Pesquisadores de diversos campos e tendências têm constatado, ao longo dos últimos 40 ou 50 anos, que a escola tem cada vez menos influência na formação das novas gerações.
Essa situação decorre, basicamente, do crescimento dos meios de comunicação, a partir da divulgação massiva da televisão, tendência aprofundada hoje pela internet. Por esses dois canais, principalmente, uma multiplicidade de informações de sentidos opostos – valores positivos e negativos, situações sublimes e escabrosas – circula vertiginosamente.
Com essas mudanças, “a escola deixou de ser o único lugar de legitimação do saber, pois existe uma multiplicidade de saberes que circulam por outros canais e não pedem autorização à escola para se expandir socialmente. Essa diversificação e difusão do saber por fora da escola é um dos desafios mais fortes que o mundo da comunicação coloca ao sistema educativo” ¹.
Qual o papel da escola?
Existe um campo de reflexão pedagógica que se ocupa dessa questão: é a mídia educação, ou ainda educomunicação, educação para a comunicação ou educação pela comunicação. A enumeração dos nomes possíveis indica que é um campo em construção, aberto à experimentação e à criação. Propõe, em primeiro lugar, assumir que a relação da escola com o seu público nunca mais voltará a ser o que era, simplesmente porque as crianças e adolescentes mudaram pelo contato com os meios de comunicação. Em segundo lugar, propõe uma atitude desafiadora, integrando a escola ao mundo da comunicação; em lugar de negar a realidade, mergulhar nela…
A produção do jornal é uma estratégia nesse sentido. Ao publicar a criança entende espontaneamente que está participando do mundo da comunicação (sabe que outras pessoas vão ler o que escreveu). Cria-se, portanto, uma situação ideal – a experiência vivida – para o professor/a iniciar um processo ensino-aprendizagem sobre a responsabilidade de fazer comunicação, o pensamento sobre o outro que isso envolve, a necessidade de praticar o discernimento ético e moral ao escolher tal ou qual conteúdo, tal ou qual abordagem. Uma criança guiada adequadamente nesse momento tem condições de desenvolver sua autonomia perante o fluxo da comunicação, de ser um receptor crítico.
Em que medida, você professor, você professora, tem pensado em levar o mundo da comunicação para a sua sala de aula?
(¹) Jesus Martin Barbero, Jóvenes: comunicación e identidad. Revista digital de Cultura de la OEI.
Número 0 – fevereiro 2002 (em: www.oei.es/pensariberoamerica/ricOOaOO.htm).
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