Acabaram as provas do primeiro bimestre, estamos em maio e há poucos dias, os boletins devem ter ido às mãos dos pais. Ainda no Brasil, temos as provas, amaldiçoada por educadores nas décadas passadas, mas ainda tão utilizada que, quando um professor não as aplica, é visto como um ET pelos seus colegas de profissão.Eu ainda aplico provas quando o regimento me obriga, caso da instituição que leciono atualmente. Claro que exponho aos alunos tudo o que vou inquirir na prova. Eles já fazem a prova sabendo o que será cobrado. Não dou ajuda, mas aviso o que lhes é fundamental e importante saber.
Para mim, o que vale é o momento de troca, em sala ou nos ambientes que escolho ou monto para trabalhar com meus alunos. Claro, hoje leciono numa instituição de ensino superior, tenho grande autonomia e alunos capazes de compreender minhas propostas de aprender conversando e pensando sobre o presente e o futuro, a partir do que o passado nos mostrou.Provas e testes não provam nada. Provam até, que a escola brasileira é um fracasso. A pseudoeducação dada no país mais ocidental da América Latina se armou de tantos artifícios para excluir seus jovens, que nossos professores não sabem avaliar de outra forma, a não ser o trabalho (os alunos burlam sempre, e com razão: trabalho interessante se vive, se participa intensamente; trabalho burocrático e sem sentido, eles “matam”) copiado de enciclopédia ou de sites como Wikipédia e Zé Moleza, um teste com consulta e uma prova de ferrar a nota de alunos quando a sala faz muita bagunça.
Ainda há professores, na maioria das escolas, que “dão notas” nos cadernos, que “dão notas” por disciplina e “participação”, quase nunca com critérios claros. Nem entremos no assunto de que o caderno é do aluno e ele faz o que quiser ali. Nem julguemos os méritos de que participação é subjetiva demais para se medir. Ou seja: números têm de sobra, critérios claros de medição de aprendizagem, quase nenhum. Para quem tem aprendizagem dentro do que se considera normal, esta forma de avaliar deixa claro quais os bons alunos. Para quem tem dificuldades ou distúrbios de aprendizagem (são termos diferentes, minha gente!), todos entram na vala comum da incompetência escolar. Uns ficam apáticos, outros indisciplinados. Mas será que não aprenderam? E será que os que têm notas boas sabem algo do conteúdo do mês passado? Será que estes alunos com baixas notas aprendem quando as aulas são preparadas de um modo mais prático, e no campo teórico com o devido acompanhamento e clareamento das situações? Será que recursos audiovisuais no lugar do esquema “saliva-giz”, preparo de sondagem e adequação dos conteúdos não desenvolveriam novas habilidades nos alunos, mesmo nos que “nunca aprendem”? Tá bom, vou parar de perguntar... Empolguei-me... Mas você sabe responder!O pior momento da escola após as avaliações tão tradicionais é o conselho de classe. Uma vez feitas as médias das “avaliações”, o nome do aluno é invocado num círculo de carteiras, que parece com uma sessão mediúnica.Aparecem as manifestações sobrenaturais dos diários e dos relatórios dos especialistas. Um mar de queixas invade a sala: alunos que não fazem as tarefas, alunos que nada copiam, alunos apáticos, desinteressados, indisciplinados, malcriados, fedorentos, xexelentos, remelentos e outros espíritos malignos se manifestam em notas abaixo da média. O céu e o inferno se manifestam ali.É hora dos conselhos serem momentos de troca de experiências, de planos para projetos interdisciplinares e de análise e avaliação dos professores.Nossos mestres e seus trabalhos devem ser avaliados. Os bons professores devem ser muito bem remunerados, a partir dos resultados obtidos com seu sucesso no ensino.
Os maus, reciclados, reavaliados e, caso não evoluam, devem deixar o magistério. Nos países onde se agiu assim, a sociedade evoluiu e o país se desenvolveu.Sem notas, sem críticas, sem fofocas, sem queixas. Uma escola que desperte interesse surge do preparo profissional dos seus educadores.
Um aluno reprovado é uma escola reprovada. As notas dos alunos e sua capacidade de pensar seriam mais altas se ao invés de queixas, apresentássemos nos conselhos de classe soluções bem pensadas, estruturadas pedagógica e psicologicamente.
Fonte:Jornal da Educação
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