Depois de Columbine, escolas americanas investem em prevenção à violência
Estudos mostram que aumento da vigilância por câmeras ou agentes não impede novos massacres
Nathalia Goulart Massacre em Columbine, 20 de Abril de 1999 (Divulgação)
Bastaram alguns minutos depois das primeiras notícias sobre o massacre na escola de Realengo, na zona Oeste do Rio, para que a tag Columbine entrasse nos trending topics do site de microblog Twitter. Diante de uma tragédia como a ocorrida no colégio municipal Tasso da Silveira, é inevitável relembrar o massacre ocorrida há quase doze anos no interior do estado americano do Colorado. Em 20 de abril de 1999, dois estudantes abriram fogo contra colegas matando 13 pessoas e deixando outras 25 feridas. Desde então, Columbine se tornou sinônimo de horror e tristeza.
O crime causou comoção no mundo todo e disparou um alerta nas escolas americanas, que partiram imediatamente em busca de mecanismos de prevenção a tragédias semelhantes. A maioria instalou mais camêras de segurança e aumentou o número de vigilantes, tanto dentro quanto do lado de fora de seus muros. As medidas, porém, caíram em descrédito assim que ficou comprovado que Columbine também contava com câmeras e seguranças na hora em que os dois jovens atiraram contra os colegas.
Estudos realizados posteriormente pelo professor Lynn Addington, criminalista da American University e especialista no caso de Columbine, mostraram que medidas excessivas de segurança, além de ineficientes, vêm sempre acompanhadas de altos custos. "O primeiro deles é financeiro, porque aumentar a verba para câmeras e outros dispositivos significa cortar recursos de outros lugares”, explica o professor em um de seus estudos. “Além disso, essas medidas comprometem a privacidade dos alunos e aumentam o medo na escola. As pesquisas de Addington revelaram que o excesso de aparatos de segurança cria nos alunos a sensação de que as escolas são inseguras.
Com o passar dos anos, estratégias alternativas de prevenção à violência ganharam terreno dentro das escolas. Como medidas de médio e longo prazo, os diretores e professores investiram em medidas para combater o bullying e em serviços de aconselhamento. Essa tendência se refletiu nos investimentos. Entre 1999 e 2008, a verba destinadas ao reforço da segurança foi reduzida em dois terços e o programa que colocou 6.300 policiais nas imediações de escolas foi demantelado pelo Departamento de Justiça em 2005. No mesmo período, as verbas destinadas a programas de aconselhamento quase dobraram.
Outra estratégia que ganhou impulso foi a melhoria do relacionamento entre diretores, professores e alunos. Um levantamento feito pelo Serviço Secreto logo após Calumbine analisou 37 massacres semelhantes e revelou um dado preocupante: os assassinos, quas sempre, contam a colegas sobre seus planos macabros antes de executá-los. Esses estudantes, porém, não reportam as conversas aos responsáveis pela escola ou às autoridades.
Conta-ataque - Especialistas avisam que, independentemente das estratégias adotadas, crimes como o desta quinta-feira são muito difícieis de serem evitados. Infelizmente, nenhuma comunidade está livre de uma tragédia do tipo, dizem eles. A solução é estar bem preparados para quando eles acontecerem.
A Swat (Special Weapons and Tatics, destacamento de elite da polícia americana) se debruçou sobre a sequência de acontecimentos em Columbine para definir estratégias mais eficientes de ação. "Percebemos que nenhuma tropa de elite é capaz de chegar a tempo de evitar o massacre", diz Mascos do Val, instrutor da Swat. Diante dessa constatação, a polícia criou o programa First Responder, ou Atirador Ativo, onde vigilantes e seguranças responsáveis pela escola são treinados para agir rapidamente. "O treinamento é rigoroso, com o objetivo de prepará-los para usar munições letais em situações de extrema gravidade e sob forte pressão", explica Marcos do Val.
Depois de Columbine, outros cinco grandes ataques contra estudantes foram registrados em escolas americanas, totalizando 53 mortes. Entre eles, está o massacre ocorrido na Universidade Virginia Tech, onde o sul-coreano Cho Seung-hui matou 32 pessoas em 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário