terça-feira, 30 de agosto de 2011

O seu ponto de vista deve refletir a sua realidade


Olga Lustosa

    A pessoa crítica é capaz de entender a realidade a que está submetida.O pensamento critico é um processo consciente, reflexivo e cuidadoso que pode ser aplicado em todo pensamento ou argumento, para tirar melhores conclusões através da análise do próprio raciocínio. É significativamente benéfico buscar diferentes ângulos ao se analisar determinado assunto.

    Ao assistir um noticiário, por exemplo, escolha um fato que merece ser aprofundado, examine-o, sem preconceitos, situe o fato e a informação que acabou de ouvir dentro de um contexto que lhe pareça familiar, aceite ou rejeite a sua fonte e tire suas conclusões baseado na sua experiência, nos seus julgamentos e nas suas crenças. A verdade, não é una, mas múltipla. Aja conforme a sua consciência e cesse de se pôr no ponto de vista dos outros.
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As criticas não podem ser apenas idealistas, devem
ter a capacidade de exteriorizar as justificativas
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    John Dewey, filosofo e pedagogo americano, ensina que o pensamento reflexivo é o estudo mais aprofundado do próprio conhecimento. Para Dewey a escola deveria ensinar desde muito cedo ajudar os alunos a aprender como pensar, em vez de simplesmente aprender lições. Na opinião de Dewey, as crianças devem ser habituadas a refletir, ponderar para tornar adultos que podem fazer julgamentos pertinentes sobre os problemas da vida humana.

    Para reforçar a autonomia do homem, é preciso melhorar seu raciocínio, estruturar melhor seu pensamento, impor exigências intelectuais para facultar a interpretação e avaliação dos acontecimentos e só então, decidir em que acreditar e no que fazer. Toda a linha de estudo do desenvolvimento de um pensamento mais crítico concentra-se em desenvolver a habilidade de interpretar, analisar e avaliar as informações recebidas e também como essas habilidades podem ser inseridas nos fatos da vida real. Dewey confirma o pensamento reflexivo como conhecimento cuidadoso dos fundamentos que sustentam nossas conclusões. É bom que em nossas conclusões aja sempre uma tensão não resolvida, críticas ao nosso conhecimento, ao nosso conteúdo e nossa essência.

    As versões para um mesmo fato são surpreendentes, porque as pessoas adicionam ingredientes muito particulares nas notícias, porém exercitar o pensamento crítico é um pouco mais que isso, é dosar as impressões pessoais com pensamento diferente, é informar-se, montar um verdadeiro processo na mente, é questionar-se continuamente com a intenção de entender o que se ouve e vê.

   Preocupa a metodologia ineficiente dos setores da educação , que tem falhado sistematicamente ao ensinar os alunos sem cobrar dos mesmos o mínimo de discernimento e pensamento crítico ao abordar temas simples, fatos cotidianos. Muitas pessoas não conseguem sequer apontar conclusões razoáveis diante de evidencias.

   Nem toda propaganda é enganosa, muitas são, mas as facilidades proporcionalmente encantam, nem todo jornal encoraja seus leitores a questionar as informações, a refletir sobre o alcance social das atividades reportadas. Ler de olhos abertos transforma virgula em frases completas. A notícia dada timidamente pode estar escondendo um fundo sombrio, a revista lida apressadamente não detecta as crises nos governos.

Pensar por si mesmo é avaliar os riscos, a demanda, a necessidade, a contextualização, pensar sem deixar-se influenciar deliberadamente pelas mentes fortes e brilhantes, mas que não refletem a sua realidade.

   O pensamento crítico e reflexivo são processos ativos, que exploram diferentes razões, considerando suas implicações e potenciais, influenciados pelas atitudes do indivíduo. As criticas não podem ser apenas idealistas, devem ter a capacidade de exteriorizar as justificativas.

   A prática de boas leituras amplia o entendimento das coisas, traz exemplos que se aplicam ao dia-a-dia, abre as portas de um mundo inexplorado de riqueza e liberdade. Ao ouvir, assimile, reflita, inverta os papéis. O que te dizem expressa o que o outro viu, adiciona aí, seu ponto de vista, questiona o que te parece formulado para fraudar. Não se deixe enganar pelas informações.

  Devemos manter a consciência crítica, senso de discernimento e até certo , aborrecimento frente a qualquer simplificação da realidade. “Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos reflexivos e comprometidos podem mudar o mundo”, trecho de pensamento da antropóloga americana Margaret Mead.

   Olga Borges Lustosa é cerimonialista pública e acadêmica de Ciências Sociais pela UFMT e escreve exclusivamente neste blog toda terça - olga@terra.com.br 

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