Autora: Cássia Ravena Mulin de Assis Medel[1]
A escola de hoje deve procurar organizar no seu Projeto Político Pedagógico, a intenção de desenvolver o currículo de forma integrada, de maneira que os conteúdos, mesmo que ainda organizados em disciplinas, sejam abordados por temas nas diversas disciplinas, as quais por sua vez, mantêm-se articuladas com a intenção de que o conhecimento construído pelos educandos venha a ajudá-los na análise, interpretação, compreensão e problematização dos fatos e dos fenômenos da realidade complexa em que vivem.
Os conteúdos específicos referentes a cada disciplina são considerados como formas de se desenvolver, nos educandos, competências e habilidades que são desenvolvidas e consolidadas, por processos de ensino-aprendizagem caracterizados pelo diálogo entre temas e conteúdos de uma mesma disciplina, assim como entre as diversas disciplinas entre si.
Atualmente, vivemos numa sociedade que é caracterizada por sua complexidade, e a escola é o local onde os fenômenos sociais e as diversas maneiras e concepções de vida social são trabalhados, analisados e discutidos nas diferentes disciplinas. Desse modo, o educador se vê diante de diferentes desafios, entre os quais, o de encontrar o meio termo entre o desafio à lógica disciplinar e a sistematização dos conteúdos. É necessário o diálogo entre as disciplinas, na construção dessa realidade.
A interdisciplinaridade deve reconhecer o domínio de cada área. Ela deve propiciar as condições necessárias para a coexistência de um diálogo entre as disciplinas. Tem a finalidade de estabelecer uma relação que leve o educando a compreender, processar, pensar, criticar e incorporar os diferentes conteúdos e as ligações entre as disciplinas, permitindo-lhe uma construção coerente e lógica dos conhecimentos adquiridos nas diferentes áreas.
O currículo da escola, deve trabalhar em prol da formação de identidades abertas à esta pluralidade cultural, desafiadoras de preconceitos, numa perspectiva de educação para a cidadania, para a paz, para a ética nas relações interpessoais, para a crítica às desigualdades sociais e culturais.
Para dar conta da formação do cidadão do século XXI, a escola deve estar comprometida em propiciar, através de diversas linguagens, a construção do saber, do conhecimento, preparando o educando para a transformação do mundo. Pela convivência com as diversas manifestações culturais, impregnadas de crenças, costumes e valores, espera-se que cada indivíduo passe a reconhecer e respeitar o direito do outro à diversidade. É necessário que o educador reconheça que a humanidade caracteriza-se pela produção da linguagem como sistema simbólico, que torna possível a construção de referências culturais, o desenvolvimento cognitivo e a formação e circulação de valores; que as diversas formas de expressão dos educandos devem ser respeitadas, em função da sua história de vida.
É necessário que o educador perceba os educandos como cidadãos de hoje, indivíduos que participam em um mundo social, do qual a escola representa apenas uma de suas instâncias. Isso envolve respeitar suas experiências de vida, sua linguagem e seus valores culturais, pois não existem conhecimentos que sejam melhores ou mais legítimos do que outros. Não cabe à escola, desqualificar ou ignorar essas experiências, e sim tentar incorporá-las, a fim de que o educando perceba uma articulação da vida social com seu cotidiano. Ao dar liberdade de expressão aos educandos, a escola permite que estes sejam encorajados a atuar criticamente em outras instâncias do mundo social.
A postura ética e crítica do indivíduo abarca a assimilação e reconstrução dos conceitos, da cultura e do conhecimento público da comunidade social no qual o educando está inserido. A escola deve desenvolver no educando a capacidade de expressar e comunicar suas ideias, participar e interpretar as produções culturais, intervir pelo uso do pensamento lógico, da criatividade e da análise crítica. Este processo é viabilizado pelas disciplinas que propiciam ao educando o seu crescimento como cidadão consciente e crítico, como inserção social, política e compromisso histórico, além do exercício cotidiano dos seus direitos, deveres, atitudes, condutas, como uma atitude de respeito às diversidades e autoconfiança.
Autora: Cássia Ravena Mulin de Assis Medel
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