quarta-feira, 11 de maio de 2011

Professor da UFMT é acusado de participar de fraudes

Denis Guerra teria manipulado imagens em artigo de professor da Unicamp, Claudio Airoldi; ele nega acusações

UFMT

Campus da UFMT em Cuiabá; professor nega fraudes e diz provar inocência

ISA SOUSA
DA REDAÇÃO

O professor de química Denis Guerra, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), está sendo acusado de envolvimento em um suposto esquema de fraudes em imagens para artigos científicos do professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Claudio Airoldi.

Ao MidiaNews, a Unicamp informou que, no dia 30 de março deste ano, o Instituto de Química (IQ) da instituição instaurou uma Comissão de Sindicância para apurar as possíveis irregularidades. Os artigos foram publicados no período de 2008 a 2010, em oito periódicos diferentes.

A abertura da sindicância só foi possível por que a editora Elsevier, que trabalha especificamente com revistas científicas, notou que ressonâncias magnéticas contidas nos artigos, assinados por Airoldi e outros professores, apresentavam vestígios de que teriam sido manipuladas.

Além desta sindicância, que segue a legislação regida pelo funcionalismo público da Unicamp, a comissão recomendou à instituição paulista que um processo administrativo disciplinar contra Airoldi também seja aberto.

Este processo administrativo será conduzido por uma Comissão Processante, a quem caberá indicar a punição ou não do acusado. Em caso de punição, a pena pode variar entre advertência, suspensão ou demissão. O processo deve levar entre 30 e 60 dias para ser concluído.

À UFMT, a Unicamp encaminhará o relatório da Comissão de Sindicância, devido a participação do professor Guerra nos fatos.

Comissão de Apuração

Em Mato Grosso, a UFMT, através do vice-reitor Francisco José Dutra Souto, informou ao MidiaNews que abriu uma Comissão de Apuração para verificar a participação do docente Denis Guerra.

Conforme o vice-reitor, é a primeira vez que ocorre um caso dessa natureza na UFMT, mas que, devido ao número crescente de pesquisadores na última década, já era previsível que fatos dessa natureza pudessem ocorrer.

Ainda segundo Francisco José, dados da Associação Mundial de Revistas Científicas estimam que 15% das publicações atualmente contêm plágios ou fraudes.

"Estamos coletando material e ouvindo professores. A fraude pode não ser de conhecimento da maioria das pessoas, mas a literatura científica aumentou muito e, tanto a academia como os cientistas devem estar preparados para serem submetidos a mecanismos de apuração e punição", disse.

Segundo o vice-reitor, ainda não há previsão para o término das investigações. Ele reiterou que é preciso cuidado para apuração dos fatos, já que os professores envolvidos têm alegado inocência.

"É uma situação extremamente delicada e, de certa forma, constrangedora. Queremos ter a segurança absoluta para a conclusão final e estamos ouvindo especialistas e aguardando que a Unicamp também nos comunique sobre todos os procedimentos que ela está realizando", completou.

De acordo com a Unicamp e a UFMT, durante os processos, os professores terão direito a ampla defesa e ao contraditório, podendo acompanhar pessoalmente ou por meio de advogado todas as diligências requeridas pela Comissão.

Outro lado

Ao MidiaNews, o professor Denis Guerra afirmou que não houve fraudes nos artigos científicos do professor Claudio Airoldi, que tem mais de 40 anos de vida acadêmica e sempre agiu com seriedade e precisa de respeito.

"A Central Analítica que a Unicamp possui muitos recursos, que praticamente impossibilitam fraudes. Essa questão de fraude é antiga, de determinados grupos querendo se sobrepor à outros e nunca havia sido vítima disso. Tanto eu como Airoldi somos à favor das sindicâncias nas duas universidades e estou disponível sempre que chamado", disse.

Segundo Guerra, Airoldi foi seu supervisor no Pós-Doutorado, realizado na Unicamp, e não é do perfil de nenhum dos dois entrar em disputas acadêmicas.

"Estamos lutando para provar nossa inocência no caso, estamos com provas, que estão sendo analisadas. Todos os artifícios que pudermos usar para provar que não fraudamos os artigos estão sendo buscados", completou.

Caso provada a inocência de ambos, o professor afirmou que ainda não conversou com seus advogados sobre um possível pedido de indenização por danos morais.

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