terça-feira, 3 de maio de 2011

Opinião - Impressões de Formadora

Ana Paula Pereira da Silva
www.seduc.mt.gov.br

A Formação Continuada é uma transformação da mesmice docente que para em meio as suas múltiplas tarefas, repetitivas, diárias e sufocantes. Respira, olha no espelho, dá uma espiadinha ao seu redor, e segue seu caminho totalmente diferente no caminhar, no agir, no fazer pedagógico.

Primeiramente, precisamos compreender como podemos tratar as questões da aprendizagem da escola levando em consideração as necessidades dos alunos que perpassam os anseios formativos dos educadores... Essa problemática se insere no interior das escolas ecoando para nós formadores - CEFAPRO/SEDUC - nas falas de resistência, revolta e incompreensão do verdadeiro sentido da “formação continuada”.

Esse texto é uma reflexão inicial sobre o avanço da compreensão e da ação sobre o foco de trabalho educacional, de maneira simples e objetiva, pois estamos tratando da aprendizagem do professor que vai transformar sua prática de ensinar o aluno, a partir das propostas encaminhadas.

Em meio a tantas novidades tecnológicas e tão poucas novidades sociais, o professor ou a professora do ensino básico público acorda de manhã e já se projeta cansado para a aventura diária de ensinar a aprender. É tão forte o produto de sua escolarização tecnicista que dificilmente lhe ocorre uma maneira mais leve, ou menos castigadora de construir conhecimento junto a seus alunos.

Claro que não me refiro a uma totalidade de profissionais, nem generalizo a educação pública como cansada. No entanto, vejo nas “expressões” das formações continuadas das escolas de Juara, no interior de Mato Grosso, uma inquietação, uma perturbação constante que grita em silêncio: “o que eu estou fazendo aqui?”.

Nessa relação interpessoal (nada pessoal), o tom de cobrança e fiscalização precisa ser superado, e a solidariedade cooperativa precisa evidenciar-se, sobressair-se. Os mínimos avanços são extraordinários, todavia estão encobertos pela mesmice das maiorias. Aqueles profissionais que não se abrem para “dialogar” suas práticas, estão perdendo a grande oportunidade de nos fazer crescer e de crescer conosco.

Contudo há esperança. No empenho e na insistência em se reunir toda semana, na cobrança por melhores condições de trabalho e na obstinação por temáticas que resolvam os problemas de uma vez, estamos entregues a esta sorte. Que nossa teimosia dê resultados!

Estou prestes a expressar minha revolta pessoal, minha indignação e angústia, então sinto que meus colegas de trabalho ainda estão se esforçando para aceitar a troca de idéias com outros. Estão sôfregos pelas exigências de leituras específicas, leis, concepções e metodologias de aprendizagem. Tal resistência só é suavizada quando os reflexos, os ecos e os sabores da mudança de estratégia com os alunos são vivenciados.

As alegrias, as vitórias e os sucessos compartilhados se expressam em olhos brilhantes, em ansiedade para socializar os acontecimentos, as experiências e em professores com caderninhos para registros nos encontros formativos. Anotações, idéias, planos, projetos borbulham e saltam das discussões, das conversas nos grupos, e, então, é possível sentir, desejar e desfrutar da formação continuada.

Acredito que precisamos ficar tempo suficiente na festa para saborear todos os quitutes, para que apenas a entrada não fique amarga no nosso paladar. Estar tempo suficiente para sair nas fotos, ver a abertura dos presentes, e registrar este encontro - assegurar marcas profundas - que verdadeiramente provoquem rupturas no nosso pensar, viver, no trabalho de educar.

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