados com o objetivo de dar a palavra aos alunos, desenvolvendo sua criatividade e criticidade. Aulas, planos de trabalho, oficinas e pesquisas podem ser organizados no blog de trabalho da classe, tendo a vantagem de receber comentários e sugestões, trocando experiências com alunos de outros estados e realidades diferentes”.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias
terça-feira, 7 de junho de 2011
Blog ganha força como ferramenta de aprendizado
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