Mediando as regras e o saber, estabelecendo o contrato didático
Antes de se discutir como estabelecer um acordo didático, é preciso entender no que ele consiste. Segundo Brousseau, o contrato didático é um conjunto recíproco de comportamentos esperados entre alunos e professor, sendo mediados pelo saber. Com isso, ele pode ser entendido como um instrumento que auxilia na análise das relações professor, aluno e saber.
Como a maioria dos estudos acerca das práticas educacionais (metodologias de ensino, psicologia do ensino, entre outras), foi visto que o ensino focado apenas no conteúdo não contribui para uma formação completa dos alunos, ou seja, é necessário analisar e compreender todos os componentes que constituem esta construção do saber. Um dos componentes cruciais para esta construção é a organização do ambiente escolar, disposto em regras e deveres de cada um dos integrantes deste processo de ensino e aprendizagem.
Contudo, existem regras que são explícitas (aquelas que são explicitadas pelo professor) e implícitas (que acompanham a formação de cada indivíduo dentro do ambiente escolar). Com isso, o contrato didático vem tanto para explicitar as regras de modo a determinar a função de cada um dos participantes no processo de ensino e aprendizagem quanto para ressaltar as regras que deveriam ser conhecidas por todos.
Mas como estabelecer este contrato didático sem que os alunos o vejam de forma unilateral, ou como uma imposição de seu professor? Afinal, se este contrato for estabelecido com um caráter autoritário, poderá ser um inimigo para a construção do saber, pois estará prejudicando a relação professor-aluno.
Com isso, para melhor compreensão tanto das regras quanto da importância do contrato didático, algo que pode ser interessante é a construção deste contrato didático com a participação dos alunos.
A construção do contrato pode ser feita através de um debate ou uma dinâmica, em que os alunos exporão as regras que acham importantes para o bom funcionamento das aulas. Estas ideias deverão ser mediadas pelo professor, para que não se perca o foco do que deve ser discutido e para que seja dada a chance de todos falarem.
É possível retirar duas vantagens de um contrato didático estabelecido desta forma:
• Valorização do saber do estudante, proporcionando uma maior interação entre ele e o professor, colaborando para a participação dos alunos nas aulas.
• Em casos de quebra das regras, o professor poderá relembrar os alunos que aquela regra infringida, foi ressaltada por eles, ou seja, eles estão indo contra o próprio discurso.
Esta é apenas mais uma ferramenta a ser usada neste complexo processo de ensino e aprendizagem, ferramenta esta que é o início deste processo que será construído ao decorrer de todas as aulas.
Por Gabriel Alessandro de Oliveira
Graduado em Matemática
Equipe BrasilEscola
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