segunda-feira, 16 de maio de 2011

Jovens na contramão

Luiz Gonzaga Bertelli
Jornal A Gazeta/MT

Em plena Era do Conhecimento, os jovens brasileiros caminham na contramão da tendência do mercado de trabalho e passam à margem das escolas. Essa é a constatação de estudo da Fundação Getúlio Vargas e do Instituto Votorantim, segundo o qual, entre 2006 e 2008, o número estudantes de ensino superior caiu de 7,5 milhões para 6,9 milhões, o que corresponde a uma contração de superior a 7%. O coordenador da pesquisa, Marcelo Neri, conclui: "Não basta ter apenas escolas de qualidade, o jovem precisa ser conquistado; é preciso dar informação, mostrar que a educação formal é a base e convencê-lo a frequentar a escola". A afirmativa dá o diagnóstico do problema, sem apontar soluções e, o que é pior, sem surpreender demasiadamente aqueles que vêm, há décadas, defendendo profundas reformas na educação brasileira.

Não é de hoje que as diretrizes educacionais do país se mostram ultrapassadas, seja pelo descompasso com a realidade fora dos muros escolares, seja pela quebra do diálogo entre professores e alunos.

Outro ponto de estranheza, evidenciado pelo estudo, indica que quem investe em educação tem salário 12,94% mais alto já ao entrar no mercado de trabalho, além de uma possibilidade 38% maior de conseguir um emprego de carteira assinada. Isso quer dizer que abandonar os bancos escolares é limitar o futuro profissional a cargos aquém das potencialidades do jovem, inclusive quanto à remuneração.

O jovem que não está matriculado em instituição de ensino não pode ser contratado como estagiário e, assim, perde a oportunidade de dar o primeiro passo da carreira escolhida, a exemplo da maioria dos gestores de sucesso. país e educadores devem acompanhar mais de perto o interesse desses adolescentes, mostrando a importância de terminar seus estudos. No mais, os próprios estudantes precisam estar convencidos de que essa fase será decisiva para sua vida, comprometendo-se com a obtenção do diploma, por mais que a sala de aula não os atraia. Os únicos beneficiados serão eles mesmos.

Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) e diretor da Fiesp. Contato: luciolac@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário