quarta-feira, 25 de abril de 2012

Escolas Waldorf


Elias Januário

Concluindo a nossa reflexão sobre a pedagogia Waldorf, implantada por Rudolf Stainer em vários países da Europa e também no Brasil, propiciando novas possibilidades de exercer o processo de ensino e aprendizagem com mais qualidade, criatividade e autoconhecimento, vamos discorrer acerca das escolas e sua prática pedagógica.

Nas escolas Waldorf o regime que perpassa toda a ação pedagógica é calcada na relativa liberdade de ensino, princípio basilar dessa pedagogia, que defende a liberdade quanto às metas de educação, liberdade quanto ao método pedagógico e um currículo flexivo.

No que tange à metodologia de ensino e à proposta curricular, as escolas Waldorf se distinguem claramente das outras escolas do sistema de ensino. Não significa que os conteúdos exigidos pelo sistema nacional de ensino não sejam parte integrante da formação do estudante, ao contrário, conteúdos adicionais passam a integrar o projeto político pedagógico destas escolas, levando também em consideração a época em que determinadas matérias e atividades devam ser ensinadas.

É importante salientar que as escolas Waldorf não têm o propósito de promover a propagação da Antroposofia, que trata de uma concepção de universo e do ser humano, concebidos a partir de métodos científicos, como se fosse uma escola religiosa. A Antroposofia simplesmente embasa as ações pedagógicas do processo de ensino e aprendizagem.

Em escolas que trabalham com a pedagogia Waldorf, deve prevalecer a concepção do desapego ao materialismo, das coisas e objetos que permeiam o mundo materialista. A razão desta postura reside na busca de uma relação mais verdadeira do ser humano com a natureza e numa cosmovisão menos materialista do viver.

Sobre os professores que atuam nas escolas Waldorf, o princípio norteador é de que os profissionais devam receber uma remuneração que permita uma existência tranquila, com dignidade. Devem também trabalhar em regime de dedicação exclusiva, para que possa dedicar-se às atividades da escola e ao estudo e aprimoramento dos seus conhecimentos. Desse modo, a escola necessita de um professor que tenha tempo para reuniões, estudos, atividades culturais da escola e, especialmente, com uma visão de mundo aberta, criativa e feliz.

Os pais na concepção das escolas Waldorf devem ser ativos e participativos, sendo também um dos protagonistas da formação escolar do filho, propiciando que a educação familiar esteja em consonância com a educação escolar. Com essa postura, evitam-se conflitos de orientações, permitindo que a escola também seja um espaço de debates e reflexões entre os diferentes segmentos envolvidos no processo de formação dos estudantes.

Convém destacar que as escolas Waldorf são constituídas a partir de grupos de pessoas que se agregam em torno de um ideal comum de educação escolar. Diante disso cada escola acaba tendo sua história particular e se diferenciando uma da outra, ou seja, não são escolas padronizadas, mas sim diversas, mantendo a estrutura de concepção formulada por Rudolf Stainer.

Neste breve relato sobre a pedagogia e as escolas Waldorf, esperamos ter transmitido informações a você, leitor, necessárias para conhecer um pouco desta prática pedagógica que prima pela qualidade na formação educacional e também pela formação do ser humano, movendo-se pelo impulso do amor à arte, ao belo, á natureza e ao ser humano, na busca de um futuro melhor para a humanidade.

Elias Januário é doutor em Educação, professor de Antropologia da Unemat e escreve às sextas-feiras em A Gazeta. E-mail: eliasjanuario@terra.com.br

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