segunda-feira, 17 de outubro de 2011

"Temos de repensar as relações da comunidade com a escola"

Para representante da Unesco, só assim é possível garantir Educação integral Alexandre Ondir/TPE

Da Redação do Todos Pela Educação, em Brasília

A Educação integral tem que significar mais do que aumento da jornada escolar, declararam educadores, gestores e pesquisadores que participaram da sessão “Ampliação da jornada na perspectiva da Educação integral”, realizada na última quinta-feira (15), no Congresso Internacional “Educação: uma Agenda Urgente”.

Veja como foi o Congresso Internacional "Educação: uma Agenda Urgente"

“É preciso mais do que ampliar a presença dos alunos no ambiente escolar. Precisamos repensar a configuração da escola, em particular a relação da comunidade com ela”, afirmou Vincent Defourny, representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.

“A escola de Educação integral não pode ser um ‘clube’. Ela precisa ter uma função social definida. Não é impossível ampliar o tempo, mas é preciso pensar como isso será feito”, disse a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Yvelise Arco-Verde. De acordo com ela, a questão pedagógica também é crucial nessa mudança: “É preciso pensar o que será feito com esse tempo maior. Queremos mais tempo para quê? A escola tem novas demandas hoje, mas ainda tem o mesmo tempo do passado.”

Mudança no currículo
A importância de uma reforma curricular, que seja estruturada a partir da nova quantidade de horas disponíveis, também foi lembrada pelos debatedores. “O turno deve ser contínuo e organizado de maneira que todas as áreas estejam voltadas para a inserção das crianças no mundo”, disse Jaqueline Moll, da diretoria de concepções e orientações curriculares para a Educação Básica do Ministério da Educação (MEC).

Para ela, a Educação integral deve ser trabalhada numa perspectiva não só de melhoria do desempenho acadêmico dos estudantes, mas, principalmente, como um projeto de promoção social. “A escola deve ter uma política emancipatória”, afirmou.

Tempo
Outra questão apontada foi a distância entre o tempo oficial e o tempo realmente utilizado para a aprendizagem do aluno em sala de aula. O palestrante internacional Sérgio Martinic, professor da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica do Chile, afirmou que existem diversos fatores que diminuem o tempo efetivo da jornada escolar e que são difíceis de lidar, como feriados, problemas climáticos, greves, licenças médicas, entre outros.

“Vemos que, mesmo dentro da sala de aula, também ocorrem perdas, como, por exemplo, com a manutenção da disciplina dos alunos e organização das classes. O tempo realmente dedicado ao aprendizado é muito pequeno. Há muito tempo para ser recuperado”, disse.

Intersetorialidade
Além de repensar a organização das unidades escolares e o currículo escolar, é fundamental que a sociedade tenha consciência de que a Educação integral deve ser fruto da ação de diversas áreas. “Educação integral não é assunto somente do Ministério da Educação e das secretarias. É assunto também da assistência social, do desenvolvimento social, da saúde, da cultura, do esporte, da segurança publica etc.”, afirmou Isabel Santana, gerente da Fundação Itaú Social. “Nosso grande desafio é justamente pensar a perspectiva da jornada integral como um arranjo intersetorial em favor do desenvolvimento pleno das crianças.”

Sobre o Congresso
O movimento Todos Pela Educação, em parceria com instituições nacionais e internacionais, promoveu, de 13 a 16 de setembro, o Congresso Internacional “Educação: uma Agenda Urgente”.

O encontro abordou diferentes temas fundamentais para acelerar a melhoria do aprendizado dos alunos e da Educação Básica no País, como: carreira docente, formação inicial do professor, regime de colaboração entre os entes federados, uso das avaliações nas práticas de sala de aula e na gestão educacional, definição das expectativas de aprendizagem, Educação integral, equidade e inclusão, e justiça pela qualidade da Educação. No último dia, em uma sessão especial, o evento congregou movimentos de 13 países da América Latina que, assim como o Todos Pela Educação, se articulam para melhorar a Educação em seus países.

O Congresso Internacional “Educação: uma Agenda Urgente” contou com o apoio institucional do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife); com o patrocínio do BID, Fundação Educar DPaschoal, Fundação Itaú Social, Instituto Gerdau, do Itaú BBA e do Instituto Natura; e com o apoio da Agência Tudo, Canal Futura, CNE, Confederação Nacional da Indústria (CNI) e DM9DDB.

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