quinta-feira, 19 de maio de 2011

Para especialista, atual modelo de avaliação forma ranking

luan.santos

Cipriano Luckesi, ex-professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia e doutor em educação, fala sobre as avaliações e sua importância para o processo de ensino. Para o especialista, o atual modelo de avaliação apenas classifica os alunos, formando um ranking, quando o verdadeiro objetivo da avaliação, que é, redundantemente, avaliar, ajudar a solucionar os problemas dos alunos.

A Tarde Educação - O que o senhor aponta como causas principais para o baixo rendimento dos alunos?

Cipriano Luckesi – As causas para as dificuldades dos alunos são muitas: as condições de ensino que são oferecidas pela escola, uma biblioteca, sala de aula, quantidade de alunos por sala de aula, prática pedagógica.

A Tarde Educação - Qual a sua visão sobre a avaliação?

Cipriano Luckesi – O modelo de avaliação que utilizamos hoje é o de exame, que tem início datado do século XVI. Ele é baseado em classificar os alunos em uma espécie de ranking, mas não se preocupa com o aprendizado. Não analisa se o aluno aprendeu ou não, só faz uma classificação. E a situação não é melhorada dessa forma, criando ranking.

A Tarde Educação - Qual modelo de avaliação o senhor acredita como mais adequado ou eficiente?

Cipriano Luckesi – Cada tipo de aprendizado solicita um instrumento de avaliação diferente. Atualmente se usa um único instrumento de avaliação, padrão para todos os tipos de aprendizado. Não existe melhor ou pior instrumento, mas sim o instrumento adequado. E podem ser variados os instrumentos que podem ajudar a solucionar os problemas dos alunos. Alguns problemas podem ser diagnosticados com produção de texto, outros com dramatização, e outros com seminário.

A Tarde Educação - E em relação à nota? Qual sua visão sobre ela?

Cipriano Luckesi – A nota é um registro escolar. O fato é que se precisa registrar em documento que ele aprendeu e este registro se dá pela nota. Ela virou referência única. Ela é apenas um registro numérico, não significa que o desempenho pedagógico do aluno seja bom.

A Tarde Educação - Então, para o senhor, ela não é uma referência de aprendizado?

Cipriano Luckesi – Com certeza não é referência de aprendizado. Uma nota alta não significa que o aluno aprendeu, nem uma nota baixa significa que ele não aprendeu o conteúdo passado. Por isso o modelo de avaliação tem que levar em conta outros fatores que não apenas a avaliação que classifica por ranking, por nota. Tem que avaliar o aprendizado real do aluno, utilizando o instrumento necessário para avaliar o que ele aprendeu de verdade.
A Tarde Educação - Qual seria entãoa solução para resolver os problemas de mau desempenho dos alunos em sala de aula?

Cipriano Luckesi – A solução é orientar, orientar e orientar. Buscar atender o aluno em todo o processo educacional e estar presente quando ele tiver dificuldades. A escola tem que buscar alternativas para o aluno quando ele apresentar dificuldades, não pode tirar de si a responsabilidade que lhe é impregnada. A escola é que tem que ensinar.

A Tarde Educação - De que maneira o senhor vê a família inserida neste processo?

Cipriano Luckesi – A família participa da educação ética dos alunos, da relação com os colegas com os professores, com o espaço físico ao redor deles. Mas os pais também devem participar do processo, auxiliando os filhos nas atividades de casa, acompanhando o desenvolvimento deles na escola, sempre dando todo o apoio que precisarem.
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