sábado, 13 de agosto de 2011

DIFICULDADES EM MATEMÁTICA

Sandra Schaffer Simões e Eunice Barros Ferreira Bertoso

Sumário
Dificuldades em matemática: o apoio dos pais na visão do psicopedagogo

RESUMO

Compreendendo a importância do aprendizado da Matemática por alunos do ensino médio, no presente trabalho tem-se a meta de detectar as dificuldades de aprendizagem que eles possam apresentar, tanto no contexto situacional como no interpessoal. Considerando que e escola e a família, cada uma com sua função, são instituições presentes e determinantes na vida de uma criança, estuda-se aqui a responsabilidade de ambas na missão de educar. Há algum tempo, era comum atribuir à criança toda a culpa por seu fracasso escolar. Hoje, professores, educadores, pedagogos e psicopedagogos estudam novas metodologias de ensino que despertem a atenção e o interesse desses alunos para uma formação acadêmica diferenciada. A relação escola-família na aprendizagem de Matemática pode e deve ser fortalecida em benefício do aluno, mesmo nas atividades corriqueiras do seu cotidiano, para lhe demonstrar que a Matemática, longe de ser apenas distante teoria, faz parte da realidade de cada um. Os métodos adotados neste trabalho são hipotético-dedutivos, pois nele utilizaram-se pesquisas, fontes teóricas de uma revisão bibliográfica e, a partir destas, obtiveram-se as conclusões.

Palavras-chave: Matemática – Dificuldades - Aprendizagem – Apoio pais.

1INTRODUÇÃO

Antigamente costumava-se atribuir à criança toda a culpa por seu fracasso escolar. Hoje, porém, já se reconhece que as dificuldades em aprendizagem não se dão no vazio, e sim em contextos, tanto situacionais, quanto interpessoais. Não se pode falar de dificuldades tendo somente a criança como ponto de referência: o "contexto" em que a criança se encontra precisa ser considerado. Assim, tanto a família como a escola podem ser grandes responsáveis pela determinação dos distúrbios de aprendizagem.

A escola e a família são instituições presentes na vida da criança, cada uma com função distinta. A família com a missão de educar e a escola com a missão de transformar o conhecimento comum em conhecimento científico elaborado. Essas missões jamais devem ser confundidas ou negligenciadas.
Segundo MENEZES (2004), a Matemática, tanto quanto a Biologia, a Física e a Química, às quais ele ainda acrescenta a Astronomia e a Geologia, constituem um ilimitado conjunto de conhecimentos que, aprendidas na escola do ensino Médio, podem contribuir para as metas formativas gerais.

É tarefa difícil encontrar crianças e adolescentes que gostem de Matemática. Para despertar o interesse desses alunos, professores estão apostando em uma formação acadêmica diferenciada e em novas metodologias de ensino, apesar de admitirem que ainda não é o suficiente. (MURILLO, 2010, p.2).

No entanto, a relação escola-família na aprendizagem de Matemática pode ser fortalecida em benefício do aluno se, mesmo nas pequenas atividades familiares do cotidiano, for introduzido um pouco de Matemática de modo a mostrar a ele que a Matemática não é uma atividade desligada da realidade.

Para a realização deste trabalho foram levantadas as seguintes hipóteses: a abstração dos conceitos implica uma limitação do aluno no estabelecimento de relações com o real; os atributos de um conceito são todos necessários: implica uma limitação do aluno na sua apropriação; a simbologia é única e unívoca: implica uma exclusão da expressão pessoal do aluno na representação e descrição; a linguagem é fechada e distinta: implica uma limitação do aluno na relação com outras disciplinas; a comunicação é baseada em caracteres e na oralidade: implica a limitação da percepção do aluno.

2-OBJETIVOS

2.1-OBJETIVO GERAL
Investigar, por meio de revisão bibliográfica, como os psicopedagogos percebem o apoio dos pais perante as dificuldades dos filhos na aprendizagem da Matemática.

2.2-OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar as contribuições dos pais diante das dificuldades dos filhos na aprendizagem; e,
Identificar os recursos/estratégias utilizados pelos pais no apoio aos filhos com dificuldades em Matemática.

3-METODOLOGIA
Os métodos adotados neste trabalho foram hipotético-dedutivos, pois nele utilizaram-se pesquisas, fontes teóricas de uma revisão bibliográfica e, a partir destas, obtiveram-se as conclusões.

A partir de pesquisa bibliográfica de renomados autores especializados no tema, busca-se aqui explicar o problema de aprendizado estudando e analisando as contribuições culturais e científicas já experimentadas e publicadas. A pesquisa documental é um procedimento que faz uso de métodos e técnicas para a apreensão, compreensão e análise de documentos dos mais variados tipos.

Este artigo científico foi elaborado sob a ótica clínica, com base nos fundamentos da Psicopedagogia vivenciados na clínica, e, com o que se depreendeu deste estudo, pretende contribuir para o estabelecimento de uma prática, procurando sugerir possíveis formas de intervenção no tratamento dos problemas de aprendizagem escolar.

Nesta pesquisa, foram necessários estudo de métodos e técnicas que levem criteriosamente a resolver problemas. É importante também que a pesquisa esteja alicerçada pelo método, o que equivale a elucidar a capacidade de observar, selecionar e organizar cientificamente as vias que devem ser percorridas para a concretização da investigação. (GAIO, CARVALHO e SIMÕES, 2008, p.148).

MINAYO (2008), ao discutir o conceito e o papel da metodologia nas pesquisas, afirma: “a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a apreensão da realidade e também o potencial criativo do pesquisador” (MINAYO, 2008, p. 22).
Acumular conhecimentos nesta área não é o único objetivo ao se buscar o referencial teórico em pesquisa bibliográfica. Antes disto, se presta a identificar o estágio atual do conhecimento sobre o tema e, assim, nortear os estudiosos na definição dos problemas de pesquisa e nas suas possíveis soluções.

4-DESENVOLVIMENTO

4.1-CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
Estudos concluem que as causas dos problemas de aprendizagem podem ser de ordem física, sensorial, neurológica, emocional, intelectual ou cognitiva, educacional e socioeconômica. A família contribui em grande parte para a determinação desses problemas. Os pais, principalmente, podem, de diversas maneiras, favorecer ou prejudicar o processo de aprendizagem de seus filhos. Ao ingressarem na escola, as crianças, muitas vezes, demonstram dificuldades de adaptação que podem ser consequência de conflitos e crises de um sistema familiar ineficiente.

MORENO & CUBERO (1995, p.18) atribuem à família garantia de sobrevivência física de seus membros e ressaltam que é dentro dela que se realizam as experiências básicas que serão imprescindíveis para o desenvolvimento autônomo dentro da sociedade (aprendizagem do sistema de valores, da linguagem, do controle de impulsividade, etc.). Referem-se ao modelamento psicológico da criança, citando os meios para tal: recompensas, castigo, observação. Consideram o poder da família, não absoluto, nem infinito, visto que, quando a criança nasce, certas características podem ao menos estar parcialmente definidas, como sua saúde e temperamento infantil; outros contextos socializadores, como escola e colegas, influem sobre a criança, paralelamente à ação dos pais, em maior ou menor grau; a família é influenciada por uma série de fatores determinantes de seu funcionamento, por exemplo, situação socioeconômica dos pais. Os referidos autores discorrem sobre diferentes estilos de comportamento dos pais e consequentes efeitos sobre o desenvolvimento social e da personalidade da criança.

Classificam os pais nas seguintes categorias: pais autoritários - manifestam altos níveis de controle, de exigências de amadurecimento, porém baixos níveis de comunicação e afeto explícito. Os filhos tendem a ser obedientes, ordeiros e pouco agressivos, porém tímidos e pouco persistentes no momento de perseguir metas; apresentam baixa auto-estima e dependência (não se sentem seguros, nem capazes para realizar atividades por si mesmos); filhos pouco alegres, mas coléricos, apreensivos, infelizes, facilmente irritáveis e vulneráveis às tensões, devido à falta de comunicação desses pais; pais permissivos - pouco controle e exigências de amadurecimento, mas muita comunicação e afeto; costumam consultar os filhos por ocasião de tomada de decisões que envolvem a família, porém não exigem dos filhos responsabilidade e ordem; estes tendem a ter problemas no controle de impulsos, dificuldade no momento de assumir responsabilidade; são imaturos, têm baixa auto-estima, porém são mais alegres e vivos que os filhos de pais autoritários; e pais democráticos - níveis altos tanto de comunicação e afeto, como de controle e exigência de amadurecimento; são pais afetuosos, reforçam com frequência o comportamento da criança e tentam evitar o castigo; correspondem às solicitações de atenção da criança; esta tende a ter níveis altos de autocontrole e auto-estima, maior capacidade para enfrentar situações novas e persistência nas tarefas que iniciam; geralmente são interativos, independentes e carinhosos; costumam ser crianças com valores morais interiorizados (julgam os atos, não em função das consequências que advêm deles, mas, sim, pelos propósitos que os inspiram).

4.2-CONCEITUAÇÃO DAS DIFICULDADES NO APRENDIZADO E DO APOIO DA FAMÍLIA
BOSSA (1998, p. 23) ressalta que, mais do que responsáveis pela qualidade de vida, os pais são construtores do aparelho psíquico dos seus filhos. Nascendo numa condição de incompleto total, o ser humano depende inteiramente dos adultos que estão a sua volta, especialmente de seus pais ou daqueles que exercem função paterna e materna. Embora trazendo uma carga genética que também interfere no seu destino, o fator genético será menos influente quanto mais influente for a educação.

A autora supracitada ressalta que a aprendizagem se inicia já nos primeiros instantes de vida do bebê, quando este aprende o que é necessário para garantir a sua sobrevivência, como mamar, andar, falar, pensar. Para a autora “a aprendizagem e a construção do conhecimento são processos naturais e espontâneos na espécie humana” e a aprendizagem escolar também deve ser assim. Caso contrário, alguma coisa deve estar errada.

Segundo PIAGET (1976, p. 35), “o conhecimento é construído através da ação, quando o sujeito estabelece, desde o seu nascimento, uma relação de interação com o meio, e é essa relação da criança com o mundo físico e social que promove seu desenvolvimento cognitivo”.

Avalia-se que a vida em família é onde se inicia a aprendizagem emocional. Nesse caldeirão íntimo aprende-se como se sentir em relação a si mesmo e como os outros vão reagir a isto; aprende-se como avaliar os sentimentos e como reagir a eles; aprende-se como interpretar e manifestar as próprias expectativas e temores. Aprende-se tudo isso não somente por meio do que os pais fazem e do que dizem, mas também pelo modelo que oferecem quando lidam, individualmente, com os seus próprios sentimentos e com aqueles sentimentos que se passam na vida conjugal.

Aprende-se que ter pais emocionalmente inteligentes é, em si, de enorme proveito para a criança. Observa-se que a maneira como um casal lida com os seus sentimentos, além do trato direto com a criança, transmite sábias lições para seus filhos, que são aprendizes espertos, ligados com os mais leves sinais emocionais na família.

Segundo afirma WHITE (1996, p. 32):
“é no lar que a educação da criança deve iniciar-se. Ali está sua primeira escola, tendo seus pais como instrutores, onde a criança irá aprender as lições que a guiarão por toda vida – lições de respeito, obediência, reverência, domínio próprio. Sobre os pais repousa o dever de proporcionar instruções física, mental e espiritual, tendo como objetivo alcançar para seu filho um caráter equilibrado e simétrico”.

É sabido que o sucesso escolar depende, em grande maioria, de características emocionais que foram cultivadas nos anos que antecedem a entrada da criança na escola. A primeira oportunidade para moldar os ingredientes da inteligência emocional se dá nos primeiros anos, embora essas aptidões continuem a formar-se durante todo o período escolar. Depreende-se que crianças com transtorno de déficit de atenção são capazes de obter ótimos resultados escolares, desde que seus pais estimulem a sua inteligência emocional para a aprendizagem escolar.

SELVA & CAMARGO (2009, p. 14) afirmam que o ambiente familiar pode não potenciar o sucesso a Matemática. A família é a base da educação de uma criança e a escola não consegue aceder e moldar a família. Algumas características familiares mais determinantes para o (in) sucesso do aluno são a escolaridade dos pais, o nível de expectativas gerado na criança, a qualidade dos diálogos familiares, a quantidade de tempo de observação de TV, o tipo de programas de TV observados, o tipo de revistas e jornais adquiridos, o tipo de férias escolares.

A maior causa do insucesso é atribuída às características da Matemática. Não é difícil encontrar alguém que não goste desta matéria; alguns ainda admitem francamente detestá-la. Segundo MURILLO (2010, p. 2), é o que ocorre com os estudantes que têm algum tipo de dificuldade em assimilar os conceitos e, por esta razão, são incapazes de ver sentido nos conteúdos, que vão se tornando cada vez mais incompreensíveis para eles. Como uma forma de contornar o problema, estão sendo realizadas correções em vários sentidos, iniciando pela formação acadêmica dos licenciados nessa disciplina. O mesmo autor indica que, quando não existe associação de conteúdos com elementos mais próximos dos aprendizes, o entendimento do que está sendo ministrado acaba por ser prejudicado. “A Matemática fica muito abstrata. Aí o aluno vai ver equações algébricas, resolver questões do segundo grau e não vê sentido, porque não está associado ao cotidiano”, afirma.

Já Ribeiro (in: MURILLO, 2010, p. 2), assegura que os esforços acadêmicos de hoje se dão no sentido de promover alternativas para um ensino que desperte o interesse, ou pela associação da Matemática e sua história, ou do ponto de vista das tecnologias, entre outras formas.

Pesquisas indicam que os pais com filhos na escola avaliam positivamente as suas atitudes em relação à educação destes. Os resultados obtidos na pesquisa “A participação dos pais na educação dos filhos” realizada pelo programa Todos pela Educação (In: Práticas comuns e dificuldades em acompanhar os filhos, http://www.pluricom.com.br/clientes/grupo-sm/noticias/2009/10/a-participacao-dos-pais-na-educacao-dos-filhos) apontam que prevalece o discurso do zelo e do rigor no acompanhamento dos estudos.

Segundo a mesma pesquisa, 80% dos pais declaram estar sempre atentos à freqüência dos filhos às aulas e acompanham as suas notas. No entanto, apenas 53% afirmam estabelecer e respeitar horários para os estudos. Surpreende também a constatação de que apenas 2 em cada 10 alunos possuem conhecimento adequado à sua série em Matemática.

“É imprescindível que os pais estejam cientes de que os seus filhos têm baixa aprendizagem. Temos tido baixo desempenho em leitura, matemática e ciências, tanto no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), quanto nas avaliações nacionais, como na Prova Brasil/Saeb. Assegurar esses conhecimentos básicos é fundamental para combater a nossa desigualdade social e os impactos negativos que isso traz na competitividade do Brasil no mundo globalizado. O cenário atual exige gente informada e qualificada, o que significa dizer alunos aprendendo.”(MOZART, In: MURILLO, 2010, p. 13).

As maiores dificuldades que os pais alegam encontrar para acompanhar a Educação dos filhos são a falta de tempo e o despreparo para auxiliá-los quando surgem dúvidas sobre os conteúdos. Tais dificuldades são atribuídas muito mais aos pais e aos alunos do que em relação aos professores e à estrutura geral.

O baixo nível cultural e social do agregado familiar, ao não proporcionarem os meios, estímulos, motivações, condições de estudo e aprendizagem aos seus educandos, tornam-se obstáculos ao normal funcionamento da aprendizagem e estão na origem de insucesso escolar.

Para MARTINS e CABRITA (1991, p. 2), o nível econômico, cultural e escolar das famílias de que são oriundos os alunos constituem causas dominantes do insucesso escolar, acrescentando ainda outros aspectos, como a distância de casa à escola e a zona de residência.

5- PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Cabe à escola se empenhar no desenvolvimento de habilidades para fazer o aluno pensar, fornecer-lhe conhecimento consistente, pois assim criam as próprias habilidades a partir do contexto sociocultural, físico e intelectual, como por exemplo: habilidades motoras, habilidades operatórias, habilidades artísticas. A habilidade, também chamada de talento, instinto, múltiplas formas de inteligência, virtude, é uma dádiva da Natureza. Desta forma, habilidades e competências devem estar ligadas ao indivíduo.

Antes de qualquer medida, porém, aconselha-se que o professor esteja atento ao aluno, verificando se ele apresenta algum sinal de que o seu organismo não vai bem, se tem cuidados com a alimentação, sono e higiene, devendo ser aconselhado neste sentido.

No aprendizado da Matemática, especialmente, para dominar os seus conceitos básicos, LIMA (2009, p. 17), afirma que: “se deve iniciar com o pensamento concreto, trabalhando a criança com coisas que lhe sejam concretas, que ela possa pegar, sentir, olhar, perceber – até mesmo as diferenças – seriar, classificar, incluir, direcionar, intercalar, posicionar quanto à lateralidade, tempo, espaço e ritmo, tudo isto fundamentado nas próprias experiências. O aluno terá melhores condições para compreender e resolver o problema quanto mais real este for para ele”.

Uma iniciativa prioritária para tentar resolver o problema da dificuldade de aprendizagem é apontada por MURILLO (2010, p. 2), que prevê a sensibilização dos professores de Matemática no sentido de colher e dar informações relativas a esse processo e delinear estratégias de envolvimento do corpo docente em futuros trabalhos de colaboração escola-família.

Mesmo quando os pais têm dificuldade com a Matemática, o autor aconselha que estes sejam pacientes ao orientar seus filhos, dando-lhes toda a atenção e nunca reforçando que o problema é realmente difícil; neste caso, os pais sempre podem recorrer ao professor. A família agirá construtivamente para corrigir deficiências que deixaram de ser sanadas no momento certo, pois, se não for feito um trabalho de recuperação, ou ninguém detectou o problema na criança, ela poderá arrastá-lo por diversas recuperações.

Afirma ainda MURILLO (2010, p.3), que as relações entre escola e família são complexas, principalmente porque a Matemática que se aprende em casa e aquela que se aprende na escola se relacionam de forma assimétrica, pois a da escola tem um padrão bem mais elevado. Não obstante, o conhecimento informal da Matemática que se aprende em família pode ser um elemento facilitador para o que se aprende na escola. (BROWN, In: MURILLO, 2010, p. 3).

É opinião de vários educadores matemáticos que os pais precisam ser informados sobre os progressos de seus filhos, e os professores desempenharão melhor o seu papel se ouvirem os pais.

O conhecido psiquiatra, escritor e conferencista IÇAMI TIBA, assegura que uma das maneiras habituais de os pais acompanharem os estudos do filho é perguntar se ele já fez sua lição de casa. Tal cobrança indica que o dever sempre precede o prazer, afirma. Na educação hodierna, o dever foi trocado pelo prazer, pela idéia de que o filho tem de ser feliz, o que alega ter sido confundido com “prazer e vontades satisfeitas a qualquer custo”. Os aprendizes não estudam porque não sentem vontade nem prazer de estudar.

No entanto, o aprender nunca foi tão importante quanto atualmente, pois os indivíduos que permanecem como estão tornam-se obsoletos pelo enorme e ágil avanço tecnológico e comportamental. “Estudar é um dos mais importantes recursos para alguém aprender a aprender”. (TIBA, 2010, p. 12). Afirma ainda que quem ensina – pais e professores - pode perguntar ao aluno “O que você aprendeu hoje?”, o que seria uma forma de tornarem-se “aprendentes” de seus filhos e alunos. O mesmo autor conclui dizendo que:

É dessa forma que se cria um fórum diário de troca de conhecimentos recém-adquiridos a cada aula dos filhos, a cada aprendizado dos pais. Desde que o mundo é mundo e as pessoas aprenderam a se relacionar entre si, o interesse pelo outro passou a existir. Esse interesse se transforma em riqueza quando a troca é de conhecimentos, e não simplesmente de ordem e de cobranças. Esse aprender não tira férias. (TIBA, 2010, p. 12).

Projetos no âmbito da relação escola-família com o objetivo de ajudar os pais no apoio que podem vir a dar a seus filhos, principalmente na Matemática, têm sido implementados em vários países. Algumas questões se impõem neste sentido: Como pode a família participar nas aprendizagens escolares dos alunos se a Matemática que os pais e os avós aprenderam parece tão diferente da de hoje? Os jogos e brinquedos que se compram hoje para os filhos e contêm Matemática serão úteis para que as crianças sejam melhores alunos nessa matéria? Projetos e trabalhos de investigação no âmbito da colaboração da família nas aprendizagens de Matemática têm revelado que o apoio da família está relacionado com o sucesso dos alunos.

Nisto, não são o nível social e econômico da família os determinantes, mas sim o ambiente em casa, que deverá ser favorável. As expectativas positivas dos pais e o envolvimento na educação da criança tanto na escola como na comunidade, o interesse pelo desenrolar dos acontecimentos na sala de aula e na escola, são considerados fundamentais. (HENDERSON e BERLA, 1994 In: Manual Escolar 2.0, 2010, p. 2).

6- CONCLUSÃO
Um dos questionamentos mais comuns utilizados pelos alunos quando lhes dizem que devem estudar Matemática é a pergunta de quando vão usá-la na vida real. No entanto, pais e mestres, em vez de se deixarem intimidar por esse argumento, devem desenvolver e estudar estratégias que demontrem que a Matemática é uma presença constante no cotidiano de qualquer pessoa, em praticamente todas as situações. É justamente por essa razão que se devem usar ações da vida diária para ensinar-lhes essa matéria, e de uma forma tão natural que eles nem vão perceber que estão aprendendo.

Para trabalhar as dificuldades apontadas pelo educando, pais e educadores devem unir-se com o objetivo de sanar as deficiências apontadas pela criança. Neste sentido, professores e pais têm responsabilidades e ações a tomar.

Cabe aos professores: estimular o potencial motor e intelectual do aluno, por intermédio de estratégias que proporcionem a recuperação do conteúdo escolar; desenvolver responsabilidades próprias, mormente em relação às obrigações escolares; adotar práticas educativas combinadas com afeto positivo e controle; definir regras claras e consistentes; incentivar a participação ativa da criança; prover experiências variadas, significativas e interessantes; proporcionar reciprocidade na interação, senibilidade e diponibilidade; motivar o aluno constantemente, o que o tornará capaz de enfrentar qualquer desafio ou dificuldade; promover ambiente com regras, limites, compreensão, confiança e valorização do potencial do aluno; trabalhar aspectos emocionais internos, com vistas a minimizar a ansiedade e a insegurança, principalmente diante de situações inesperadas; oferecer recursos que enriqueçam o processo educativo; melhorar a comunicação afetiva social na relação profesor-aluno; proporcionar reforço paralelo e contínuo.

Aos pais igualmente competem algumas tarefas, como: ler para o filho e ouvi-lo ler; demonstrar prazer estando em sua companhia; disponibilizar materiais educativos vairados e adequados à faixa etária do filho; envolver-se nas questões escolares; perguntar sobre a escola, a aula, e o que fez nela; estimular a conversação e o diálogo; servir de mediador, interagir; favorecer um ambiente calmo no lar; promover ambiente com regras, limites, compreensão, confiança, valorização do potencial; rever as atitudes em relação ao filho; não criar expectativas em relação ao desempenho escolar da criança; estimulá-la positivamente valorizando suas conquistas por menores que sejam; proporcionar oportunidades para que possa expressar suas ideias e opiniões; dosar o tempo diante da TV ou do computador; olhá-lo como uma pessoa, e não apenas como cirança.

A proposta Psicopedagógica tem o objetivo de trabalhar em parceria com a escola, oferecendo um olhar diferenciado ao aluno, da mesma forma como deve proceder com relação ao seu desempenho, potencialidades e dificuldades.
Busca-se, por meio do contato com a família e com profissionais ligados à educação, entender melhor a criança que apresenta dificuldades no processo de ensino e aprendizagem para, com maior eficiência, articular, redirecionar e sanar seus transtornos. Neste contexto, entende-se que o psicopedagogo é o interlocutor entre as partes, pais e escola, e que, por intermédio de encontros, relatórios e devolutivas, a escola, num trabalho de parceria, passa a participar ativamente no movimento de intervenção. Inserido neste trabalho de parceria, o empenho da escola, dos pais, assim como do psicopedagogo será mais bem compreendido pelas crianças e/ou jovens e os levará a um melhor posicionamento na escola, na família e na sociedade.

Bibliografia
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOSSA, Nadia Aparecida, Do nascimento ao início da Vida Escolar: o que fazer para os filhos darem certo? In: Revista Psicopedagogia. Vol. 17, São Paulo, Salesianas, 1998.
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HENDERSON, Anne e BERLA, Nancy, 1994 In: Manual Escolar 2.0, 2010. http://catiaosorio.wordpress.com/2010/02/16/relacao-escola-familia-na-aprendizagem-da-matematica/ Manual Escolar 2.0 da Sebenta. Acesso em 20 set 2010.
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Publicado em 18/07/2011 15:49:00
Currículo(s) do(s) autor(es)
Sandra Schaffer Simões e Eunice Barros Ferreira Bertoso - (clique no nome para enviar um e-mail ao autor) - Sandra Schaffer Simões: discente, Psicopedagogia, UNASP/SP
Eunice Barros Ferreira Bertoso: Pedagoga, Psicopedagoga, Mestre, Docente, orientadora do UNASP/SP (Centro Universitário Adventista de São Paulo). Associada a ABPp, seção São Paulo.
e-mail: euni_barros@yahoo.com.br

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