terça-feira, 13 de dezembro de 2011

É preciso aprender brincando

Autor: Arenil de Almeida Monteiro

Geralmente, a criança não domina a linguagem e, muitas vezes, transmite o que está sentindo por meio das brincadeiras, tidas como estratégias motivacionais da aprendizagem. Elas são excelentes meios para diagnosticar, intervir e até mesmo transmitir conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais sem que o educando perceba. Constituem ainda um meio de transmitir mensagens capazes de resgatar a autoestima, o autoconhecimento, além de valores, como solidariedade, responsabilidade, disciplina, autoconfiança, autoaceitação, tolerância, concentração, alegria e muitos outros, tão necessários à formação dos alunos.


A realidade deixa claro que vivemos na era do desencanto escolar, na qual muitos de nossos educandos não estão receptivos a aprendizagem. O desinteresse pela leitura e escrita, pelo aprendizado em geral, a indisciplina faz parte do cotidiano e muitos educadores sentem-se frustrados por não conseguirem resultados satisfatórios. Mas através do lúdico acreditamos que o espaço escolar pode e deve transformar a escola em um espaço agradável, prazeroso, de modo que as brincadeiras e jogos permitam que educador alcance sucesso em sala de aula.


Os jogos e as brincadeiras são fundamentais na infância. Por isso, o professor tem que possibilitar o desenvolvimento do conhecimento da criança e criar um ambiente motivador da aprendizagem. Com as atividades lúdicas, a aprendizagem se torna prazerosa e desperta na criança um nível muito bom de conhecimento, proporcionando um excelente desenvolvimento emocional e cognitivo.


Os professores precisam ter domínio dos jogos e brincadeiras para melhor aplicá-los em sala de aula e ter um retorno real seguindo um planejamento visando sempre melhorar o desenvolvimento das crianças. O universo lúdico desenvolve nos alunos valores indispensáveis para o convívio social. A criança entende e compreende melhor as regras que são importantes para a vida em sociedade, despertando também o companheirismo.


O lúdico apresenta valores específicos para todas as fases da vida humana e merece atenção dos pais e professores, porque é muito importante para a saúde mental do ser humano. É através das brincadeiras que as crianças aprendem a relacionar com as pessoas, com o mundo, e desenvolve o lado afetivo. Brincando, a criança consegue ser criativa e combina ficção com a realidade.


Prazeroso, o lúdico envolve o indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. Aprender brincando é fundamental para a saúde física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer tempo no passado. Através delas as crianças desenvolvem a interação. A iniciativa, a autoestima, a linguagem e o pensamento, para preparar para ser um cidadão crítico, capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.


Com jogos e brincadeiras a criança reproduz situações vividas reelaborando criativamente novas possibilidades e interpretações da realidade vivenciadas por elas. O jogo a brincadeira além de ser prazeroso, é o mundo da imaginação, mas infelizmente está presente mais na educação infantil do que nas series iniciais, porque a sala de aula é apresentada como coisa séria e a disciplina são mantidos em nome dos padrões institucionais, o que torna o ambiente escolar longe do gostos das crianças.


Os educadores devem ter em mente que brincar não é um mero passatempo, e sim estimula o crescimento e desenvolvimento intelectual e individual do educando favorecendo progresso na comunicação entre as crianças. Os educadores devem ser conscientes de que brincar só faz bem para as crianças, elas amadurecem e sentem livre para criar e recriar o mundo do seu modo. Os jogos estimulam o aprendizado e é uma forma prazerosa de aprender.


Muitas vezes os professores afastam o lúdico da sala de aula por ser atividades que exigem muito mais dedicação, tempo, ai fica muito mais fácil trabalhar com atividades cômodas. O lúdico deve permear o espaço escolar, tornando um espaço para as descobertas, de imaginação, de criatividade onde as crianças sintam o prazer para aprender. Para isso a necessidade do professor ampliar seus conhecimentos em relação aos jogos e brincadeiras para assessorar a crianças nesse aprendizado. As crianças estão sempre prontas para brincar, jogar, cabe ao educador propor as brincadeiras buscando sempre motivar os alunos para que envolvam nos jogos e brincadeiras.


Os jogos auxiliam no aprendizado, desenvolvendo na criança habilidades do pensamento, a imaginação, a criatividade, porque quando jogamos obedecemos a regras e favorece momentos ricos de interação. Os jogos são meios mais indicados para construção do conhecimento, e para despertar o interesse da criança, e ela vai conhecendo a sua capacidade e desenvolvendo a autoconfiança em si mesmo.


Os jogos constituem um fator indispensável para o desenvolvimento intelectual, motor e afetivo da criança. Os jogos permitem explorar e entender o mundo que a rodeia através de todos os seus sentidos e proporcionam­ lhe os meios para expressar as suas ações, sentimentos e idéias. Neste sentido, é possível concluir que a brincadeira, jogo e o movimento natural e espontâneo são fatores fundamentais em toda e qualquer escola de educação infantil e fundamental, uma vez que os mesmos contribuem e muito na educação e formação geral do educando.


É através do lúdico que ele abandona o seu mundo de necessidades e constrangimentos e se desenvolve, criando e adaptando uma nova realidade a sua personalidade. A infância é, portanto, um período de aprendizagem necessária à idade adulta. È nesse momento que a brincadeira se torna uma oportunidade de afirmação de seu “eu”. Para isso, é fundamental que o educador da infância tem a função e incluir o brincar no âmbito educacional de forma planejada e educativa, para melhorar e despertar o interesse das crianças nas atividades propostas, porque é brincando que a criança desperta sua criatividade e interagem com o seu mundo interior e exterior.


Através das atividades lúdicas podemos perceber dificuldades motoras, intelectuais e afetivas dos nossos educando, assim como permitem ao mesmo criar, imaginar, fazer de conta, as atividades lúdicas funcionam como laboratório de aprendizagem, permitem ao educando experimentar, medir, utilizar, equivocar-se e fundamentalmente aprender.Os educandos aprendem várias coisas ao mesmo tempo, isso quer dizer que podem aprender a dividir e a detestar dividir, simultaneamente, e por isso as atividades lúdicas devem vir sempre de encontro às necessidades, características e interesses infantis, para que simultaneamente estejam aprendendo a gostar de aprender.


Logo, tudo que for treinamento, destituído de significado próprio para o pequeno educando, deve ser abolido do currículo. O educando da educação infantil não é capaz de trabalhar com objetivo remoto, ele não tem a idéia de tempo distante bem elaborada ainda. Ele precisa encontrar motivos na própria atividade. É preferível que o educando escolha a atividade e a realize com prazer, voltando a ela muitas vezes, do que a realize obrigada. Aprendendo assim detestá-la ou temê-la.


As atividades bem-sucedidas tendem a ser repetidas e o fracasso leva, geralmente, a descontentamento consigo mesmo e insegurança e leva o educando a evitar repetir a mesma atividade. Portanto todo material oferecido deve possibilitar uso variado e permitir vários tipos de respostas para se ajustar ao nível de desenvolvimento de pequenos educandos, pois permite alcançar resultados diferentes.


O educador tem que ser um profundo conhecedor de seus educandos, de suas características, de seus interesses e de suas formas de expressão de sentimentos, para oferecer exatamente aquilo que seja do seu interesse. E, ainda, respeitar a sua escolha de atividade, e, para isso, oferecer opções para que escolha o que desejar. Outra vez o trabalho livre e criador se colocam como o mais recomendável ao currículo da educação infantil.


O educando ocupado em atividades por ele mesmo escolhidas revela elevado grau de atenção e interesse, como conseqüência, obtém delas disciplina natura e direção da sua própria atividade, fatos altamente desejáveis à educação. Oferecendo, portanto atividades diversificadas obtêm disciplina natural, decorrente da realização de atividades feitas com interesse.


Diante da nova realidade educacional, este artigo visa propiciar apoio ao educador da educação infantil e fundamental, para a motivação, o estimulo, o prazer pelo ato de aprender, pois o brincar é o fazer em si, um fazer que requer tempo e espaço próprios, um fazer que se constitui de experiências culturais, que é universal e próprio da saúde, porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros.


Mas ainda á necessidade das escolas conscientizarem seus educadores esclarecendo melhor sobre o papel do brincar com as crianças, que é uma atividade de suma importância para aprendizagem e o desenvolvimento intelectual da criança. As escolas deveriam considerar o lúdico um grande parceiro para desenvolver a aprendizagem das crianças. Pois através do lúdico elas crescem e interagem ao mundo coletivo. O lúdico deve ser visto pelos educadores não apenas como divertimento e sim como forma de adquirir conhecimento.


Arenil de Almeida Monteiro é professora da rede pública de ensino de Mato Grosso

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