A senadora Marta Suplicy (PT-SP) divulgou nota sobre a polêmica em torno da suspensão da divulgação do kit anti-homofobia determinada pela presidente Dilma Rousseff na quarta-feira (25), após negociação com as bancadas religiosas do Congresso Nacional. Formado por textos e vídeos, o kit destina-se, segundo seus autores, a fornecer informações para professores de ensino médio sobre como lidar com a diversidade sexual no âmbito escolar.
Na nota, Marta Suplicy diz que a informação é um instrumento para combater o preconceito, maior incitador de violência. Para a senadora, é responsabilidade do governo fornecer informações sobre sexualidade aos jovens como forma de combater preconceitos. E o local adequado para isso, em sua avaliação, é a escola.
Marta afirma que o compromisso do governo contra a homofobia é firme. Ela diz ainda que o Ministério da Educação deve encontrar forma e conteúdo adequados para que a informação circule na sociedade. A senadora disse acreditar que a busca por palavras e imagens adequadas pode ser levada para um debate mais amplo, como quer Dilma. Mas alerta na nota:
"Temos, porém, que ter em mente que a sociedade já avançou no que se refere à informação sexual e o retrocesso não levará a um mundo melhor. De qualquer maneira, a própria discussão incitada pelo kit já está fazendo a sociedade ser obrigada a fazer uma reflexão que dificilmente ocorreria"
Em entrevista na quinta-feira (26), Dilma Rousseff afirmou que o governo defende a educação e luta contra as práticas homofóbicas, mas que "não vai ser permitido a nenhum órgão do governo fazer propaganda de opções sexuais".
Veja a íntegra da nota de Marta Suplicy, publicada em seu perfil no Facebook:
"A preocupação com a quebra do preconceito, que é o maior incitador à violência, é fundamental em uma sociedade. Um dos instrumentos para tal fim é o debate, a informação e o respeito ao outro.
É prerrogativa das famílias transmitir aos filhos valores e crenças. É responsabilidade do governo fornecer informação sobre sexualidade a crianças e adolescentes, assim como combater qualquer tipo de preconceito. O local para isso é a escola.
Por vezes, a sociedade civil e os meios de comunicação assumem também esse papel. Foi o caso da TV Mulher, que tive a honra de participar nos anos 80. No executivo, primeiro na gestão de Luiza Erundina, ao lado de Paulo Freire, e depois como prefeita, realizamos esse trabalho em São Paulo.
O compromisso do Governo Dilma no combate ao preconceito é firme. Como bem disse a presidenta na tarde de hoje, o governo tem posição contra as práticas homofóbicas. É da responsabilidade do MEC construir instrumentos adequados e aprovados pela maioria da sociedade civil que visem à informação e proteção de nossas crianças e adolescentes.
Na questão da sexualidade, a delicadeza no trato, o respeito às idades e o conteúdo adequado são imprescindíveis, assim como a formação dos professores que desempenharão a tarefa. O cuidado da presidenta com a adequação do kit anti-homofobia é compreensível e a ousadia do MEC em apresentar o material corresponde aos anseios de professores e escolas que desejam mais conhecimento para exercer seu trabalho de educação.
A busca da palavra e da imagem adequadas na confecção do conteúdo educativo pode ser levada para um debate mais amplo, como quer a presidenta. Temos, porém, que ter em mente que a sociedade já avançou no que se refere à informação sexual e o retrocesso não levará a um mundo melhor. De qualquer maneira, a própria discussão incitada pelo kit já está fazendo a sociedade ser obrigada a fazer uma reflexão que dificilmente ocorreria.
"Silvia Gomide / Agência Senado
terça-feira, 31 de maio de 2011
Discussão sobre o 'kit' anti-homofobia gera reflexão na sociedade, diz Marta Suplicy em nota
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