terça-feira, 5 de março de 2013

A evolução da agricultura


ROMILDO GONÇALVES

A preservação da biodiversidade natural é uma questão de manejo
Há dez mil anos surgiram, em varias partes do mundo, seis centros independentes de pesquisa agrícola, que foram criados para identificar e catalogar espécies vegetais silvestres a fim de domesticação e uso na alimentação humana. A princípio bastante rudimentares, foram se estruturando, desenvolvendo e hoje dominam o mundo na descoberta de novas espécies vegetais, produzindo alimentos sadios e saudáveis para a humanidade.

Com a evolução humana evoluiu-se também a agricultura, passando de agricultura primária para moderna, e hoje extremamente tecnificada. Com o sucesso na seleção de espécies vegetais silvestres, e com a força da engenharia genética a produção de alimentos para seres humanos ganharam novos contornos no mundo. Esta extraordinária iniciativa de técnicos, cientistas e pesquisadores foi e continua sendo um avanço magnifico na melhoria da qualidade de vida e na longevidade dos animais incluso ai racionais e irracionais.

Hoje mais do que nunca estes centros continuam sendo importantíssimos referenciais de pesquisas e evolução tecnológica, cumprindo papel valiosíssimo compreensão, entendimento e aperfeiçoamento na produção e produtividade de novos alimentos. A transgenia é hoje uma realidade fantástica em evolução no mundo, criando novas e produtivas variedades de espécies, sem agredir ou impactar o meio ambiente.

Com geografia perfeita e condições climáticas privilegiadas, solo fértil, luminosidade, variações das intempéries... Estes centros de pesquisas mantinham e mantêm ricas e diversificadas flora e fauna nativa, oportunizando aos cientistas e pesquisadores do mundo inteiro trabalhar em verdadeiros laboratórios naturais a céu aberto! Uma dádiva de Deus, não?

Localizados na China, África/Subsaariana, Mesoamerica, Andes Centro/Sul, Sudoeste da Ásia e Pacifico Sul, estes belos jardins do Éden continuam frutificando. Mas, afinal, o que tinham em comuns esses centros? Alta diversidade biológica natural, topografia apropriada, clima variado e cultura humana apta a explorá-los cultivando comida em vez de coletá-las.

A discussão sobre a agricultura continua avançando, aperfeiçoando e buscando novas variedades de espécies sustentáveis, capazes produzirem mais em menor espaço territorial, indo muito além do que acontece nos limites de uma unidade agrícola tradicional. Novas linhas de pesquisas são desenvolvidas, novas alternativas de viabilidade econômicas são postas em prática, novos modelos de produção e produtividade são literalmente focados sem agressão gratuita ao meio ambiente.

Intrinsicamente esse harmonioso avanço agrícola com o meio ambiente pontua um fomentar a produção e um estimular a preservação, mostrando saídas para a verdadeira sustentabilidade ambiental. Como se vê! Ambas tem interesse na preservação da biodiversidade e na limitação de práticas ambientalmente destrutivas. Embora a primeira lide com sistemas manejados e a segunda com sistemas naturais, a distinção entre os dois campos estão se tornando cada vez mais tênue. Isto se deve aos efeitos profundos da atividade humana sobre os ecossistemas mundiais.

Por isso não é mais possível preservar a biodiversidade natural simplesmente protegendo ecossistemas naturais da influência antrópica. Ou seja, a preservação da biodiversidade natural é uma questão de manejo, tanto quanto o é a produção agrícola.


ROMILDO GONÇALVES é biólogo, mestre em Educação e Meio Ambiente, pesquisador da UFMT e Seduc e perito ambiental em fogo florestal

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