sexta-feira, 8 de março de 2013

'Não é verdade que estudantes brasileiros tenham dificuldade com língua estrangeira', diz Mercadante

Para ministro, candidatos do Ciência sem Fronteiras devem escolher outros países além de Portugal


Estadão.edu, com Agência Brasil
 
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta quinta-feira, 7, em Lisboa, que o governo quer estimular a formação de pesquisadores inscritos no programa Ciência sem Fronteiras (CsF) para que tenham proficiência em idiomas estrangeiros, como inglês, alemão, mandarim e francês.


Gilberto Costa/Agência Brasil
 
'Não há reticências em relação a Portugal', garante ministro do país
 
“Precisamos estimular os jovens a falar mais uma língua, a conhecer e ter competência específica em outras culturas”, disse Mercadante ao sair de reunião com o ministro da Educação e da Ciência de Portugal, Nuno Crato. “Se a gente deixar, vem muita gente para Portugal. Tem que continuar vindo, mas temos que estimular que tenham proficiência em outras línguas.”

Pelo CsF, 9.691 candidatos da graduação que tiraram mais de 600 pontos no Enem poderão escolher outros destinos para fazer parte dos créditos dos seus cursos nas áreas de engenharia, tecnologia e biomedicina nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá, França, Alemanha, Irlanda ou Itália.

Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou na semana passada, para viabilizar a ida dos estudantes brasileiros a países em que não se fala português, o governo não está exigindo o nível de proficiência pedido nos editais anteriores e está oferecendo formação complementar (presencial ou não) em outros idiomas. Já está acessível a versão online do curso Inglês sem Fronteiras, por exemplo. Segundo Mercadante, nos dois primeiros dias de inscrição, 50 mil pessoas matricularam-se para fazer o curso a distância.

O ministro nega que a flexibilização das regras seja para compensar as deficiências de formação em língua estrangeira dos alunos brasileiros. “Não é verdade que os estudantes brasileiros tenham dificuldade extrema com língua estrangeira. Eles não tiveram oportunidade. Os bons alunos pobres estão aparecendo no Enem”, disse.
Embora seja comum em Portugal haver cursos integralmente em inglês (mesmo na graduação), na maioria das universidades portuguesas onde estão inscritos os alunos do CsF não há testes de avaliação para língua estrangeira. Atualmente, Portugal é o destino com maior número de bolsistas do programa.

Paralelamente à orientação do governo federal em estimular estudantes brasileiros para procurar outros países que não Portugal para sua “graduação sanduíche” (modalidade de ensino superior na qual o estudante faz parte dos seus estudos em uma instituição estrangeira), foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo reportagem dizendo que sete de cada dez estudantes brasileiros em Portugal (total de 2.587 bolsistas do CsF) foram para universidades classificadas abaixo das principais universidades brasileiras (segundo ranking SCImago, que classifica locais para estudar na América Latina, Portugal e Espanha).

O ministro da Educação e Ciência de Portugal, Nuno Crato, disse à Agência Brasil que houve “exagero jornalístico” na notícia, que também repercutiu em Portugal. “Tivemos a oportunidade de ouvir o ministro Mercadante e observar que existe por parte do governo brasileiro e dos acadêmicos brasileiros um grande reconhecimento do ensino que é ministrado em Portugal. Não há reticências em relação a Portugal.”

Mercadante disse que Portugal tem oito universidades bem posicionadas nos rankings europeus de classificação e que também há projetos de excelência, como o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia na cidade de Braga (norte de Portugal), onde ele assina nesta sexta-feira, 8, acordo de cooperação para participação de pesquisadores brasileiros no centro. Com as dificuldades orçamentárias de Portugal e da Espanha (parceira no laboratório), o espaço só tem previsão de funcionamento pleno em 2014.
Além de tratar do CsF e do laboratório de nanotecnologia, Mercadante e Crato acertaram fazer uma conferência em junho para fechar outros projetos de cooperação permanente entre os dois países. Até lá, os dois ministros deverão se empenhar para resolver o problema de reconhecimento dos diplomas dos engenheiros portugueses que queiram trabalhar no Brasil.

Nuno Crato estará no Brasil nos dias 18, 19 e 20 de março para tratar do reconhecimento dos títulos dos engenheiros portugueses e também visitará a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio, o Parque de Ciência e Tecnologia de Campinas e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

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