Gabriel Novis Neves
Faltam escolas e salas de aula para os alunos da rede pública em Cuiabá no ensino básico. Sobram salas de aula no ensino superior na cidade da Copa.
Para o ensino básico o Estado alugou “prédios” - locais condenados pedagogicamente para a transmissão de conhecimento.
Alguns cursos superiores tiveram o número de vagas reduzidas, e outros, simplesmente foram fechados após avaliação feita pelo MEC.
Vi pela televisão como a nossa educação está sendo tratada. As imagens são fortes, e os depoimentos de alunos, professores, diretores e Secretaria de Educação do Estado, uma vergonha para uma cidade que deseja ser vista pelo mundo.
Impossível imaginar que, no momento em que tantos recursos são empregados para obras caríssimas - como o estádio de futebol padrão FIFA -, a cidade, agora azul, não tenha salas de aula para as crianças pobres.
A população cresce na medida exata em que as obras de cunho social, como educação e saúde, têm seus recursos de investimentos diminuídos.
O tempo é das emendas parlamentares federais e estaduais. O governador solicitou às bancadas federal e estadual que destinassem totalmente seus recursos para as obras de pavimentação asfáltico de ruas, avenidas e estradas - obedecendo a critérios políticos para os beneficiários.
O único pedido de investimento relacionado à educação que eu tomei conhecimento foi para a criação da Universidade Federal de Rondonópolis. Pedido este, por sinal, prontamente rechaçado pelo ministro. Ah! Tem também o novo hospital universitário da estrada de Santo Antonio – um presente de grego.
Agora, construir ou concluir o Hospital Central; aquisição de um hospital para alta-complexidade ou para atender crianças... Silêncio e desinteresse total.
O problema é que o Estado sabe que o custeio para colocar em funcionamento um hospital de qualidade é alto. Veja como funciona o famoso Hospital Metropolitano do outro lado do rio Cuiabá.
Seleção de pacientes a serem atendidos e, xô alta complexidade!
Voltando à falta de salas de aula em Cuiabá e em algumas cidades do interior do Estado. O valor anual que o Estado gastará com os aluguéis dos “prédios”, daria para construir – com folga – algumas escolas com, pelo menos janelas e sanitários fora da sala, a exemplo do que vi pela televisão através dos depoimentos de alguns estudantes.
A diretora de uma escola pública Estadual, que fica em um dos bairros mais populosos de Cuiabá, disse que a Secretaria de Educação conhece o problema e prometeu construir uma escola nova e ampla.
Acontece que o terreno escolhido está em litígio e, com ares de incredibilidade, a diretora disse que nunca viu o projeto. Essa é a famosa escola embromação.
Minha sugestão é chamar o escritório do Oscar Niemayer para, após os três jogos da Copa, fazer uma adaptação do enorme espaço de quase um bilhão de reais e, assim como fez no Sambódromo do Rio, criar espaços para salas de aula.
Tenho absoluta certeza que a Copa da Cidade Azul seria sempre lembrada como a Copa das salas de aula - para as crianças sem escolas e sem salas de aula.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
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