Lígia Sanches
O desastre causado pelo terremoto de 8,9 graus na escala Richter que atingiu o Japão em março, seguido por tsunamis que devastaram a costa norte do país e causaram um acidente radioativo na usina nuclear de Fukushima, está diretamente relacionado com o conteúdo de Geografia do roteiro de estudos desta semana: a tectônica das placas terrestres. Mas não se esqueça que terremotos com fortes conseqüências também aconteceram recentemente no Haiti e no Chile.
“São fatos da atualidade referentes a um assunto que já é praxe na geografia”, afirma o professor EduardoYuji, do Cursinho Henfil. Ele destaca que, além do aspecto técnico ou natural da geografia – como teoria da deriva continental, distribuição das placas, vulcões e outros – este conteúdo pode aparecer em questões da chamada geografia humana, voltada ao desenvolvimento do homem. “Com o terremoto no Japão, por exemplo, podemos analisar o impacto econômico, os vazamentos radioativos, a contaminação da água, solo, alimentos.”
Vida cotidiana
Se a geografia costuma estudar fatos estrondosos do noticiário, a Física pende para os detalhes da vida cotidiana. Nesta semana, as forças que perpassam nosso dia a dia entram em foco: peso, atrito, elástica e centrípeta.
O coordenador do curso Anglo, prof.Luís Ricardo Arruda, lembra que a força peso – aquela aplicada pela Terra sobre os corpos – é uma presença constante em todas as situações de estudos da física, podendo ser desprezada em raros casos especiais, como a eletricidade. ”Todas essas forças costumam aparecer no vestibular como parte integrante do problema. Quase sempre estão associadas a uma situação em que se pergunta o efeito conjugado de diferentes forças”, explica.
A Matemática deste roteiro mantem a cabeça do estudante em temas do seu entorno, com equações do primeiro e segundo graus e resolução de problemas. São conteúdos básicos para a posterior solução de mais tipos de perguntas, até em outras disciplinas como física, segundo o supervisor de matemática do Anglo, prof. Roberto Jamal. A dica para estudar é resolvendo questões.
Alguns exemplos de equações do primeiro grau que podem aparecer no vestibular, segundo o prof. Jamal:
1. A metade de um número mais ou seu quádruplo excede em 70 o seu número. Qual é esse número?
2. Elisa fez compras em duas lojas. Na primeira, gastou metade do que tinha. Na segunda, gastou a terça do que restou. Se ela ficou com 100 reais, quanto tinha inicialmente?
Para uma equação do segundo grau como 2 x 2 - 5x+8 = 0, o professor Jamal afirma que se pode pedir para calcular a soma das raízes, o produto das raízes, a soma dos inversos das raízes ou a soma dos quadrados das raízes, a soma dos inversos dos quadrados das raízes.
Outra disciplina que nesta semana traz conceitos básicos para perguntas mais complexas é Biologia, com o tema de fisiologia celular. "Organelas, por exemplo, caem no contexto das questões. Algumas organelas se destacam, como complexo de golgi, mitocôndrias (pela energia) e cloropastros, pela função da fotossíntese – estudada posteriormente", afirma o prof. Tony Manzi, do Curso Henfil. Quanto ao estudo do núcleo, é importante diferenciar DNA e RNA, sua constituição.
Em Química, os vestibulares costumam cobrar as diferenças e o que cada modelo atômico - Dalton, Rutherford, Bohr - acrescentou em relação ao anterior. "Rutherford é importante para entender, posteriormente, a parte de ligações químicas, afirma o professor Christian Carbone, do Cursinho Henfil. Ele destaca que este ano é centenário da descoberta do núcleo por Rutherford, fato que pode dar motivo para perguntas, em provas como o Enem.
Chances remotas
O estudo sobre Egito Antigo e Mesopotâmia, na parte de História Geral desta semana, evoca curiosidade e até interesse místico em muita gente. Mas pouco cai no vestibular, segundo Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil, ONG responsável pelo cursinho de mesmo nome. Em exames como Enem e Unesp, que priorizam competências e interdisciplinaridade, os temas podem aparecer em questões de atualidades. Vale lembrar que a Mesopotâmia ocupou a região onde hoje se encontra o Iraque, país de destaque na geopolítica.
E como o vestibular é sempre uma surpresa, Mateus Prado recomenda repassar os pontos principais destes conteúdos. “Tem de saber as características gerais como politeísmo, teocracia, e as exceções, como o monoteísmo dos hebreus, quando no Egito. Sobre a Mesopotâmia, a importância da agricultura e como a civilização se formou em torno dos dois grandes rios, Tigre e Eufrates”.
O conteúdo de História do Brasil desta semana - populações indígenas - tem maior peso nas provas que trabalham interdisciplinaridade. “No Enem, avalia a competência que diz respeito à formação de identidade”, afirma Prado.
Lembre-se que no programa da Fuvest, História da América ganha um apartado especial. Neste caso, vale lembrar os estudos dos incas, astecas e maias. A dica de Mateus Prado é procurar estabelecer a relação com a História do Brasil, como o sistema de mita ou encomenda, para o trabalho dos índios na América Espanhola, diferente da escravidão aplicada em nossas terras.
Um pouco de diversão
O tema de Literatura desse roteiro traz uma das leituras obrigatória da Fuvest e Unicamp: o Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. Para uns, o fato de ser o primeiro livro da lista, pode significar maior probabilidade de ser lido; para aqueles que escolhem a ordem de leitura por afinidade com título e autor, professores lembram que se trata de uma obra muito engraçada, apesar do distanciamento histórico. Fica a dica de esquecer um pouco a obrigação e embarcar na tônica do autor.
“Sugiro ler uma edição anotada, por questão do vocabulário – devido à época em que foi escrita, muitos termos estão em desuso, dificultando a compreensão. Se puder assistir à peça, melhor ainda”, afirma o supervisor de literatura do Anglo, prof. Dácio Antônio de Castro.
Embora a obra Farsa de Inês Pereira, também de autoria de Gil Vicente, esteja listada em grandes vestibulares, não tem tido incidência nas últimas provas. “Essas duas obras apresentam características representativas do autor, a sátira. Ao ridicularizar modos e costumes da época, faz uma crítica a instituições de seu tempo, com uma intenção até pedagógica”, explica o professor Daniel Perez, coordenador da área de humanas do Curso Henfil.
Para a prova de Gramática, sobre estrutura e formação de palavras, substantivo e adjetivo, o prof. Daniel Perez reforça a ideia de que as provas exigem leitura e interpretação, capacidade de relacionar conhecimentos. “Alguns vestibulares acabam focando a variação da linguagem, no tópico da formação de palavras”, afirma.
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Terremoto e tsunami do Japão podem virar questão de geografia
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