São Carlos, terça-feira, 5 de março de 2013. | Número 27, Junho/Julho/Agosto de 2004 | Artigo |
Ana Maria
Savio Luzia
Aluna de Licenciatura em Ciências Exatas do Instituto de Física de São Carlos - USPe-mail: anamsl@ig.com.br
Aluna de Licenciatura em Ciências Exatas do Instituto de Física de São Carlos - USPe-mail: anamsl@ig.com.br
A nossa era é marcada
por transformações tecnológicas acentuadas, globalização e a proximidade dos
povos frente à Internet.
É através da interdisciplinariedade que alcançaremos um saber mais amplo e menos formatado.
A especialização como
forma de educação é o que a Sociedade pede: insere o aluno num mundo robotizado.
Mas a satisfação com profissionais formados por uma educação mecânica é
temporária. O que buscamos é uma educação abrangente, portanto necessitamos de
interdisciplinariedade, o saber
fragmentado não irá suprir nosso jovem no futuro, é necessário formar indivíduos
críticos, aptos a absorver o excesso de informação, além de manter uma educação
permanente, uma autoformação.
A escola foi criada para atender o desenvolvimento intelectual, mas a cada dia passa a atender os aspectos culturais, emocionais, sociais e morais do individuo. Como sub-sistema da sociedade, o sistema escolar reflete suas características, principalmente as nocivas, como a desigualdade. Assim o professor acumula mais um papel: amenizar as injustiças sociais.
O ambiente da sala de aula não é isolado do mundo, é necessário discutir as desigualdades sociais na escola para que possamos garantir os cidadãos do futuro com a consciência de seus papéis na história.
Ao longo das décadas,
priorizamos o ensino conteúdista e desprezamos o ensino da cultura e da ética.
Hoje, o aluno absorto em tecnologia tem que conhecer também a cultura de sua
região.
Assim, acabamos de enfrentar um debate: a educação brasileira foi discutida em âmbito nacional pela segunda vez (o primeiro debate ocorreu em 1961) e, por meio da Lei n° 9394 (de 20 de Dezembro de 1996), foram traçadas as novas diretrizes e bases da educação brasileira. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, estabelecidos através desta lei, no artigo 26, consta o currículo de base para o ensino infantil, fundamental e médio.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) permite às escolas flexibilidade para alcançar seus objetivos e assim institui-se a Progressão Continuada. Por meio da deliberação de 1997, o Estado de São Paulo passou a adotar no ensino fundamental a Progressão Continuada, dividindo os períodos em ciclos.
Vamos tentar entender são essas mudanças que buscam a formação do novo individuo.
Em que diferem ambos projetos? Os dois visam à melhoria do ensino e uma melhor capacitação do individuo: então, não há diferença? Sim, há diferenças, e são enormes, e a principal delas é a satisfação com o resultado alcançado. A Progressão, já avaliada na prática, contenta-se com que os objetivos sejam apenas indivíduos presos aos bancos escolares e que estes tenham evoluído mecanicamente, absorvido apenas algumas informações, diminuindo precariamente suas deficiências e passando a produzir, pois nesta visão de Sociedade, o individuo é simplesmente um operário.
Os PCN’s tornam-se instrumentos dessa utopia, onde se afirma que a escola é uma instituição onipotente, capaz de decidir os rumos de seus alunos, enquanto manipula sua avaliação.
Não importa qual corrente, em um ponto todos concordam: toda criança é capaz de aprender, desde que lhe seja dada condições. São estas condições que os professores devem promover.
Os professores são condutores de um novo mundo, formado por uma crise de valores, onde modelos arcaicos são rompidos. Até quando seremos preconceituosos e veremos os alunos como estranhos? A distância entre o aluno e professor deve ser rompida, pois eles farão parte de uma nova era e têm novos anseios.
Neste mundo, um grande auxílio são as inovações tecnológicas e a facilidade de obter informação, estas devem ser um instrumento para um novo ensino. É necessário criar um novo método de ensino, uma ruptura, em que os novos fatores venham a enredar e não só adicionar os antigos conceitos. O momento é de Revolução, mudanças que busquem melhorias, detectando assim os problemas. Será, a partir de uma investigação dos anseios de uma Sociedade, a qual o sistema de ensino está submetido, que atenderemos ao futuro.
O maior desafio é a inovação consciente: não se trata de ser reacionário ou ter medo das mudanças, mas não se deve prejudicar o crescimento do intelecto do individuo devido a atitudes inconseqüentes. Mas, por muito tempo, o professor ainda será o responsável por fazer o individuo salivar, ter vontade de aprender, desejo este presente em toda criança e mutilado através dos anos por uma educação deficitária. O professor necessita de uma melhor formação: de que adianta a educação multidisciplinar se o próprio professor tem sua formação fragmentada?
Seja zona urbana ou rural, seja crianças ricas ou pobres, é fundamental que todos tenham direito à mesma educação de qualidade. Só garantindo uma educação universal é que poderemos sonhar com um futuro mais humano.
Todos temos consciência
de que o ensino está errado. Queremos ajuda para saber o que fazer, para
melhorar. Não pretendemos fazer parte do passado, queremos que todas crianças
tenham igual acesso à mesma educação. Não devemos acreditar que podemos escolher
qual ensino será dedicado aos alunos da zona rural ou urbana, de regiões pobres
ou ricas: crianças e jovens merecem chances
iguais. Devemos alterar a formação do professor, pois só ele pode mudar a
educação.
É através da interdisciplinariedade que alcançaremos um saber mais amplo e menos formatado.
A escola foi criada para atender o desenvolvimento intelectual, mas a cada dia passa a atender os aspectos culturais, emocionais, sociais e morais do individuo. Como sub-sistema da sociedade, o sistema escolar reflete suas características, principalmente as nocivas, como a desigualdade. Assim o professor acumula mais um papel: amenizar as injustiças sociais.
O ambiente da sala de aula não é isolado do mundo, é necessário discutir as desigualdades sociais na escola para que possamos garantir os cidadãos do futuro com a consciência de seus papéis na história.
Assim, acabamos de enfrentar um debate: a educação brasileira foi discutida em âmbito nacional pela segunda vez (o primeiro debate ocorreu em 1961) e, por meio da Lei n° 9394 (de 20 de Dezembro de 1996), foram traçadas as novas diretrizes e bases da educação brasileira. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, estabelecidos através desta lei, no artigo 26, consta o currículo de base para o ensino infantil, fundamental e médio.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) permite às escolas flexibilidade para alcançar seus objetivos e assim institui-se a Progressão Continuada. Por meio da deliberação de 1997, o Estado de São Paulo passou a adotar no ensino fundamental a Progressão Continuada, dividindo os períodos em ciclos.
Vamos tentar entender são essas mudanças que buscam a formação do novo individuo.
1. Parâmetros
Curriculares Nacionais
Os Parâmetros Curriculares
Nacionais foram criados em dezembro de 1996, através do Ministério da Educação,
com a intenção de nortear e garantir a formação
básica comum. Buscam unificar os Currículos Escolares para que nenhum
individuo tenha uma educação deficitária.
O Currículo Escolar é um projeto que estabelece
um elo entre os princípios e a prática, incluindo tanto a matéria a ser
ministrada quanto as características da região. Torna-se, assim, um roteiro para
orientação do professor.
Formado por uma base nacional
comum, tanto para o ensino médio quanto para o fundamental, contêm: Língua
Portuguesa, Matemática, Ciências (Química, Física e Biologia), Historia e
Geografia, além do ensino de Artes, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna
e, facultativo, Ensino Religioso.
Mas sua face mais inovadora é à
parte diversificada, que busca atender as
exigências regionais. Estão inclusos os temas transversais para garantir a formação do
cidadão, onde serão tratados assuntos como Orientação Sexual, Meio Ambiente,
Saúde e Ética. A inclusão fica a cargo da escola, que decide o que é mais
conveniente.
A mudança de enfoque quanto aos
conteúdos ministrados em uma disciplina reside no prolongamento de tal conteúdo,
ou seja, abandona-se à postura de confinamento
do ensino pelas paredes da escola, tornando-o uma ferramenta para usufruir e
compreender as informações culturais, sociais e econômicas da sociedade em que o
aluno vive. O ensino passa a ser útil e justificável.
Os conteúdos são assumidos como
portadores de três características distintas: temos, assim, os conteúdos conceituais, os procedimentais e os
atitudinais. Os conteúdos
conceituais são o inicio: é através deles que o aluno entra em contato
com os fatos e princípios. Assim, são
responsáveis por toda construção da aprendizagem, pois são detentores das
informações: são as bases para assimilação e organização dos fatos da realidade.
Inconscientemente, o ser humano guarda e atenta a tudo que vê, mas não entende.
Como uma reação em cadeia, os fatos passam a compreensão.
Seguindo uma linha de posse dos
conteúdos conceituais, o aluno detém os fatos, mas não pode lidar com eles.
Os conteúdos procedimentais visam o saber
fazer, atingindo uma meta através das ações. Ao contrario do que ocorre
na maioria das vezes, é necessária a intervenção do professor, pois este não é um processo individual. Saber
resolver não implica na compreensão do conteúdo, uma aprendizagem mecânica não é
o objetivo da atual educação, mas sim fornecer instrumentos para que o aluno
possa resolver diferentes questões.
Por sua vez, os conteúdos atitudinais estão presentes em
todo conhecimento escolar, estão enredados no dia a dia e proporcionam ao aluno posicionar-se perante o que
apreendem. Detentores dos fatos e de como resolvê-los, é imprescindível que o
aluno tenha uma postura perante eles. É na escola onde se forma grande
parte do indivíduo, por isto a escolha deste conteúdo é complexa: sobre o
estudante, devem ser levados em consideração o lado emocional e o grupo a que
pertence, além das questões serem tratadas de maneira imparcial pelo educador,
formando assim verdadeiros cidadãos.
Talvez a questão mais polêmica
que envolve um Currículo Escolar é quanto a sua finalização. Estará ele
completo? Nada, em tese, pode ser avaliado. Todo projeto necessita da prática,
de tempo para consolidação: um projeto recente ainda não teve seu reflexo. Deste
modo, um Currículo está sempre em
construção. É necessário acompanhar os resultados junto às salas de aula
para melhorá-los sempre e compartilhar as descobertas de um professor com todos
os outros.
Outra grande discussão
pedagógica é a falência de alguns tópicos em todas correntes pedagógicas, sendo
que nenhuma se mostrou totalmente capaz, pois o ser humano é pluralista: o professor sabe que é necessário adaptar-se.
Isso nos remete a questão anterior, que muitos professores não detêm informações
sobre modelos pedagógicos, o que eles sabem é o que convém ou não em uma sala de
aula, que acaba acarretando no pluralismo necessário para aplicar o
projeto.
A experiência é a maior
conselheira. A Psicologia se utiliza dela para respaldar seus projetos, seja
pela História, pela Sociologia ou pela Antropologia. Nenhuma ciência pode ser utilizada isoladamente quando
se trata do ser humano.
A maneira mais correta para trabalhar os conteúdos na
escola é em conjunto, sem distinção, uma relação continua e imparcial.
Uma linha a ser seguida, permeada pela constante atenção do professor, que
auxilia na compreensão, organização, realização e postura perante os fatos. As
três categorias de conteúdos estão presentes, hoje, no sistema escolar
brasileiro, mas a maneira com que são tratadas é deficiente: a aprendizagem
mecânica ainda corroe o ensino, os alunos detêm os fatos, mas não sabem
resolvê-los - teoria desacompanhada da prática - e, assim, tomam posicionamentos
errôneos perante a realidade. O processo de
aprendizagem tem que partir do conhecimento que o aluno tem em sua vivência e,
desta forma, trabalhá-lo.
2.
Avaliação e Progressão Continuada
A Progressão Continuada visa uma nova avaliação, ao
tirar o peso desta, promover qualquer tipo de crescimento ao aluno.
Abandonam-se as palavras aprovação e reprovação e adota-se o termo progressão. A
avaliação é feita por três professores e aprovada ou corrigida pelo Conselho de
Classe. O conteúdo avaliado é composto pela Base Nacional de Currículos, além de
redação e grau de maturidade e desenvolvimento do aluno.
Busca-se contornar com
recuperações a deficiência de alunos insuficientes, alterando a relação
professor-aluno para que tal professor esteja atento às dificuldades de cada
estudante enquanto indivíduo. A autonomia pedagógica de cada escola prevê uma
ampla discussão com alunos, pais e conselhos, escolhendo os caminhos para
resolver seus problemas concretos. É um projeto recente e polêmico,
a maior vitória é a diminuição da evasão escolar.
Considerações.Em que diferem ambos projetos? Os dois visam à melhoria do ensino e uma melhor capacitação do individuo: então, não há diferença? Sim, há diferenças, e são enormes, e a principal delas é a satisfação com o resultado alcançado. A Progressão, já avaliada na prática, contenta-se com que os objetivos sejam apenas indivíduos presos aos bancos escolares e que estes tenham evoluído mecanicamente, absorvido apenas algumas informações, diminuindo precariamente suas deficiências e passando a produzir, pois nesta visão de Sociedade, o individuo é simplesmente um operário.
Os PCN’s tornam-se instrumentos dessa utopia, onde se afirma que a escola é uma instituição onipotente, capaz de decidir os rumos de seus alunos, enquanto manipula sua avaliação.
Não importa qual corrente, em um ponto todos concordam: toda criança é capaz de aprender, desde que lhe seja dada condições. São estas condições que os professores devem promover.
Os professores são condutores de um novo mundo, formado por uma crise de valores, onde modelos arcaicos são rompidos. Até quando seremos preconceituosos e veremos os alunos como estranhos? A distância entre o aluno e professor deve ser rompida, pois eles farão parte de uma nova era e têm novos anseios.
Neste mundo, um grande auxílio são as inovações tecnológicas e a facilidade de obter informação, estas devem ser um instrumento para um novo ensino. É necessário criar um novo método de ensino, uma ruptura, em que os novos fatores venham a enredar e não só adicionar os antigos conceitos. O momento é de Revolução, mudanças que busquem melhorias, detectando assim os problemas. Será, a partir de uma investigação dos anseios de uma Sociedade, a qual o sistema de ensino está submetido, que atenderemos ao futuro.
O maior desafio é a inovação consciente: não se trata de ser reacionário ou ter medo das mudanças, mas não se deve prejudicar o crescimento do intelecto do individuo devido a atitudes inconseqüentes. Mas, por muito tempo, o professor ainda será o responsável por fazer o individuo salivar, ter vontade de aprender, desejo este presente em toda criança e mutilado através dos anos por uma educação deficitária. O professor necessita de uma melhor formação: de que adianta a educação multidisciplinar se o próprio professor tem sua formação fragmentada?
Seja zona urbana ou rural, seja crianças ricas ou pobres, é fundamental que todos tenham direito à mesma educação de qualidade. Só garantindo uma educação universal é que poderemos sonhar com um futuro mais humano.
© Revista Eletrônica de
Ciências - Número 27 - Junho/Julho/Agosto de
2004.
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