domingo, 29 de maio de 2011

Infinitivo com valor de substantivo não se flexiona

Por Thaís Nicoleti

Flexionar ou não o infinitivo? Essa é uma questão que assola a maior parte dos redatores várias vezes durante a composição de seus textos. São diversos os casos em que a questão se coloca. Um deles, com certeza, é o da estrutura do período a seguir:

“Cabe aos seus eleitores e às famílias brasileiras julgarem se o deputado está certo ou errado.”

Muito bem. O infinitivo se segue a uma sequência de termos no plural (aos eleitores e às famílias brasileiras), mas nem por isso se flexiona. A vizinhança acaba influenciando a opção pela flexão, mas vejamos por que essa escolha não é acertada.

Sabemos que o verbo se flexiona para concordar com seu sujeito, de modo que a forma flexionada “julgarem” estaria correta se tivesse um sujeito no plural, coisa que não ocorre. Na verdade, o infinitivo “julgar” é o sujeito do verbo “caber”. Algo cabe aos eleitores e às famílias brasileiras – esse “algo” é “julgar se o deputado está certo ou errado”. Em outras palavras, “julgar” cabe aos eleitores e às famílias.

Os eleitores e as famílias funcionam como objeto indireto do verbo “caber” – tanto é que esses termos estão antecedidos de preposição, coisa que jamais ocorre com o sujeito de uma oração.

A frase que temos é daquelas em que o infinitivo tem valor de substantivo: “julgar” equivale a “o julgamento”. É o mesmo tipo de estrutura de “Navegar é preciso”, “Beber bastante água faz bem à saúde”, “Praticar exercícios é um hábito saudável”. Nestas, não ocorre confusão porque elas não apresentam objeto no plural, mas a estrutura é basicamente a mesma. Assim: Julgar... cabe aos eleitores e às famílias.

Veja abaixo o fragmento corrigido:

Cabe aos seus eleitores e às famílias brasileiras julgar se o deputado está certo ou errado.



Fonte: Uol Educação

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