Sonho de cursar universidade pública está mais amplo
LUIZ RICARDO ARRUDA DE ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Passei na USP!" Quantas vezes ouvimos candidatos eufóricos, após um longo e trabalhoso ano de estudos, dizerem com extremo orgulho que foram aprovados na Universidade de São Paulo. Orgulho que permanece, mas que hoje já não é o fator decisivo para efetuar a matrícula.
Um em quatro aprovados desiste da USP
A criação de novas universidades públicas, federais, estaduais, em diversas regiões do país, tem apresentado novas possibilidades aos vestibulandos. Em alguns casos, mesmo sendo aprovados na USP, mais concorrida, acabam optando por outras instituições. Podemos enumerar muitas razões para essa nova realidade, mas que sempre giram em torno dos anseios profissionais e pessoais.
Pelo lado profissional, o candidato pode optar por universidades mais ou menos conservadoras, com peculiaridades como, por exemplo, a orientação científica da instituição ou sua ênfase em determinadas especialidades da mesma carreira, mais autonomia para escolher disciplinas, entre outras situações.
Quanto às razões pessoais, que são as preponderantes, pode-se identificar a proximidade do local no qual o estudante reside ou o interesse em morar longe de casa; questões financeiras, que o incentivam cursar onde o custo de vida seja menor que na capital paulista; comodismo ou medo de enfrentar a realidade de grandes universidades; o conservadorismo de algumas famílias, que preferem ter os filhos por perto e interferem na opção.
Aliás, a pressão familiar é algo realmente relevante: há alunos que optam por carreiras consideradas de maior prestígio, como medicina e direito, e passam no vestibular mais para mostrar aos pais que são capazes do que por vocação. Contudo, depois de algum tempo, acabam trocando de carreira e, consequentemente, de universidade.
O fato é que essa nova realidade não altera em nada a qualidade da USP, até porque a diferença entre o candidato que passou em primeira chamada e as demais chamadas é mínima. O nível de conhecimento dos estudantes permanece alto, mas, para eles, o sonho de cursar uma universidade pública se tornou mais amplo.
Luiz Ricardo Arruda de Andrade é coordenador geral do Anglo Vestibulares
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