segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Conhecer as desigualdades educacionais é fundamental para combatê-las

Para representante do Unicef, é preciso levantar dados sobre quem está fora da escola Alexandre Ondir/TPE

Da Redação do Todos Pela Educação, em Brasília

“O caminho para diminuir as desigualdades passa, necessariamente, pelo conhecimento detalhado sobre quem são as crianças excluídas do processo educacional”, afirmou a representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Marie-Pierre Poirier, durante a sessão “Equidade e inclusão”, do Congresso Internacional “Educação: uma Agenda Urgente”, realizada na última quinta-feira (15).

Veja como foi o Congresso Internacional "Educação: uma Agenda Urgente"

Para ela, esse é o primeiro passo para a construção de políticas públicas voltadas para a equidade na Educação. “Em um primeiro momento, é essencial saber quantas crianças e jovens estão dentro das escolas, mas mais importante é saber quem está fora e o porquê”, disse. “Alguns nunca entraram, outros abandonaram. Precisamos saber os motivos disso e também identificar os alunos com risco de abandonar.”

Esse tipo de informação tem importância estratégica, pois pode servir para subsidiar políticas de monitoramento e apoio às escolas e alunos com maiores dificuldades, afirmaram especialistas. “Vivemos em um País em que não podemos fazer políticas de afirmação porque não sabemos quantas crianças estão de fato excluídas. É preciso trabalhar os dados na perspectiva da inclusão”, concordou Maria de Salete Silva, oficial de Educação do Unicef.

Segundo Ana Lucia Sabóia, chefe da Divisão de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e membro do Comitê Técnico do Observatório da Equidade do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o IBGE tem uma função central no detalhamento da situação dos alunos brasileiros. “As evidências empíricas dos dados do instituto nos mostram essas questões. O IBGE está pronto para contribuir com diagnósticos cada vez mais refinados”, afirmou.

Respeito às diferenças
Para a integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE) Rita Potiguara, é importante que os desafios de inclusão e equidade nas políticas públicas educacionais sejam destacados. “Como equacionar igualdade e diferença? Diferença não é sinônimo de desigualdade. Por isso, incluir os diferentes não pode significar apagar as distinções culturais e étnicas. Precisamos respeitar as diferenças particulares, promovendo a verdadeira inclusão”, disse.

“As pessoas, como cidadãs, têm necessidades comuns a todos, mas em suas individualidades têm necessidades diferentes. É preciso equilibrar o que é comum, como os espaços escolares e o currículo, com o que é diverso, como as necessidades de cada um”, opinou Ivana de Siqueira, diretora da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) no Brasil. “Não podemos potencializar a diferenciação para promover a exclusão, é preciso equilíbrio.”

Troca de experiências
De acordo com Rodrigo Mendes, fundador do Instituto Rodrigo Mendes, é preciso compreender a situação da Educação no Brasil para tentar buscar soluções. Para ele, esse processo poderia ser mais fácil se houvesse mais visibilidade para as boas práticas educacionais. “Não podemos perder a oportunidade de aprender com o que está dando certo. A boa prática é uma ferramenta fundamental para desconstruir argumentos que se prendem ao que era a Educação tempos atrás”, disse.

Para Marie-Pierre, a troca de experiências deve incluir atores de diversos segmentos da sociedade: “É preciso ter uma abordagem intersetorial e extrapolar o espaço de discussão. Para enfrentar a questão da desigualdade, precisamos mobilizar muito mais que o setor de Educação. É preciso uma ampla participação da sociedade”.

Sobre o Congresso
O movimento Todos Pela Educação, em parceria com instituições nacionais e internacionais, promoveu, de 13 a 16 de setembro, o Congresso Internacional “Educação: uma Agenda Urgente”.

O encontro abordou diferentes temas fundamentais para acelerar a melhoria do aprendizado dos alunos e da Educação Básica no País, como: carreira docente, formação inicial do professor, regime de colaboração entre os entes federados, uso das avaliações nas práticas de sala de aula e na gestão educacional, definição das expectativas de aprendizagem, Educação integral, equidade e inclusão, e justiça pela qualidade da Educação. No último dia, em uma sessão especial, o evento congregou movimentos de 13 países da América Latina que, assim como o Todos Pela Educação, se articulam para melhorar a Educação em seus países.

O Congresso Internacional “Educação: uma Agenda Urgente” contou com o apoio institucional do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife); com o patrocínio do BID, Fundação Educar DPaschoal, Fundação Itaú Social, Instituto Gerdau, do Itaú BBA e do Instituto Natura; e com o apoio da Agência Tudo, Canal Futura, CNE, Confederação Nacional da Indústria (CNI) e DM9DDB.

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