quarta-feira, 22 de junho de 2011

Adolescente vê escola como agente estratégico na promoção dos direitos

Enviado por Ana Flávia

“Eu ouvi dizer oito vezes nesta Conferência que nós temos capacidade de decidir. Entretanto, não se falou nenhuma vez sobre a falta de interesse do jovem que tem (ou pode vir a ter) este direito garantido, em exercê-lo”, reflete o adolescente João Carlos Souza Freitas, de Pará de Minas (MG). Com apenas 16 anos, João consegue vislumbrar a importância da integração entre escola, família e comunidade no desenvolvimento das crianças e adolescentes. “Sem estrutura e conhecimentos é mais difícil que o adolescente se interesse pela participação política”.

Ele ressalta que hoje existem muitas mídias como a TV, o rádio e a internet que se renovam com incrível rapidez. No entanto, a escola não faz o mesmo. Insiste na monotonia. Para João, a escola é o espaço de excelência do jovem. Na escola o jovem pode obter informações, aprender, fazer amigos e se reunir. Todas estas atividades contribuem para a integração e, consequentemente, abrem mais oportunidades para o engajamento político. Mas, João não é do tipo que apenas critica. Ele aponta soluções. “Acredito que a escola deveria oferecer a inclusão por meio de mais atividades extracurriculares, dentro e fora de sua estrutura física”, sugere.

“Espero que a questão educacional para os jovens seja mais discutida. Pouco se falou da integração família-comunidade-escola e sua importância na formação infanto-juvenil”, enfatizou. João Carlos acredita que mais recursos governamentais deveriam ser alocados para a educação, pois assim a escola teria mais condições de auxiliar a família na formação dos jovens. Ele insiste na formação de base para retomar o tema da capacidade e necessidade de expressão das crianças e adolescentes. “A expressão do jovem. Isto é fato. Mas, este sujeito de direito necessita também de orientação, pois todo direito gera um dever. E os adolescentes precisam saber quais são os seus deveres”.

Para ele, o adolescente tem que ser estruturado a fim de participar de forma mais contundente das políticas públicas de seu município. Isto é um direito assegurado. Mas, ele também deve preservar o meio ambiente, conhecer passado histórico e cultural de sua cidade e País. “Tudo isso pode acontecer dentro da escola. Aliás, por meio deste olhar da participação, o adolescente pode se sentir mais atraído pela sala de aula”, exemplificou.

Outro ponto abordado pelo atento estudante foi a questão das crianças e adolescentes que vivem em cidades do interior. Ele percebeu que a maioria dos representantes que está na Conferência é de capital ou de grandes cidades. De acordo com João, o adolescente do interior sofre com a falta de informação e acesso aos seus direitos. “Isto deve ser mais bem observado.”, sugeriu. “Tenho vários sonhos em relação às crianças e adolescentes. Porém, dois são fundamentais para mim. O primeiro é que todos tenham alimentação. Este é um direito básico. O outro é que seja implantada, em breve, uma justiça itinerante em toda cidade do interior e zona rural com a finalidade de resolver os problemas dos jovens. As varas especiais demoram mais a ser implantadas e enquanto isso os direitos da criança e do adolescente são sistematicamente desrespeitados”, concluiu.



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