Campinas pode proibir trote com corte de cabelo e pintura em calouros
G1
Projeto de lei aprovado pela Câmara de Campinas nesta segunda-feira (14) prevê a proibição do trote em vias públicas nos calouros de universidades e escolas de ensino técnico da cidade. De acordo com o projeto, entende-se por trote atividades como corte de cabelo, pintura, "pedágio" nos semáforos, obrigatoriedade de ingerir bebida alcóolica, além de ações caracterizadas por violência física, moral ou de caráter vexatório. Para entrar em vigor, o projeto ainda precisa ser sancionado pelo prefeito.
A proibição não se aplica ao "trote solidário" que prevê atividades de preservação ao meio ambiente ou tenham objeto de beneficiar entidades assistenciais, hospitais, clínicas, asilos entre outros.
O projeto estipula multa de cerca de R$ 2,2 mil aos infratores, e caberá à Prefeitura atribuir quais órgãos seriam responsáveis pela fiscalização.
Autor do projeto, o vereador Valdir Terrazan (PSDB), disse que a tradição do trote foi deturpada ao longo dos anos. Uma das maiores preocupações de Terrazan é com as "brincadeiras" entre calouros e veteranos no trânsito, geralmente regadas à bebida alcóolica. "Já tivemos um caso de troca de ofensas, onde um carro foi chutado. Também temos informação de que garotas tinham de mostrar os seios para os motoristas, no centro de Campinas, em troca de moedas."
Terrazan não considera a proibição do trote radical e reitera que, caso seja aprovada pelo Executivo, a lei só será válida em vias públicas. "O corte de cabelo e a pintura podem ser feitos dentro dos campi de forma ordeira, caso as universidades permitam. Agora quando isto chega nos semáforos vira baderna e expõem os alunos." Para o vereador, com criatividade, os estudantes vão conseguir encontrar novas formas recepcionar os calouros.
Limite
Leandro Medrano, coordenador do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também não considera a proibição do trote, embasada por lei, uma medida radical. "Há casos horríveis, o Brasil exagera na maneira de comemorar. É muito difícil o limite entre brincadeira e humilhação. Uma hora o calouro é pintado, em seguida é obrigado a fazer uma flexão e outras coisas."
Segundo Medrano, a Unicamp aplica o 'trote da cidadania" desde 1998, mas foi a partir de 2003 que se tornou frequente. Recepção com shows, distribuição de pipoca, algodão doce, camiseta e brindes fazem parte do evento que ocorre nas datas das matrículas das duas primeiras chamadas do vestibular e no dia em que os "bixos" fazem a confirmação.
Vontade do "bixo"
O Diretório Central do Estudantes (DCE) da Unicamp e o Diretório Acadêmico Samuel Pessoa, do curso de medicina da PUC-Campinas, consideram que práticas como pintura e corte de cabelo fazem parte da comemoração da aprovação do estudante e acaba sendo uma exigência do próprio ingressante.
"É comum ver a própria família ajudando a cortar o cabelo, pintando ou dando ovadas no estudante. Principalmente em medicina, que geralmente o aluno estuda muitos anos para entrar, ele quer comemorar o máximo que pode. É um momento único na vida", afirma Bruno Fernando de Oliveira Buzo, de 19 anos, estudante do 3º ano de medicina na PUC-Campinas e presidente do diretório acadêmico. Para Buzo, caso o projeto vire lei, será necessário dosar sua aplicação. "Impedir uma comemoração seria uma pena."
André Guerrero, de 25 anos, estudante de química e representante do DCE da Unicamp, disse que evidentemente tanto o DCE, como grande maioria dos estudantes, é contra qualquer tipo de abuso ou humilhação durante os trotes. "No entanto, a lei coíbe também atividades realizadas com o consentimento dos calouros e que podem trazer elementos de integração positivos."
Sobre as pinturas e cortes de cabelo, Guerrero diz que é bastante comum ouvir os calouros dizerem que gostam das atividades. "Eles realmente encaram a situação como um rito de passagem, alguns inclusive ficam um pouco frustrados quando as atividades são coibidas."
A proibição não se aplica ao "trote solidário" que prevê atividades de preservação ao meio ambiente ou tenham objeto de beneficiar entidades assistenciais, hospitais, clínicas, asilos entre outros.
O projeto estipula multa de cerca de R$ 2,2 mil aos infratores, e caberá à Prefeitura atribuir quais órgãos seriam responsáveis pela fiscalização.
Autor do projeto, o vereador Valdir Terrazan (PSDB), disse que a tradição do trote foi deturpada ao longo dos anos. Uma das maiores preocupações de Terrazan é com as "brincadeiras" entre calouros e veteranos no trânsito, geralmente regadas à bebida alcóolica. "Já tivemos um caso de troca de ofensas, onde um carro foi chutado. Também temos informação de que garotas tinham de mostrar os seios para os motoristas, no centro de Campinas, em troca de moedas."
Terrazan não considera a proibição do trote radical e reitera que, caso seja aprovada pelo Executivo, a lei só será válida em vias públicas. "O corte de cabelo e a pintura podem ser feitos dentro dos campi de forma ordeira, caso as universidades permitam. Agora quando isto chega nos semáforos vira baderna e expõem os alunos." Para o vereador, com criatividade, os estudantes vão conseguir encontrar novas formas recepcionar os calouros.
Limite
Leandro Medrano, coordenador do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também não considera a proibição do trote, embasada por lei, uma medida radical. "Há casos horríveis, o Brasil exagera na maneira de comemorar. É muito difícil o limite entre brincadeira e humilhação. Uma hora o calouro é pintado, em seguida é obrigado a fazer uma flexão e outras coisas."
Segundo Medrano, a Unicamp aplica o 'trote da cidadania" desde 1998, mas foi a partir de 2003 que se tornou frequente. Recepção com shows, distribuição de pipoca, algodão doce, camiseta e brindes fazem parte do evento que ocorre nas datas das matrículas das duas primeiras chamadas do vestibular e no dia em que os "bixos" fazem a confirmação.
Vontade do "bixo"
O Diretório Central do Estudantes (DCE) da Unicamp e o Diretório Acadêmico Samuel Pessoa, do curso de medicina da PUC-Campinas, consideram que práticas como pintura e corte de cabelo fazem parte da comemoração da aprovação do estudante e acaba sendo uma exigência do próprio ingressante.
"É comum ver a própria família ajudando a cortar o cabelo, pintando ou dando ovadas no estudante. Principalmente em medicina, que geralmente o aluno estuda muitos anos para entrar, ele quer comemorar o máximo que pode. É um momento único na vida", afirma Bruno Fernando de Oliveira Buzo, de 19 anos, estudante do 3º ano de medicina na PUC-Campinas e presidente do diretório acadêmico. Para Buzo, caso o projeto vire lei, será necessário dosar sua aplicação. "Impedir uma comemoração seria uma pena."
André Guerrero, de 25 anos, estudante de química e representante do DCE da Unicamp, disse que evidentemente tanto o DCE, como grande maioria dos estudantes, é contra qualquer tipo de abuso ou humilhação durante os trotes. "No entanto, a lei coíbe também atividades realizadas com o consentimento dos calouros e que podem trazer elementos de integração positivos."
Sobre as pinturas e cortes de cabelo, Guerrero diz que é bastante comum ouvir os calouros dizerem que gostam das atividades. "Eles realmente encaram a situação como um rito de passagem, alguns inclusive ficam um pouco frustrados quando as atividades são coibidas."
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