segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Professores avaliam redações com notas discrepantes do Enem


G1

Um grupo de especialistas se reuniu a pedido do “Fantástico” para analisar as redações que geraram polêmica no Enem, feito em outubro de 2011. Nesta semana, a Justiça liberou acesso às notas de redação do vestibular aos candidatos que estão com dúvidas sobre seu desempenho. O MEC diz que não tem como cumprir a decisão.

Do total, 79 candidatos entraram na Justiça contestando as avaliações das redações, e três deles já conseguiram aumentar sua nota. Além de problemas técnicos, houve problemas com a discrepância entre as notas dadas por avaliadores diferentes para uma mesma redação.

O estudante Caio Barbosa Vieira da Silva é um dos alunos que entrou na Justiça. Ele recebeu 920 pontos do primeiro corretor (equivalente a nota nove) e 600 do segundo. No Enem, uma diferença grande como essa é resolvida por um terceiro avaliador, mais experiente. A nota final de Caio foi de 280 pontos.

A pedido do “Fantástico”, três dos alunos que estão recorrendo da nota enviaram suas redações para um grupo de especialistas. A banca deu nota cinco para todas as redações.

“Eu li as três redações sem saber os pontos recebidos”, diz Sergio Nogueira, professor de português. “As três são parecidas no que têm de bom e de ruim. São muito padronizadas”, afirma o escritor Mário Prata.

“Apenas um deles traz uma proposta de conscientização da população em relação ao tema”, explica a professora Suzana Vaz Húngaro, que fica surpresa ao saber da nota da redação de Caio. “Eu imagino que a pessoa que esteja atrasada possa corrigir muito rápido, sem muita atenção para cumprir a cota. 280 não!”, fala, sobre a redação do estudante.

Aplicação
Os responsáveis pela aplicação do Enem também são avaliados, explica a organização do vestibular. “Se o corretor começa a não usar os critérios de correção combinados, se ele demora ou corrige muito rápido, ele tem uma nota baixa. Se essa nota for abaixo de cinco, ele é eliminado do processo”, conta Mario Marques Couto, coordenador de provas do Cespe (Centro de Seleção e Promoção de Eventos), que aplica a avaliação.

No Enem, os corretores ganham por prova corrigida – R$ 1,66 por redação. A Fuvest, que faz o vestibular da Universidade de São Paulo, tem um método diferente: os corretores são pagos pelo dia de trabalho, e não pela quantidade de provas.

Polêmica em Fortaleza
Em 2011, o Enem se envolveu em uma polêmica, envolvendo um colégio em Fortaleza, que teria distribuído antecipadamente as questões que caíram na prova. O “Fantástico” teve acesso ao relatório do inquérito policial, encaminhado esta semana ao ministério público.

O texto responsabiliza dois funcionários da escola cearense por vazar aos alunos questões do chamado “pré-teste” do Enem, uma espécie de simulado, aplicado em todo o país. Com o pré-teste, que deve ser sigiloso, o MEC avalia a dificuldade de questões que podem cair no Enem.

As questões teriam sido distribuídas, junto com o gabarito, pelo professor Jahilton Mota a um grupo de alunos que faria o enem. A outra indiciada é uma coordenadora da escola, Maria das Dores Rabelo, acusada de reproduzir o material. Os dois foram indiciados por estelionato.






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