Bruno Boaventura.
As aulas nas salas pararão, mas as aulas práticas de cidadania se iniciarão, é a greve de toda a rede pública de Mato Grosso que começará no próximo dia 6.
Não se trata de crianças sem aula, não se trata de atrapalhar a rotina de ninguém. Não culpem os profissionais da Educação pela greve, pela falta de giz, pelo buraco no teto, pela cadeira estrambelhada, pela merenda azeda, pela droga na escola, pela ...???
A greve é para fazer valer a máxima, de que a Educação pública de qualidade, de que o nosso país necessita, somos nós, é uma luta de todos nós. Diria a sua antiga professora de português, aquela que ensinou a conjugar: “é nós, primeira pessoa do plural. Os sujeitos são: eu, professora e você, cidadão, juntos conjugando o verbo luta não no futuro mais que perfeito, mas sim no tempo presente.”
A prioridade da Educação é a retórica tão comum nos discursos políticos e institucionais, mas quem realmente apoia? Aonde estão os planejadores públicos que comprovam a priorização da Educação? O professor de História já dizia em suas aulas polêmicas: “não se esqueçam, Dom Pedro I já prometia e não cumpria. Aos escravos só restava o sofrimento da senzala.”
São os números que apontam, e desta vez não enganam, que este discurso é esvaziado na prática institucional em todas as esferas. É simples, tudo era cartesianamente simples para a professora de matemática: “Se 25% dos valores que o Estado arrecada não são aplicados na Educação como deveria, é lógico concluir que 35% então nem se fala.”
O respeito que todos temos pelo professor, pela merendeira, pelo vigilante, por todos os profissionais que fazem a Educação não pode ser uma retórica nem política e nem de saudosismo puro. Tem que ser realidade e tem que ser agora.
É a greve, este meio assegurado pela Constituição Federal, que fará novamente retumbar aos ouvidos moucos de que a prioridade social que necessitamos é a Educação. Posso afirmar não há ilegalidade, e não haverá corte de pontos.
O tecnicismo burocrático como sempre falará em “ausência de disponibilidade financeira”, mas se falta dinheiro para a prioridade que é a Educação como então sobra para erguer um gigante elefante verde chamado Arena Pantanal, ou para pagar pensões de ex-governadores.
Evidentemente existe um transtorno na vida das famílias das crianças que ficarão sem escola. Mesmo sem culpa, estas famílias têm a responsabilidade de fazer entender à sociedade de que não são os grevistas os culpados, a culpa é dos CORRUPTOS.
O professor que luta por um piso salarial mínimo de R$ 1.312,00 não é o corruptor desta história. Não é a merendeira que desfaz a educação como prioridade de vida. Tão pouco é o vigilante, o assoberbado de privilégios.
O cidadão que lê este texto e não é professor, não é o corrupto, não é o pai da criança da escola pública, e acredita que nada tem a ver com esta história fica a lição do professor de literatura: “A moral desta história é para apreendermos a sermos cidadãos. Se você paga impostos, mas nada é feito, é porque alguém está roubando, ou você não faz nada ou vai a luta.”
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