segunda-feira, 30 de maio de 2011

Conheça experiências de Ensino Médio Inovador em alguns Estados

O Observatório entrou em contato com sete escolas de diferentes estados para que participam do programa Ensino Médio Inovador. Em duas delas, o programa ainda não saiu do papel.

Do Observatório da Educação
Qua, 25 de Maio de 2011

Em outras três, as experiências foram desenvolvidas majoritariamente no contraturno e delas participam todos os alunos e professores.

Parte dos recursos foi utilizada para ampliar laboratórios e para a compra de material de apoio pedagógico. As professoras ouvidas consideram o programa importante.

Maranhão

Em escola de São Luís, no Maranhão, uma professora explica que são desenvolvidas “oficinas de interdisciplinaridade”. O programa “ajudou a ampliar projetos que existiam e a criar novos”. São aulas no contraturno e aos sábados, “de língua estrangeira, meio ambiente, gravidez na adolescência, prevenção ao uso de drogas, preparatório para o Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] e reforço escolar”.

Há também projetos no próprio turno, “pela realização de palestras”. Os recursos foram utilizados para “pagamento dos professores, material de apoio e para melhoria da escola”. O programa está no segundo ano de vigência. “É de grande importância, tem muita procura, nem damos conta de atender todos os interessados nos cursos de língua estrangeira”, afirma a professora.

Bahia

Em escola localizada na Bahia são desenvolvidas dez oficinas, que “trabalham com a questão interdisciplinar, geografia, português, teatro e de xadrez”, por exemplo. Uma professora conta que as atividades são realizadas no contraturno, voltadas para alunos do primeiro e segundo anos do ensino médio.

Os recursos enviados pelo Ministério da Educação (MEC) foram utilizados para “contemplar o plano de ação pedagógico (PAP) para as implementações necessárias para as oficinas. Foram adquiridos equipamentos, materiais e feita a adequação de espaços. Implementamos ou melhoramos laboratórios de informática, audiovisual, de química e de física”.

Assim como em São Luís, há dificuldades de contemplar alunos do ensino noturno, pois “são trabalhadores. Não têm como vir no turno oposto”. A professora também considera o programa “importante, pois traz responsabilidade para o aluno do ensino médio, que aprende a estudar, desenvolve raciocínio lógico e adquire autonomia”.

Amazonas

Em escola de Eirunepé, no Amazonas, o programa funciona pelo segundo ano consecutivo, e conta com a participação de todo o professorado. “Tem carga horária de 12 horas e atende no contraturno”. São desenvolvidos projetos de “leitura e produção de textos, por exemplo. Há também a utilização do laboratório de ciências e de matemática, aulas de higiene e saúde, e simulado do Enem”. A escola oferece ainda cursos sobre o “novo acordo ortográfico, ética e cidadania”. Todos os alunos são atendidos. “É ótimo, todo mundo gostou”.

Os recursos repassados pelo MEC foram utilizados para “montar laboratório de matemática, ciências e informática, além de compra de material de apoio”. A professora afirma, no entanto, que pela localização da escola, no interior do Amazonas, há pouco contato com o ministério. “Tivemos dificuldades no ano passado porque perdemos os encontros de formação, em razão da distância”.

Paraíba

Na Paraíba, o projeto ainda não saiu no papel. . Em um colégio de João Pessoa, a diretora e uma professora relataram que um grupo de professores da escola cumpriu todo o processo inicial do projeto. “Mandamos um grupo no Rio de Janeiro. Assistiram ao curso, vieram, passaram toda a vivência para a gente. E não saiu do papel”.

Ela atribui isso ao governo estadual, que não cumpriu a sua parte no projeto. “Veio verba do governo federal, fizemos algumas melhorias e viagens, mas o principal, que era a capacitação e orientação pedagógica para a criação do projeto, não aconteceu. O governo estadual não apoiou”.

Além disso, ela afirma que o governo estadual não concedeu gratificação aos professores que aumentariam a sua jornada de trabalho para cumprir a extensão da carga horária . “Tivemos professores que pediram demissão de seu trabalho extra. Eles deixaram outras atividades para se dedicar ao projeto, mas não teve continuidade”.

Para Girleide Medeiros, gerente operacional de ensino médio da secretaria estadual da Paraíba, criou-se uma “expectativa que não era necessária”. Ela admitiu os problemas relatados pelos profissionais de educação, mas afirma que isso ocorreu devido às recentes trocas de comando do governo estadual (o estado teve três governadores diferentes em quatro anos). Girleide diz que a gratificação não sairá tão cedo. “Atualmente o estado está ajustando as contas públicas”.

Ela também atribuiu essa paralisação à falta de recursos que o MEC enviaria para o Estado. A Paraíba, assim como outros dez estados, não recebeu a verba destinada às capacitação pedagógica para o desenvolvimento de projetos e gratificações aos professores. “O MEC só repassou a verba do PDDE para as escolas”.

Girleide garantiu que a capacitação pedagógica começará a ser feita no próximo semestre e que o currículo terá conteúdos voltados para o EMI a partir do ano que vem. “Vamos fortalecer o currículo com uma proposta mais integradora, acompanhando de perto”.

A gerente não garantiu, entretanto, se haverá aumento de carga horária para o ano que vem. “Em 2012, ele [o governador] vai repensar. Nós vamos começar [o programa] sem o MEC mandar nada”.

Paraná

Assim como na Paraíba, as escolas que implantariam o EMI no Paraná não viram o programa avançar, mas já receberam as verbas referentes ao PDDE. Uma pedagoga conta que foram elaborados três projetos, todos de realização de aula no contraturno. “Não começou ainda. Mandamos três projetos para o MEC e Secretaria de Estado da Educação (SEE). Foi aprovado um ou dois, mas os projetos não voltaram.

Já houve repasse do ministério para a compra de material didático, dentre livros, e DVDs, por exemplo. Mas não foi possível ainda formar turmas. “Aguardamos resposta da SEE para saber qual dos projetos foi o aprovado para fazer as matrículas”.

Ela conta que os professores responsáveis participaram de curso de formação no Rio de Janeiro promovido pelo MEC em janeiro de 2010, mas ainda assim não foi possível montar as turmas. “Estamos aguardando uma posição da secretaria e do MEC”. Os projetos referem-se a aulas de astronomia, fontes históricas e literatura.

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