Rosângela Cadidé
As nossas crianças e adolescentes de hoje já não são mais os mesmos de alguns anos atrás. Eles têm participado avidamente do mundo dos adultos e se transformaram nos novos convidados da realidade orgástica do consumo e dos prazeres. Algumas pessoas até brincam dizendo: “antes as crianças nasciam com os olhos fechados, hoje elas já nascem de olhos bem abertos e futuramente vão nascer falando.”
As crianças, tendo nascido no seio de uma família e considerados como pertencentes a esta família, encontram-se, paradoxalmente, cada vez mais solitários e à mercê das influências de seus pares da rua, da escola e do apelo cultural para que se tornem, rapidamente, adultos esbeltos, ricos, formosos, na moda e plenamente sexualizados.
Isso tudo tem acontecido porque a maioria dos pais para garantir o sustento da família se ocupam diuturnamente com suas próprias vidas, se preocupam em ganhar dinheiro, em sobreviver e em não perder tempo. De todas as reflexões e estudos sobre a infância e adolescência da nossa atualidade, há algo que é consensual: as crianças estão mais sozinhas ou mais na convivência com seus pares da rua do que no seio de suas famílias. O pai, a mãe, ou qualquer outra figura de ligação familiar está se tornando rarefeita.
Dentro de sua casa, mas distante do convívio doméstico e familiar, o adolescente ou a criança está solitariamente assistindo à tevê, na internet ou está fora de casa, em bandos perambulando pelas ruas, nos shoppings, nos lugares de lazer. Por outro lado, parece razoável atenuar o peso atribuído à hegemonia da televisão, tendo em mente a redução das oportunidades de convivência e brincadeiras ao ar livre. Isso porque os espaços livres das ruas, antes utilizados pelas crianças e adolescentes para brincadeiras, já não estão mais disponíveis, estão intensamente habitados por carros, prédios, marginais, ladrões.
A rua perdeu seu lugar de expressão coletiva dos jogos e das brincadeiras. Como os tempos mudaram! Há mudanças que são inevitáveis, mas muitas vezes, elas não trazem progresso. A correria do dia dia-a-dia tem feito com que muitas famílias têm esquecido vida é uma passagem que só se enriquece quando temos por objetivo: compartilhar, dividir e contribuir para que outras pessoas vivam melhor, principalmente, aquelas com quem convivemos e amamos.
Rosângela Fernandes Cadidé é professora há 10 anos das redes pública e particular, formada em Letras com Especialização em Recreação e Lazer pela Universidade Federação de MT, coordena o Centro de Estudos às Forças Armadas (CEAM) e escreve neste blog às sextas -
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
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