Everton Bonturim
Ensinar, mais do que um verbo de ação, essa palavra transmite a força de uma responsabilidade que assola a mente de qualquer bom professor. Há décadas o assunto radioatividade trás consigo uma bagagem de preocupações e questões socioculturais, formadas por fatos históricos que marcaram a história da civilização moderna.
As mesmas pessoas que hoje em dia se impressionam e se apavoram ao ouvir sobre a segunda Guerra Mundial e as bombas de Hiroshima e Nagasaki, talvez não tenham a mínima noção de que é a Energia Nuclear, fantasmagoricamente responsável por essas armas, é a mesma energia que a tecnologia faz uso para o tratamento de câncer. Com essa falta de informação, que domina grande parte da população, é que são criados os “monstros” por trás desse assunto.
A relevância do tema é de fundamental importância, visto a sua inserção na matriz curricular da disciplina de Química, onde os tópicos mais vistos envolvem as questões técnicas da energia nuclear tais como isótopos radioativos, tempo de meia vida e decaimento, transmutação e fissão/fusão nuclear. Como domínio da teoria, o conhecimento de tais assuntos é de pertinência para formação científica dos alunos, contudo, devemos nos preocupar com a inserção deste tema no cotidiano dos discentes.
Com a intuito de promover o conhecimento aplicado, como parte dos estudos publicados por Sousa et al. 2008, foi sugerido a criação de um tópico especial (Física Moderna e Contemporânea) na matriz da disciplina de Física, para sustentar também os estudos de Física da Radiações, buscando o aprimoramento do ensino de acordo com as propostas descritas nos PCNEM (Parâmetros Nacionais Curriculares para o Ensino Médio).
O objetivo deste texto é lidar com a problemática do ensino de Radiatividade apenas de forma técnica e quanto a Energia Nuclear, de forma subentendidamente negativa. O uso de exemplos tais como as bombas usadas contra o Japão, o acidente de Chernobyl, o acidente aqui no Brasil, em Goiânia, com Césio 137 e atualmente o acidente de Fukushima são exemplos aos quais devem ser atribuídos fatos históricos e técnicos por trás, não simplesmente serem usados para descrever a energia nuclear como inimiga da população.
A abordagem feita aos alunos de Ensino Médio, que ainda estão desenvolvendo suas capacidades de crítica e observação, precisa trazer ao plano de discussão todo o contexto das situações, aplicando cada caso às suas consequências, inclusive as positivas, situando a importância dessa fonte de energia na matriz energética, na medicina e na agricultura.
Com isso, a formação do cidadão se torna eficaz, ao permitir que os estudantes avaliarem com mais propriedade os fatos ocorridos e as decisões tomadas pelo Estado, contribuindo para o aspecto da contextualização curricular que abrande a aprendizagem significativa (AUSUBEL, 1998).
Everton Bonturimbonturim@yahoo.com.brGraduado em Química pela Universidade Ibirapuera.
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