Ceja apresenta práticas bem sucedidas em MT
Os 24 Centros de Educação de Jovens e Adultos (Cejas) de Mato Grosso se consolidaram como exemplo de práticas sucesso na inclusão, por meio da educação em Mato Grosso. Simonídeo Rosa, 100 anos, aluno do Ceja Almira Amorim instalado no bairro CPA II, em Cuiabá, é um dos beneficiados com as atividades pedagógicas que empregam as experiências de vida e o cotidiano dos alunos, como ferramentas pedagógicas do processo de ensino e aprendizagem.
Em 2010, Simonídeo sentou-se pela primeira vez nos bancos escolares para ser alfabetizado. Tendo a professora Bertulina Miranda da Silva como mentora, ele garante que não vai deixar de aprender “enquanto eu tiver condições, de jeito nenhum. Tenho que ir atrás do prejuízo”, diz.
O exemplo de Simonídeo já foi alvo de reportagens sobre superação e força de vontade. Aplicado, o aluno mais velho do Ceja Almira Amorim é um dos primeiros a chegar à unidade escolar e se desloca sozinho com ajuda do transporte público da Capital. Para chegar ao Ceja ele tem de sair do Jardim Umuarama e, no total, usa 4 conduções todos os dias. Simonídeo é natural do Estado do Rio de Janeiro, e se diz “mato-grossense de coração”.
“Trabalhar com ensino de jovens e adultos é um processo completamente diferenciado. A paciência é maior, a dedicação é absoluta. Quando deixo a sala de aula e estou em casa, meu pensamento sempre busca alternativas para melhorar o meu trabalho, para fazer a diferença na vida dessas pessoas”, diz a professora Bertulina. Sobre atuar com um aluno com 100 anos ela cita que é extremamente gratificante. “O aprendizado é mútuo. É muito prazeroso perceber os progressos de cada um deles", finaliza.
“Não existe conhecimento que possa ser limitado. Empregamos, ao máximo, tudo aquilo que o aluno conhece. Suas práticas, suas vivências são aplicadas para que possam crescer”, explica a coordenadora pedagógica Márcia Cruz. Ela cita ainda que o Ceja Almira Amorim é o único a possuir uma autorização especial para lecionar com turmas de alfabetização para jovens e adultos, já que cabe aos municípios atuar com a educação nos anos iniciais. “Atuamos com o resgate da cidadania dessas pessoas. Tem muita gente que chega aqui sem noção sobre mobilidade, por exemplo. A educação lhes garante uma série de oportunidades”, ressalta.
A dona de casa Maria José Cardoso Gomes, 64, moradora do bairro Jardim Novo Paraíso II, em Cuiabá, é colega de turma de Simonídeo. “Tenho gostado de tudo aqui na escola. A professora tem calma, não briga com a gente”, conta ela. Maria José teve quatro filhos e retornou aos bancos escolares com ajuda do marido. “Ele veio aqui fazer minha matrícula. Não iria morrer sem aprender o que é ler e escrever”, diz pouco antes de deixar a sala de aula e ir para casa fazer o almoço para família. A unidade atende a 1,4 mil estudantes nos períodos matutino, vespertino e noturno.
PATRÍCIA NEVES
Assessoria/Seduc-MT
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